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Pais recusaram computadores do Ministério da Educação para ensino à distância

Ter, 02/02/2021 - 11:54


As escolas estão fechadas e o primeiro-ministro já anunciou que a partir de 8 de Fevereiro arranca, novamente, o ensino à distância

Depois de nas regiões do interior ter sido um problema no primeiro confinamento, uma vez que muitos alunos não tinham material informático ou cobertura de rede para aceder à internet, o Ministério da Educação está a distribuir computadores e hotspots de wi-fi a todos os alunos do escalão A e B do ensino secundário. Ao distrito já chegaram alguns, mas estão a ser recusados pelos encarregados de educação, visto que os portáteis têm que ser entregues, nas mesmas condições que foram recebidos, quando o aluno terminar o 12º ano. No agrupamento de escolas de Vinhais, o director contou que “muitos pais não quiseram assumir o compromisso” e “não assinaram o contrato com o Ministério da Educação”, porque não quiseram ficar com essa responsabilidade. “No 12º ano apenas 3 computadores foram levantados num universo de 12 ou 13”, referiu Rui Correia. Em Vinhais receberam mais de 20 computadores, tal como em Vila Flor, onde alguns também foram recusados. Apesar de não terem recebido muitos portáteis, o director do agrupamento de escolas de Vila Flor admitiu que foram suficientes para responder às necessidades dos alunos. “Nem todos os alunos quiseram, porque são computadores a título de empréstimo, com responsabilidade de quem os recebe e, portanto, disseram que não queriam”, disse Fernando Almeida. O director referiu ainda que não conhece casos de alunos que tenham recusado o computador e, que ainda assim, não tenham o material informático em casa. Acredita que muitos também não o quiseram porque já têm computador. No agrupamento Emídio Garcia, em Bragança, e também no de Miranda do Douro vários alunos não aceitaram o portátil do Ministério da Educação, porque não têm carências nesse aspecto, permitindo que fossem entregues a quem precisa. A secundária Emídio Garcia recebeu mais de 100 computadores, segundo o subdirector. “Alguns alunos relataram que tinham meios técnicos adequados e então tentou fazer-se uma redistribuição para outro aluno que tivesse necessidade desse equipamento”, referiu Carlos Fernandes. A Miranda do Douro chegaram 24 portáteis. “Nós temos alunos com um grande coração que são capazes de abdicar, porque sabem que há gente que precisa mais do que eles”, contou o director do agrupamento, António Santos.

Ensino básico sem computadores

para já Quanto ao ensino básico, as escolas continuam sem receber os computadores do Ministério da Educação. Ao que tudo indica só deverão chegar em Março, já no segundo período. Tendo em conta que também os mais pequenos vão ter ensino à distância, serão as autarquias e os agrupamentos a fazer o investimento para suprir as necessidades destes alunos. Algumas escolas já se estão a preparar nesse sentido. Em Vinhais, há stock de 50 computadores e 20 hotspots de wi-fi, adquiridos pelo município e pelas juntas de freguesia em parceria com o agrupamento de escolas. “Nós estamos a preparar-nos para que isso não aconteça. Já fizemos o levantamento de todos os alunos que não têm computador nem internet”, salientou Rui Correia. Já o subdirector do agrupamento de escolas Emídio Garcia acredita que até 8 de Fevereiro a maioria dos alunos já tenha computador para aceder às aulas. O director do agrupamento de Macedo de Cavaleiros partilha da mesma opinião. Por outro lado, António Santos também afirmou que estão a trabalhar para suprir as necessidades, nomeadamente dos mais novos que ainda não receberam computador. O município já se comprometeu a aumentar as ligações à internet.

“Ensino à distância não substitui ensino presencial”

Os directores parecem todos concordar que, com avanço descontrolado da pandemia, o melhor seria fechar as escolas, mas admitem que o ensino à distância pode prejudicar o aproveitamento escolar dos mais novos. “O ensino à distância é um recurso que não substitui, de maneira nenhuma, o ensino presencial, por muito boas que sejam as novas tecnologias”, afirmou Fernando Almeida, director do agrupamento de Vila Flor. Paulo Dias, director do agrupamento de escolas de Macedo de Cavaleiros, disse estar preocupado com os alunos que entraram no primeiro ano de escolaridade. “Aí a falta de ensino presencial é absolutamente gritante e há competências que eles não adquirem à distância”, referiu, acrescentando que quando se voltar ao ensino normal, os mais pequenos vão ter que “sofrer um processo de autêntica reciclagem”, para aprenderem os conteúdos que deixaram para trás. “Nada substitui o ensino presencial, onde há outro tipo de interacção que se estabelece entre o aluno e o professor”, concluiu Carlos Fernandes, subdirector do agrupamento Emídio Garcia.

Jornalista: 
Ângela Pais