Região precisa de Faculdade de Medicina para se salvar da falta de médicos

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Ter, 31/01/2023 - 11:29


Em 2024, os médicos que decidam vir trabalhar para Bragança vão ter melhor salário e casa paga

Os jovens profissionais vão ser brindados com estes benefícios no âmbito de uma medida que o Governo acaba de anunciar, o “Mais Médicos”. Este é um programa de formação partilhada para atrair médicos onde eles mais faltam: nos territórios menos povoados. Ou seja, um médico que queira iniciar formação no Centro Hospitalar do Porto poderá terminá-la, por exemplo, no Hospital de Bragança e, para isso, haverá benefícios salariais e habitacionais. O programa chega ainda a outras seis unidades hospitalares, Guarda, Covilhã, Castelo Branco, Portalegre, Santiago do Cacém e Beja, e é uma parceria entre o Governo com a Ordem dos Médicos. E será esta a derradeira medida que poderá, finalmente, fazer deste um território onde deixem de faltar médicos? A médica Cristina Nunes, que pertence à equipa do Conselho Sub-Regional de Bragança da Ordem dos Médicos, entidade que vai presidir, sendo que toma posse no próximo dia 6 de Fevereiro, considera que sim, que “o programa é uma excelente iniciativa”. “Penso que conseguiremos obter resultados em uma ou duas décadas”, rematou.

Programa devia abranger mais especialidades

O “Mais Médicos” abrange especialidades como Medicina Interna, Cirurgia Geral, Anestesiologia, Pediatria, Ortopedia, Ginecologia, Obstetrícia, Psiquiatria e Radiologia. Ainda assim, há outras especialidades que deveriam fazer parte. Considerando que o programa “vai beneficiar o hospital e a saúde em geral, no nosso distrito”, a médica diz que era essencial que fosse alargado a outras especialidades. Era necessário, pelo menos no caso de Bragança, que chegasse a “cardiologia, gastroenterologia, neurologia, entre muitas outras que são consideradas nucleares e que, de facto, fariam falta para se tratar ainda com mais qualidade a população”. “Aqui há falta dessas especialidades e há falta de outras”, vincou Cristina Nunes.

Trás-os-Montes precisa de Faculdade de Medicina

Assumindo que, além do programa, “haverá necessidade de tomar algumas iniciativas no que diz respeito, por exemplo, à requalificação de infraestruturas e modernização tecnológica”, Cristina Nunes afirmou que, é ainda necessário promover-se a carreira científica e académica, sendo que esta mesma promoção poderia ser um “factor chave” para a “fixação” de médicos na nossa região. Afirmando que, “obviamente que o Conselho Sub- -Regional de Bragança da Ordem dos Médicos quer fazer parte destas soluções para que a região consiga, de facto, incrementar e combater a falta de médicos que existe na região”, Cristina Nunes esclareceu que “Trás-os-Montes tem todas as condições para que haja um investimento nesta área, como já foi mencionado há alguns anos”. A médica lembrou assim que Trás-os-Montes e Alto Douro, é, neste momento, a par do Alentejo, a única região que não tem uma Faculdade de Medicina e que aqui fazia falta, até por causa dos jovens que se perdem. “Trás-os-Montes forma muitos médicos nas faculdades que estão na Covilhã, em Braga, em Lisboa, no Porto, em Coimbra. Fará todo o sentido que, tal como foi criada, recentemente, a licenciatura na Covilhã e no Algarve, Trás- -os-Montes tivesse também uma faculdade pois “a carreira médica é prolongada” e os jovens que daqui saem, para se formar, no final do percurso já têm a vida familiar estabelecida noutro local e “é complicado voltar”.

Médicos de família: um problema ultrapassado

Há menos de um ano, havia, no distrito, oito mil utentes sem médico de família, mas, agora, o cenário parece estar agora diferente. Segundo relatou Cristina Nunes, “a cobertura de Medicina Geral e Familiar no distrito é até das melhores a nível nacional”. Explicou que, apesar de ter havido um período em muitos médicos se aposentaram, não tendo sido imediatamente substituídos por outros, que, neste momento, “a Medicina Geral e Familiar não constitui um problema, em termos de cobertura de médicos”.

 

 

Jornalista: 
Carina Alves