class="html not-front not-logged-in one-sidebar sidebar-second page-editorial">

            

Editorial

A oliveira é mais do que uma árvore em Trás-os-Montes. Representa um símbolo de resiliência, de história e de economia. A paisagem ondulada da nossa região está pintada por olivais que, geração após geração, sustentam famílias, enchem lagares e dão ao mundo o sabor único do azeite transmontano.

A paisagem natural de Bragança é, sem dúvida, um dos seus maiores patrimónios. Mas, nas últimas semanas, essa paisagem tem sido manchada, literalmente, por alegadas descargas de esgoto no rio Sabor, nas imediações da Capela de São Lázaro.

O Nordeste Transmontano tem, ao longo da sua história, firmado a sua identidade na relação íntima com a terra. A agricultura é mais do que uma atividade económica: é cultura, é tradição, é sustento.

As eleições legislativas marcam uma viragem decisiva na política nacional e deixam vários sinais claros, quer para os líderes partidários, quer para o povo português e, mais concretamente, para os cidadãos deste interior que, como Bragança, continua a escrever páginas distintas na história democr

Se há coisa que as últimas semanas têm revelado é que o Interior, apesar da sua resiliência, continua exposto às incertezas do clima e à falta de reconhecimento institucional.

Num país que se diz democrático e onde a representatividade territorial deveria ser uma prioridade, continuamos a assistir a uma preocupante marginalização dos meios de comunicação regional.

A edição desta semana do Jornal Nordeste chega às bancas com um dia de atraso. O motivo é conhecido por todos: o grande apagão que, esta segunda-feira, paralisou não só a região, mas também vastas áreas de Portugal e da Europa.

Finalmente registou-se a inclusão da ligação ferroviária Porto-Vila Real-Bragança no Plano Ferroviário Nacional. Mais do que uma promessa, trata-se de um reconhecimento oficial de uma das mais justas e antigas reivindicações de Trás-os-Montes.

A notícia que publicamos nesta edição revela uma realidade preocupante, mas infelizmente não surpreendente: no distrito de Bragança, o socorro de emergência médica continua a depender mais da resiliência dos bombeiros do que da responsabilidade do Estado.

Em pleno século XXI, no interior de Portugal, uma grávida tem de percorrer mais de 100 quilómetros para fazer uma ecografia em Amarante.

A recente controvérsia entre o Nómada Club e a Câmara Municipal de Bragança, que agora avança para os tribunais, revela um problema maior do que aparenta: a dificuldade de encontrar equilíbrio entre o direito ao descanso e a necessidade manter a vida urbana, especialmente durante a noite.

Num país onde as estatísticas da saúde mental gritaram por atenção, 22% da população afetada, segundo o mais recente Perfil de Saúde de Portugal, há ainda quem teime em ignorar os sinais.