Ter, 22/02/2022 - 16:25
Macedo de Cavaleiros deixou de liderar a lista dos concelhos que mais água desperdiça no país, passando agora para segundo lugar.
Ainda assim a diminuição foi residual e, de acordo com o relatório anual da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) referente a 2020 e publicado dia 17 de Fevereiro, o desperdício de água nesse ano foi de 77%, ficando o município apenas atrás de Vila Nova de Cerveira, que surge agora no topo desta lista, com um desperdício superior a 82%.
Em relação ao ano de 2019, Macedo de Cavaleiros conseguiu reduzir a percentagem de água não facturada em cerca de 3%.
“Esse valor ainda não é, para nós, um motivo de regozijo, de forma alguma”, afirma o vice-presidente do município de Macedo de Cavaleiros, Rui Vilarinho, que explica que 2020 foi um ano atípico, devido à pandemia, já que “a relação entre água aduzida pelas Águas do Norte e a facturada não é real, visto que nesse ano a câmara deixou de facturar água a muitos comércios, indústrias e munícipes”. “Como tal, esse valor, em condições normais, seria substancialmente menor”, acredita.
Dentro de cerca de cinco anos o município espera estar já próximo da média de perdas, a nível nacional. “Foi só o ano passado que iniciámos o combate mais agressivo às perdas de água, implementando ZMC (Zonas de Medição e Controlo). Também vamos iniciar, o mais rapidamente possível, a substituição da rede de condutas. Macedo de Cavaleiros foi dos primeiros concelhos a ter água tratada, há mais de 40 anos. Por isso também será dos primeiros a ter necessidade de substituir condutas”, esclarece.
“Acredito que os dados de 2021 já serão melhores, ou menos maus, e paulatinamente vamos fazer com que, dentro de quatro ou cinco anos, já nos possamos aproximar daquilo que é a média de perdas a nível nacional, que andará a rondar os 40 a 45%”, afirma.
Miranda do Douro é o segundo concelho do distrito com mais perdas, 67,2%, seguida por Vimioso, com 65,6% de água não factura, Alfândega da Fé tem perdas de 55,5%, Vila Flor de 52,8% e Carrazeda de Ansiães 50%. Mirandela regista perdas de 49%, Torre de Moncorvo e Freixo de Espada à Cinta não facturam cerca de 45% da água e Bragança 44,4%. Mogadouro é o concelho do distrito com menos perdas de água registadas em 2020, com 40,4%, já do concelho de Vinhais a ERSAR não tem registo.
Contadores inteligentes ajudam a controlar perdas de água em Macedo de Cavaleiros
O Município de Macedo de Cavaleiros está a substituir os contadores de água tradicionais por dispositivos inteligentes.
No perímetro urbano vão ser feitas cerca de 4500 substituições e posteriormente os novos contadores vão ser também instalados nas freguesias.
A medida está a ser implementada como forma de contribuir para minimizar as perdas de água no concelho, já que, de acordo com dados da Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos, Macedo é um dos municípios do país com maior desperdício de água. “Este contador vai ajudar-nos a detectar consumos de água, eventualmente, impróprios, como fugas ou rupturas, porque é um sistema que está ligado a um computador e vai dar-nos, em tempo útil, o valor que está a ser consumido por cada cliente. Está parametrizado para que, a partir do momento que o volume exceda, seja enviado um alerta para o computador, para depois contactarmos o consumidor e averiguar o que se passa”, explicou o vice-presidente da câmara, Rui Vilarinho. “É mais uma medida no âmbito do ataque feroz que estamos a fazer às perdas de água”, afirma o responsável autárquico, já que os novos contadores também conseguem mostrar se há fugas de grande calibre, pois “os medidores de caudal vão indicar qual é o consumo por hora que está a acontecer naquele determinado momento e o somatório dos valores tem de ser o equivalente ao que por ali passou”. Se houver um desfasamento, ou seja, se o valor registado for superior ao consumido no somatório de todos os clientes, “é sinal que há perda de água naquele percurso e temos de intervir rapidamente”.
O sistema vai permitir, assim, que os próprios residentes possam fazer a monitorização da água que consomem, ao minuto.
A substituição dos contadores já começou e não vai implicar custos adicionais para o consumidor. Cada dispositivo tem uma vida útil de 12 anos e nesta primeira fase de substituição, na cidade, vão custar à autarquia cerca de 40 mil euros por ano.
Além de problemas de condutas, a própria idade de alguns contadores também tem causado constrangimentos.
“Chegámos à conclusão que se perde muita água devido a contadores obsoletos que já não fazem a leitura correcta. Às vezes, as pessoas estão a consumir água sem pagar, visto que não se apercebem, porque o contador não a lê. Havia necessidade de substituir alguns contadores que já não estavam a funcionar há 20 ou 30 anos”, acrescentou.
Com a instalação da rede de contadores inteligentes, a leitura humana deixa de ser necessária, mas os postos de trabalho são comprometidos, assegura do vice-presidente da câmara. “Serão readaptados em outros serviços. Essa situação já está prevista”, assegurou.