Funcionárias da cantina do Centro de Emprego queixam-se de falta de condições

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Ter, 23/11/2021 - 11:18


Na passada quinta e sexta-feira, as funcionárias da cantina do Centro de Emprego de Bragança, que trabalham para a Eurest Portugal, fizeram greve porque dizem não ter condições de trabalho

Segundo as funcionárias, anteriormente havia quatro trabalhadoras na cantina e no bar, mas duas saíram, uma porque foi para a reforma e outra porque foi despedida. Ficaram assim duas funcionárias para trabalhar no refeitório, uma vez que o bar foi fechado devido à pandemia. Ainda assim, queixam-se que duas pessoas não são suficientes, para tratar de toda a logística, confeccionar as mais de 60 refeições diárias e ainda fazer toda a higienização do espaço, que agora requer mais trabalho, por causa da covid-19. Esta situação tem vindo arrastar-se desde Agosto. Edite Gomes trabalhava no bar há 30 anos, mas como fechou devido à pandemia, foi obrigada a ir para a cozinha, sem qualquer experiência nesta área. “Só estamos as duas a trabalhar e a dona Margarida sai para reuniões e eu fico sozinha, não tenho prática nenhuma de cozinha, tenho que ficar a cozinhar sozinha, a lavar a louça, atender os meninos, por causa da covid temos que fazer várias coisas que antigamente não se faziam e eu não consigo fazer tudo sozinha”, disse. A outra funcionária é Margarida Afonso. A também dirigente de Bragança do Sindicato dos Trabalhadores da Hotelaria queixa-se da “falta de pessoal”. “Estamos as duas a fazer desde a recepção das encomendas, às encomendas, estamos a fazer do escritório à loiça e com um espaço enorme para desinfectar, para fazer a sua higienização. Isto não há condições. Nós não temos quase hora para comer”, afirmou. As trabalhadoras estiveram à porta do Centro de Emprego de Bragança, onde esteve também Fátima Bento, representante do PCP em Bragança e também dirigente Da União De Sindicatos De Bragança. “Não têm em conta as condições de trabalho dos trabalhadores e nem se preocupam que a falta destes trabalhadores prejudica o serviço, interessa-lhes é o lucro que têm ao fim do mês e estão sempre à espera que elas se sujeitem e façam esse trabalho por quatro. É nesse sentido que o Partido Comunista apresentará uma pergunta na Assembleia da República porque não se justifica. Houve de facto trabalhadoras que se reformaram, mas também houve uma que foi despedida, num contexto em que era precisa”, criticou. Em Bragança, os empresários do ramo da hotelaria e restauração queixam-se da falta de mão-de-obra. A carga horária pode ser um dos motivos, mas também os baixos ordenados. “Os patrões pagam muito pouco e as pessoas até preferem ficar no desemprego do que vir trabalhar, nestas condições. Os trabalhadores queixam-se de excesso de horas, pouco pagamento, tarde e a más horas, mas é uma realidade”, disse Margaria Afonso. A Eurest Portugal não quis comentar a situação, apenas referiu que a greve é um direito.

Jornalista: 
Ângela Pais