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Estudantes de medicina fizeram rastreios nas aldeias do nordeste transmontano

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Ter, 07/03/2023 - 11:22


População mais idosa aderiu “em massa”, uma vez que alguns nem médico de família têm

Com o envelhecimento e o isolamento de muitas aldeias, o acesso aos cuidados de saúde é, muitas vezes, um problema. E foi a pensar nisso, que os estudantes de medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto vieram até Trás-os-Montes para fazer rastreios à população. Durante o fim- -de-semana estiveram em localidades dos concelhos de Mogadouro, Alfândega da Fé e Macedo de Cavaleiros. Os futuros doutores mediram a tensão, a glicémia e o perímetro abdominal, mas também aconselharam as pessoas que não perderam a oportunidade para estar perto de cuidados de saúde. Na freguesia de Tó, no concelho de Mogadouro, a adesão superou as expectativas. Mais de 20 pessoas foram fazer o rastreio. Uma delas foi Alzira Bastos. “As tensões estavam bem, os diabetes estavam bem, fiquei contente”, contou. Se não estivessem já era um problema, uma vez que não tem médico de família e “aceder aos médicos tem sido difícil”. “São muito importantes estes rastreios, porque alerta para muitas coisas e agora sem médicos é um problema”, afirmou. Teresa Gaspar também fez questão de ser rastreada, até porque é “hipertensa” e “quis saber como estava a tensão”. “Como temos a oportunidade de ter estes rastreios, venho sempre. É importante”, disse. Nesta freguesia há vários habitantes que não têm médico de família. Além de Alzira Bastos, também Lurdes Ubaldo está na mesma situação. E sendo também hipertensa, quis confirmar os valores da tensão. “Está tudo normal, não tenho diabetes, não tenho colesterol, para já, porque as doenças aparecem sem nos apercebemos e é importante andarmos em cima delas”, referiu, acrescentando que recebeu também conselhos alimentares. Numa localidade a 100 km do hospital de Bragança, acredita que estes rastreios são importantes, uma vez que em termos de saúde o “nordeste transmontano está esquecido”, mas considera que não são suficientes. Além da falta de médico de família, os estudantes concluíram que há pessoas que não têm conhecimento sobre algumas pessoas. “As pessoas não têm literacia suficiente em saúde, ou seja, há muitas coisas que devem ser ensinadas a esta população e que se nota que não sabem as doenças que têm”, disse a estudante Francisca Oliveira, salientando que “encontraram pessoas com valores completamente descompensados e que são um bocado preocupantes”. Esta é também uma forma de praticarem o que aprendem na universidade. “Acaba por ser uma boa oportunidade para nós treinarmos, mas também ajudarmos as pessoas que não têm o acesso facilitado a estes rastreios”, salientou, confessando que não estava à espera de tanta adesão. O presidente da Junta de Freguesia de Tó não tem dúvidas de que estas acções fazem falta à população. “Infelizmente na nossa região é uma realidade a falta de acesso aos cuidados primários de saúde e acho que estas acções de sensibilização e rastreio de doenças crónicas são muitos importantes para toda a população”, frisou Ricardo Marcos. Além dos rastreios, os estudantes de medicina deram ainda palestras sobre saúde mental, doenças cardiovasculares e alimentação saudável.

Jornalista: 
Ângela Pais