O destino de Portugal está traçado.

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Nos últimos anos têm vindo a público, ininterruptamente, notícias surpreendentemente escandalosas, envolvendo políticos e partidos, bancos e banqueiros, administração pública e empresas públicas, o Regime e a governança da Nação.

 Regime que navega em águas turvas e País que bate no fundo e torna a bater, mas não há maneira de vir ao de cima.

Este estado de desgraça tornou-se mais visível desde que em Setembro de 2003, vai para 14 anos, portanto, o jornal de Negócios noticiou que as contas do BPN mereciam sérias reservas aos auditores.

Foi a partir daí que o caso BPN, como é conhecido, teve pleno envolvimento e desenvolvimento num emaranhado de indícios que apontam para crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico de influências, comprometendo directa ou indirectamente, a fina flor dos políticos na altura no poder.

A Justiça empanturrou por não ter estômago para digerir o monstro e os contribuintes foram chamados a desembolsar milhões, como é seu dever e má sina, por via da nacionalização de um banco falido. Nacionalização que tão bem quista é dos partidos à esquerda, especialistas em nacionalizar, melhor dizendo, amontoar lixo no Estado.

Talvez porque o BPN não teve o tratamento exemplar que merecia e antes foram criadas condições propícias para se reproduzir que nem cogumelos venenosos, estão agora os contribuintes a ser seraficamente preparados pelo Presidente da República e pelo Primeiro-ministro para mais uma vez contribuírem graciosamente, como é seu dever e má sina, para o um novo monstro devorador das poupanças do povo, a CGD. Surpreendentemente, ou não tanto, mais uma vez, a Justiça não será dada nem achada. Justiça que, pelos vistos, continua sem ter corda bastante para prender tantos e tão obesos malfeitores.

Isto mostra, para lá do mais, que a “geringonça” já deu o que tinha a dar. Deu uns cêntimos de aumento nos salários e pensões, baixou uns impostos e aumentou outros e oferece-nos agora a CGD de bandeja. Dar mais e melhor não pode porque se desconjunta.

O destino de Portugal parece estar assim traçado, portanto: dívida, estagnação, emigração, compadrio e corrupção. Aos portugueses apenas resta poesia, ainda que da melhor.

“NEVOEIRO

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,

define com perfil e ser

este fulgor baço da terra

que é Portugal a entristecer –

brilho sem luz e sem arder,

como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.

Ninguém conhece que alma tem,

nem o que é mal nem o que é bem.

(Que ânsia distante perto chora?)

Tudo é incerto e derradeiro.

Tudo é disperso, nada é inteiro.

Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora!”

(Fernando Pessoa, Mensagem - Poemas esotéricos)

Vale sempre a pena lembrar, ler e reler Fernando Pessoa, porque “tudo vale a pena se a alma não é pequena”.

Embora o imortal poeta e todos quantos se atreverem a levantar a voz sejam acusados de populismo por aqueles que estão no poder ou lá por perto.

Esquecem-se esses, todavia, que só há uma forma de combater o populismo como convém, quando o populismo não for a mais genuína forma de expressão popular, note-se bem: reformar o que está mal e combater a corrupção com Justiça.

Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

Henrique Pedro