Ter, 04/03/2008 - 10:30
Terra de profundos contrastes, o Vale da Vilariça insurge-se como um leito, onde o amarelo e o perfume inebriantes das mimosas em flor se misturam com o verde reluzente das laranjeiras e das oliveiras.
Com o vale aos seus pés, Santa Comba da Vilariça, a 14 quilómetros de Vila Flor, beneficia daquilo que de melhor se produz da região, bem como das paisagens únicas e património histórico. Situada na margem direita da ribeira da Vilariça, a origem da freguesia, que antigamente se chamava Santa Comba dos Frades, devido à sua tradição religiosa, remonta ao período medieval, conforme documentos que comprovam a sua existência já no século XIII.
Ao longo das suas ruas e ruelas típicas surgem belas casas de pedra que acolheram, em tempos, famílias ricas, como a Casa dos Ochoas ou da Renda, ou o solar das Senhoras de Sendim.
Santa Comba da Vilariça é, também, conhecida pela sua igreja matriz, recentemente recuperada, e pelas capelas de São Jorge, a 1,5 quilómetros da aldeia, de São Sebastião, no Monte do Calvário, e a de Santo António. Os cruzeiros medievais espalhados pela freguesia são outro dos motivos para uma visita mais demorada.
Recorde-se que Santa Comba da Vilariça já esteve anexada a Alfândega da Fé, retornando, definitivamente, ao concelho de Vila Flor, em 1841. A aldeia integrava, antigamente, uma abadia que pertencia ao Mosteiro de Bouro, da Ordem de São Bernardo, e anexava as igrejas de Benlhevai, Macedinho, Trindade, Valbom, Vilar de Baixo, Vilarelhos, Santa Justa, Nozelos, Ridevides e Eucísia.
Santa Comba da Vilariça ainda não padece do problema da desertificação
Ao contrário de outras freguesias do Nordeste Transmontano, Santa Comba da Vilariça tem conseguido escapar ao mal da desertificação. Com quase 500 habitantes, a aldeia dispõe de restaurantes, posto de Correios, pequenas lojas de artesanato, padaria, talhos, bomba de gasolina e modernos lagares de azeite, entre outros equipamentos. “É uma aldeia bem estruturada e com condições para enfrentar o futuro, pelo que ainda não se ressente muito com a desertificação”, sublinhou o pároco local, José Rodrigues.
Uma das últimas apostas para criar emprego e promover a fixação de jovens foi a construção de uma zona industrial na freguesia. “O objectivo é levar à instalação de novas empresas.Penso que reúne todas as condições para ser um sucesso, sendo que já há algumas pessoas interessadas em avançar com novos empreendimentos, o que é muito positivo para a região”, acrescentou o sacerdote.
Famosa pelos seus produtos de elevada qualidade, a freguesia goza da privilegiada posição do Vale da Vilariça, onde o azeite, vinho, cortiça e diversas frutas, como citrinos, pêssegos, melões e melancias, são produzidos com características únicas e especiais, contrariando o clima agreste e frio do Nordeste Transmontano. “As pessoas ainda retiram bastantes lucros da produção frutícola e hortícola, pois são de boa qualidade e muito procurados”, realçou José Rodrigues.