Almeida Santos preserva solar em Lagoaça

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Ter, 16/03/2010 - 15:16


Os solares imponentes e as casas brasonadas remontam aos tempos dos grandes senhores feudais. Envolta em paisagens bucólicas sobre o Douro Internacional, Lagoaça, no concelho de Freixo de Espada à Cinta, assume-se como uma freguesia grandiosa, que contraria o fenómeno de abandono que assola grande parte das aldeias da região.

Com cerca de 700 habitantes, Lagoaça ainda preserva o posto médico e os CTT, serviços essenciais para a população idosa. “São grandes benefícios para as pessoas, visto que evitam deslocações”, enaltece o presidente da Junta de Freguesia de Lagoaça (JFL), Carlos Novais.
O autarca realça que esta é uma das maiores aldeias do concelho de Freixo, tanto em área como em número de habitantes. Apesar da saída de alguns jovens, Carlos Novais salienta que tem havido juventude a radicar-se na freguesia. “Criam o seu próprio negócio ou apostam na agricultura”, acrescenta o responsável.
Lagoaça é uma freguesia tipicamente rural, onde a produção de azeitona e amêndoa assume especial importância. Já nos terrenos acidentados nas encostas do rio Douro vislumbram pomares de laranjeiras, que sobressaem por entre o verde da paisagem.
“Apesar de, na maioria dos casos, se tratar de agricultura de subsistência, também temos alguns agricultores empreendedores, que apostam, sobretudo, na produção de azeitona e amêndoa”, frisa o autarca.
Rica em património edificado, esta aldeia foi, em tempos, pertença de meia dúzia de famílias abastadas e verdadeiras latifundiárias. “As pessoas, posteriormente, é que foram adquirindo pedaços de terra, porque antes isto era só de famílias ricas e poderosas”, conta Carlos Novais.
O solar do presidente do PS, Almeida Santos, é um dos majestosos edifícios que remontam a esses tempos. O socialista tem ligações familiares a esta terra do Nordeste Transmontano, onde preserva a casa herdada pela mulher.

Lagoaça quer aproveitar potencialidades turísticas com a criação de um posto de apoio a autocaravanas

A igreja matriz, de estilo românico, que remonta ao século XVI, bem como as capelas de Santo António, com um relógio de sol na fachada, de Santa Marta e do Senhor de Santa Cruz são sinónimo da fé do povo de Lagoaça. “ A Santa Marta está num cabeço. São sete irmãs e vêem-se todas umas às outras. Há muitos anos atrás a capela ruiu e queriam fazê-la noutro lugar. Foram lá duas juntas de bois para mudarem as pedras do altar, mas não as conseguiram mover. Além disso, ali é terra de pinhos e no altar saíram dois olmos”, conta Maria de Lurdes, uma habitante de 71 anos.
Na memória das pessoas estão, ainda, os tempos em que a Linha do Sabor dava movimento à aldeia, que assistia à partida e à chegada do comboio carregado de pessoas e mercadorias, numa verdadeira roda-viva. Agora resta, apenas, a antiga estação, que foi transformada numa unidade de alojamento e restaurante.
Quem passa pela freguesia também não pode deixar de visitar os miradouros sobre a serra de Lagoaça e o Douro Internacional, as pinturas rupestres e o cais junto ao rio, de onde se vislumbram paisagens únicas. É o caso do miradouro da Cruzinha, com Mieza (Espanha) à espreita na outra margem do Douro.
Aliás, a aposta no turismo é um dos projectos da JFL. “Há muitas pessoas que nos visitam em auto-caravanas. Por isso, pretendemos criar um posto de apoio, para que as pessoas possam ficar mais tempo em Lagoaça”, realça Carlos Novais.
A autarquia quer, ainda, desbloquear o lar de idosos, cuja construção teve início há mais de 20 anos. “O edifício está pronto, mas a construção não está conforme para funcionar como um lar”, lamenta Carlos Novais.
O aproveitamento dos recursos hídricos, para combate a incêndios e para rega, bem como a construção de equipamentos culturais e de lazer são, igualmente, projectos que o executivo pretende levar a cabo.