Plano de Mobilidade do Tua avança quando houver “coragem política”

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Ter, 07/02/2023 - 10:26


O troço rodoviário entre a Estação Ferroviária do Tua e a Barragem de Foz Tua, o troço fluvial entre o cais da albufeira e o cais da Brunheda e o troço ferroviário entre a Brunheda e Mirandela combinam-se e dão origem ao Plano de Mobilidade do Tua, desenhado para trazer turistas à região, mas continua parado

Esta é a principal contrapartida pela construção da barragem de Foz Tua, que já está a produzir energia há cinco anos. O que continua por se produzir é o desenvolvimento do território, tão ambicionado com este projecto. Em Outubro, o então ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, esteve na região e, ainda que sem muitas justificações, garantiu que o Governo estaria a tentar encontrar uma solução para viabilizar a Linha do Tua. Mas, até agora, está tudo na mesma. Sobre o processo, o presidente da Agência para o Desenvolvimento Regional do Vale do Tua não tem dúvidas de que o que falta é “coragem política”. Em sede de conselho regional questionou o secretário de Estado das Infraestruturas e, estando no cargo há cerca de um ano, diz que se deparou com o que o governante chamou de “imbróglio”. “Como é que justificamos que, depois de cinco anos de produção hidroeléctrica, 17 milhões de euros de investimento, cinco municípios, vários governos e dois concessionários, não se consegue por a linha do Tua em funcionamento?”, perguntou o também autarca de Vila Flor, que assumiu que têm existido algumas reuniões e que está “esperançado” pois “falta muito pouco, apenas desbloquear o licenciamento da linha”. “Acima de tudo, vai ser necessário, para dar este último passo, coragem política”, rematou. A verdade é que falta mesmo muito pouco, até comboio e barco já há. Estão só há espera de ser utilizados. Além disso, com os cerca de 17 milhões de euros ali investidos foram realizados trabalhos de várias ordens. Segundo esclareceu Pedro Lima, algum dinheiro foi gasto na segurança da linha. Claro que a requalificação desta, assim como a criação, por exemplo, de passagens de nível, também comportaram gastos. “Penso que tudo está feito. Falta sim coragem política”, vincou novamente. E, ainda que a linha esteja associada a problemas de segurança e a mortes e, por isso, seja preciso “reflectir um pouco o seu licenciamento”, Pedro Lima disse que “a Declaração de Impacte Ambiental (DIA) não está a ser respeitada” e que quem deve alguma justificação é o Governo pois ele é que tem “legitimidade de a fazer cumprir”. O presidente da Agência para o Desenvolvimento Regional do Vale do Tua terminou assumindo que não se calará. “Enquanto tiver força nesta voz irei lutar para que o Plano de Mobilidade do Tua seja uma realidade, para que se estabeleça a legalidade da DIA”, vincou, lembrando que a região não esquece o que lhe foi prometido. As obras de estabilização dos taludes e reabilitação da linha ferroviária do Tua, entre Brunheda e Mirandela, no valor de 5,6 milhões de euros, foram terminadas no Verão de 2020. Naquela altura faltava apenas o licenciamento da linha. Mais de dois anos e meio depois é o que continua a faltar. O operador turístico do plano, Mário Ferreira, ameaçou deixar o projecto, por causa dos atrasos e das burocracias. Acabou mesmo por agora o fazer, segundo revelou, este fim-de-semana a SIC. No processo estão envolvidos os concelhos de Vila Flor, Mirandela, Carrazeda de Ansiães, Alijó e Murça.

Jornalista: 
Carina Alves