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Caçadores querem investimento para combater extinção do coelho bravo na região

Ter, 22/02/2022 - 16:35


Cerca de 95% da população de coelho bravo desapareceu nos últimos anos. Federação das associações de caça lamenta que o Norte não seja abrangido em projecto de repovoamento

A população de coelho bravo diminuiu em cerca de 95% nos últimos anos. É o que estima a Federação das Associações de Caçadores da 1ª Região Cinegética (FACIRC). O principal motivo prende-se com as doenças que têm afectado a espécie. Primeiro chegou a mixomatose, que foi a principal doença durante um período. Altamente contagiosa resultava na mortalidade dos animais. Agora já tem uma expressão quase nula, no entanto, a espécie enfrenta outra ameaça, a doença hemorrágica viral, que é a principal enfermidade que afecta o colho bravo e é muito mais letal em relação à mixomatose.

“O coelho que existe na região, neste momento, é muito pouco e essencialmente fruto do trabalho de algumas associações de caçadores que vão fazendo numa tentativa de o reintroduzir e de o manter, às vezes até à revelia do que estava estipulado pela DGAV”, reconhece o presidente da FACIRC, João Alves.

O Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) anunciou um projecto de 2,1 milhões de euros para combater o declínio do coelho-bravo, mas só para o cento e sul de Portugal e Espanha, o que o responsável da entidade de gestão cinegética não compreende. “O Norte vai ficar de fora, é uma situação que não nos agradou muito, mas vamos tentar perceber o que se passou”, afirmou, considerando que para a região “não é uma boa notícia”.

“Ainda por cima não fomos ouvidos, não fomos tidos nem achados e era importante que o Estado e o ICNF, que não me parece que tenha agido bem desta forma, se não nos pudessem abranger, pelo menos que nos informassem. Sei que [a candidatura] do projecto foi feito por uma associação espanhola, mas o Estado ao ter conhecimento disto tudo devia ter informado as federações todas”, referiu João Alves.

Segundo informação disponibilizada pelo ICNF, o projecto Iberconejo vai incidir no centro e sul da Península Ibérica, já que o “coelho-bravo desempenha um papel chave nos ecossistemas mediterrânicos, sendo presa base para vários predadores, alguns especializados, como por exemplo o lince-ibérico e a águia-imperial-ibérica.

“Eu creio que o coelho é muito mais importante para o panorama ibérico, já que é a base da caça, uma actividade que move milhares de pessoas e milhões de receita. Seria muito mais importante nessa base do que apenas como forma de alimentação do lince. O lince é importante e apoiamos esse esforço, mas o coelho não se pode cingir à questão do lince, o coelho é muito mais importante do que isso”, afirmou.

Além de ser a base da caça, é também alimento de vários animais como raposas, águias, e outros predadores.

“A maioria dos caçadores dedica-se à caça do coelho”, sublinha.

As soluções apontadas por João Alves para mudar a tendência de declínio da população de coelho passam por investigação, mas também acção.

“Era necessário que o Estado interviesse de uma forma séria, que fizesse um estudo profundo e elaborado sobre a doença e a melhor forma de a controlar. Depois era preciso que se fizesse uma reintrodução do coelho, devidamente ordenada, com regras para que as populações do coelho voltassem a crescer, porque neste momento o coelho está completamente dizimado”, sublinha.

Para João Alves, neste processo é fundamental o envolvimento das associações de caça. “Sem uma intervenção forte do Estado com apoio às federações de caçadores e depois através destas apostarem nas associações que quisessem fazer um trabalho em condições isso não é possível. Sem o apoio do Estado nada se pode fazer, teria de passar por aí, mas pelo que parece está tudo parado em relação a isso”, afirmou.

O responsável afirma que até agora não houve apoio nesse sentido, por parte das autoridades. “Em Portugal, muito pouco se tem feito. Houve um projecto há 4 ou 5 anos, o +Coelho, mas resultados disso não se viram”, refere.

O projecto consistia na investigação da doença que atingia a espécie cinegética, com recolha de amostras de coelhos que tinham morrido com a doença hemorrágica viral, para saber a origem da doença e que soluções implementar, mas à FACIRC não chegaram nem resultados do estudo nem soluções.

“Pelo que percebi nunca se chegou a conclusão nenhuma. Implementou-se um projecto a nível do país na tentativa de fazer alguma recuperação do coelho, mas os resultados foram nulos”, afirma.

 

 

Jornalista: 
Olga Telo Cordeiro