Estes números eram apresentados, frequentemente pela região do Porto, que este ano se ficou pelos 15% na atracção de turistas, tal como acontecia a Trás-os-Montes noutros tempos. O cenário inverteu-se mas, a par do dia Mundial do Turismo, assinalado no domingo passado, o presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal, Luís Pedro Martins, em declarações a este jornal, admitiu que “na região houve taxas de ocupação como nunca se tinha visto, contudo claramente não chega para aquilo que se perdeu no resto do ano e para o que aí vem”. O alerta foi deixado depois dos números a que se assistiu. “Vínhamos de uma situação bastante difícil, em que o turismo, de um modo geral, na região, caiu cerca de 60% em Abril e 95% em Maio. Foi a partir destes números que iniciámos uma recuperação que se acentuou entre Junho e Agosto” mas já se está novamente em perda e “a perspectiva é que se vá acentuar”.
Pandemia deixou todos de olhos postos na região
As taxas de ocupação foram bastante interessantes para a região, trazendo retorno financeiro, face a uma crise que se está a viver por todo o país por causa da pandemia. Ainda que agora o cenário esteja novamente a mudar, Luís Pedro Martins mostra-se confiante porque a Covid-19 deixou diversos portugueses de olhos postos na região, dada a tranquilidade e segurança aqui oferecida. “A única coisa que a pandemia trouxe de menos negativo foi colocar os holofotes nestes territórios, que são de alta densidade naquilo que têm para oferecer”, assinalou o presidente da entidade, que acredita que, “a partir destas férias de verão, existirão muitos portugueses como clientes e, possivelmente, agora fiéis ao território”.
Investir em alojamento
Luís Pedro Martins considera que é preciso motivar os turistas, que geralmente entram pela área metropoltina do Porto, a visitar outros territórios no norte. Para isso é preciso acabar com palavras como “interior” pois Trás-os- -Montes “é já ali”, a um “salto” do Porto. “Queremos com isto também ajudar a aumentar a estadia média”, explicou o presidente da entidade, que avançou que os turistas brasileiros ficam “terrivelmente surpreendidos” quando percebem que para viajar para o interior não precisam de oito ou nove horas de caminho como acontece no país de onde vêm. Para que tudo isto se materialize numa realidade e haja, de facto, cada vez mais turistas, Luís Pedro Martins assume que “é preciso aumentar a capacidade hoteleira”. “Claro que falar em investimentos nesta altura é muito complicado, mas o sector tem mostrado capacidade de resiliência”, finalizou.