Órgão histórico voltou a tocar em Torre de Moncorvo

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Qua, 20/07/2016 - 14:48


Requalificação do instrumento de arte barroca final, que resulta de uma reconstrução de um outro órgão que remonta ao século XVI, foi inaugurada na passada sexta-feira, depois de mais de 40 anos sem tocar.

O instrumento musical composto por 851 tubos não se ouvia há mais de 40 anos. Depois de ter sido alvo de diversas reparações, desde que foi construído no século XVII a partir de outro órgão que já existia no século anterior, o órgão histórico deixou de tocar na década de 70. Na década de 80, a tubaria foi desmontada e acondicionada para reparação, o que só veio a concretizar-se agora, graças à intervenção da Direcção Regional de Cultura do Norte e do Município de Torre de Moncorvo.

Tratou-se de um investimento de 80 mil euros, comparticipado com fundos comunitários e que se insere num projecto de recuperação e instalação deste tipo de instrumentos musicais, levado a cabo pela Direcção Regional de Cultura do Norte. “Temos um programa dedicado à recuperação de um conjunto de órgãos históricos e também de músicas históricas para que estes instrumentos comecem a renascer para a vida. órgãos passarão a ter uma dupla função. Vão servir para animar a liturgia mas nós queremos que façam mais do que isso, e também transformem estes espaços em espaços de cultura, conseguindo trazer pessoas ao património, com o intuito de ouvir um concerto ou um recital”, referiu António Ponte, director regional de Cultura do Norte. “Queremos que estes sejam espaços de culto e cultura porque eles sempre foram espaços de reunião, comunicação e transmissão de conhecimento. Com isto conseguimos promover várias estruturas patrimoniais”, acrescentou o responsável, salientando o impacto que essa promoção pode ter ao nível do turismo.

Uma ideia aplaudida pelo autarca de Torre de Moncorvo. “Esta é uma forma de reconhecer a dimensão que esta igreja matriz tem. Não nos podemos esquecer que é o maior templo cristão da região de Trás-os-.Montes (depois da catedral de Bragança) e que S. Bartolomeu dos Mártires sempre advogou que esta devia ser uma catedral de toda a região transmontana.. Por outro lado, também temos de ter em conta a dimensão turística, de forma a incluir esta igreja num roteiro que inclui catedrais e que estes monumentos sejam também uma parte integrante da cultura activa”, observou Nuno Gonçalves.

A cerimónia de inauguração, que decorreu na passada sexta-feira contou já com um primeiro concerto, protagonizado pelo grupo “Schola cantorum da Catedral de Santarém”. Também o bispo da diocese de Bragança-Miranda, que presidiu à celebração eucarística, salientou a importância de aliar o culto à cultura. “Não é apenas um recordar do passado mas é abrir portas para o futuro porque o culto e acultura sempre andaram de mãos dadas. Este momento do renascimento deste órgão histórico na igreja matriz de Torre de Moncorvo tem um longo alcance, não só porque vem colmatar a falha que tinha, mas porque esta é a maior igreja da diocese, além da catedral e pela sua carga histórica, com a passagem e a presença dos franciscanos e de Bartolomeu do Mártires,  que pensava para aqui algo de grandioso, por que estava longe de Braga”, referiu D. José Cordeiro.

A inauguração do órgão de Torre de Moncorvo, a primeira recuperação do género em Trás-os-Montes, encerra um ciclo de investimentos em arte sacra, levado a cabo pela Direcção Regional de Cultura, que correspondeu a um investimento total de13 milhões de euros.

O próximo projecto nesta área, que vai contemplar a recuperação de órgãos, músicas e a realização de concertos em igrejas, corresponde a um investimento total de 2 milhões e meio de euros e inclui o restauro do órgão da concatedral de Miranda do Douro.

Também a catedral de Bragança vai ter um órgão. A aquisição do instrumento insere-se no projecto “Rota das Catedrais” e representa um investimento de cerca de 500 mil euros. 

Jornalista: 
Sara Geraldes