Novembro, mês das almas

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Ter, 06/11/2018 - 11:28


Olá gente boa e amiga. Como estão? Nós cá continuamos na arte de envelhecermos juntos.

No nosso programa, estes últimos dias, têm participado muito os fundadores, ou seja, os primeiros que começaram a ouvir-nos e a telefonar. Também muitas pessoas que já não participavam há muito tempo reapareceram, pois os bons filhos à casa tornam.

Este mês já se matricularam na universidade da vida oito novos alunos, cheios de entusiasmo e vontade para darem ainda mais vida à nossa grande família.

Nas novas participações que tivemos, quero salientar a tia Graça, pastora de Celorico de Basto, que com o seu cavaquinho e a sua voz tem encantado a família.

O tio Belmiro dos Santos, de Grijó (Bragança), disse-me que o melhor remédio para o reumatismo é a castanha, mas a apanha!... Agora já se anda nas sementeiras e segundo me disse o tio Rebelo, de Real Covo (Valpaços), já tem o pão nascido e a lenha arrumada, embora nesta altura a castanha continue a ser a mais procurada em todos os lugares.

Os dias sucedem-se e já estamos no décimo primeiro mês do calendário, o mês das almas, das castanhas e dos magustos. Novembro principiou com o Dia de Todos os Santos e ainda há localidades que mantêm viva a tradição de ir à lenha e fazer uma grande fogueira no meio da povoação. Cada habitante leva o que bem entende e partilha com todos, ao mesmo tempo que o sino toca e se reza pelas almas. Já há vinte e sete anos que estou casado em Caravela da Lombada e nunca falhei este dia. Também faz parte desta tradição o leilão de dois reboques de lenha, um de rachos e outro de lenha fina, revertendo o dinheiro para mandar rezar missas por todas as almas das pessoas da aldeia já falecidas. Este ano, para meu espanto, foram dezenas os emigrantes que vieram para participar nestas tradições. Segundo me contou a tia Catarina Freitas, de Caravela (Bragança), antigamente era tudo igual como agora mas com tracção humana.

O segundo dia do mês de Novembro é o dia de Finados, também conhecido como o dia de Fiéis Defuntos ou Dia dos Mortos, data em que a igreja católica tem o fundamento da crença na oração que os vivos devem fazer pelos mortos para que estes possam alcançar certos benefícios onde quer que estejam. Já Santo Agostinho dizia que “uma flor na campa murcha, uma lágrima evapora e só a oração chega ao trono de Deus”. No programa, este dia, falámos na alma de muitos dos que Deus já chamou, ao longo destes 29 anos. As trinta e três pessoas que participaram, além de recordarem os seus ente queridos, também recordaram muitos elementos da nossa família que já partiram. Que em paz descansem as suas almas. Nesta altura os cemitérios de todas as localidades enchem-se de pessoas que vão venerar os seus mortos. Ainda há localidades onde se reza o terço pelas almas no cemitério, à noite.

No passado sábado, pelo segundo ano consecutivo, estivemos a fazer o programa em directo, das 6 às 10 da manhã, de Avelanoso (Vimioso), na IV Feira da Castanha e dos Produtos da Terra, que decorreu sábado e domingo, onde houve montaria ao javali, gaiteiros, pauliteiros, rancho folclórico e sete lutas de touros. Esta é a maneira encontrada pela junta de freguesia para promover a castanha e os produtos das terras de Avelanoso.

O primeiro dia do mês foi o que mais gente teve a partilhar o seu aniversário com a nossa família. No decorrer destes já 29 anos, não me lembro de ter havido outro dia em que o ministro dos parabéns, o João André, ficasse tão rouco de tantas vezes cantar os parabéns. Por conseguinte, estiveram de parabéns o Zé Manuel (64), de Canavezes (Valpaços); Afonso (15), de Lebução (Valpaços); Ana Leonor (15), de Souto da Velha (Torre de Moncorvo); Henrique Leandro (5), de Rio Frio (Bragança); Bruno Silva (19), de Cabeça Boa (Bragança); Jéssica (10), de Paradinha de Outeiro (Bragança), emigrada em Londres; Alberto (60), de Vinhais; Avelino Cavaleiro (55), de Grijó (Bragança); Manuel Artur (55), de Izeda (Bragança); Antoninha (74), de Duas Igrejas (Miranda do Douro); Marcelino (84), de Sobreiró de Baixo (Vinhais); Germano Augusto (62), de Meirinhos (Mogadouro); Mercília (61), de Samardã (Vila Real); Maria do Céu Tomeno (50), de Bragança a viver em Lisboa; Isabel Freitas (88), de Santiago (Armamar) e Manuel Martins (50), de Parada (Bragança). Para todos muita saúde e paz que o resto a gente faz. E, por fim, desejamos aos nossos tiozinhos que pinguem tantas castanhas dos castanheiros, como tem pingado água do céu nos últimos dias.