Ter, 06/09/2005 - 14:28
Recorde-se que o ministro da Agricultura tem vindo a anunciar o fim dos apoios aos planos de florestação susceptíveis de arderem mais tarde. Humberto Rosa alinha pelo mesmo diapasão em matéria de áreas protegidas. “O Estado não é detentor de todos os terrenos florestais mas, em colaboração com o Ministério da Agricultura, podemos fomentar uma política de apoio ao que deve ser apoiado e de não apoio ao que não deve ser apoiado, para que os privados possam usar o território doutra maneira”, defendeu o governante.
Humberto Rosa falava no cenário da aldeia da Petisqueira, concelho de Bragança, onde as chamas de Julho passado consumiram vários hectares de floresta e mato.
A escolha do local não foi feita à toa, dado que os prejuízos do incêndio variam de acordo com os tipos de árvores existentes. As diferenças estão à vista, tal como constatou o secretário de Estado. “É um daqueles casos que nos pode dar lições sobre o que se passa. A zona de pinhal ardeu inteiramente, sem hipóteses de combate, e quando chegámos às zonas de azinheiras e folhosas, também arde, é um facto, mas retarda o fogo e permite combatê-lo”, explicou o responsável.
Romper o ciclo
A situação, segundo o membro do Governo, serve de exemplo nas acções de florestação que vieram a ser feitas no futuro, privilegiando as azinheiras, carvalhos e castanheiros em vez do pinheiro e eucalipto. “Do ponto de vista de conservação da natureza, as perdas nas zonas de azinheira são menores e estes são exemplos que nos podem ajudar a ter um tipo de solo mais propício à prevenção de fogos”, salientou Humberto Rosa.
O governante sustenta que a florestação não se esgota na plantação de árvores, mas tem de apostar no acompanhamento, de modo a romper com o carácter cíclico dos fogos.
Em matéria de prevenção nas áreas protegidas, o Ministério do Ambiente pretende estudar a permanência das equipas de sapadores florestais durante o ano inteiro, pois os resultados já obtidos são positivos. “As equipas do Parque da Serra d´Aires e Candeeiros fizeram fogo controlado no Inverno e o fogo do Verão parou exactamente nessa zona”, revelou o secretário de Estado.
Até à data arderam cerca de 18 mil hectares nas zonas protegidas do País, na sua maioria do Parque Natural da Serra da Estrela. Humberto Rosa reconhece que as contas não estão encerradas, “pois ainda podemos ter mais fogos, inclusive em zonas protegidas”.