Minuto e Meio

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As balelas argumentativas dos políticos sobre as vantagens em ter mais e mais asfalto e estradas novas e pontes, e vias largas e rápidas a ligar tudo a todo o lado, entre muitas outras infraestruturas estáticas, não ajudou nadinha quanto à perda de população e melhoria dos serviços públicos na nossa região, especialmente na área da Saúde. Na verdade, por exemplo, a autoestrada permite agora que uma pessoa viaje de Bragança até à cidade do Porto para uma consulta de uma determinada especialidade que aqui na região não existe. Uma vantagem relativa, portanto. Pois não temos as especialidades que devíamos. Ou a qualidade e quantidade. Podem alguns contradizer: “mas como estaria então a nossa região sem esses investimentos”? A resposta é simples: o investimento não é feito para estarmos menos mal, mas sim para ficarmos melhor. Muito melhor. E não estamos. E este juízo é verdadeiro para tudo o resto que a nossa região perdeu ou nunca teve. Na verdade, as únicas coisas realmente boas e com impacto na nossa região nestes últimos anos têm vindo quase sempre da sociedade civil e do sector empresarial: produtos agrícolas de qualidade premium, excelentes empresas transformadoras de produtos locais, operadores turísticos com projeção nacional e internacional, tradições únicas mantidas com perseverança, gastronomia e chefs consagrados pela qualidade; enfim, inúmeros méritos que pouco ou nada ficam a dever aos políticos ou a qualquer acção destes. Antes pelo contrário.

Telmo Cadavez