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Bragança celebra 25 de Abril com a requalificação do Largo da Trêmbola em São Julião de Palácios

Qua, 30/04/2025 - 10:14


Na passada sexta-feira foi dia de celebrar a liberdade, mas em grande parte dos concelhos do distrito, as comemorações foram adiadas devido à morte do Papa Francisco

Ainda assim, em Bragança mantiveram-se e o 25 de Abril de 1974 foi celebrado com a inauguração da requalificação do Largo da Trêmbola na aldeia de São de Julião de Palácios. Altino Pires, o presidente da União das Freguesias de São Julião de Palácios e Deilão, salientou a importância de comemorar a liberdade no meio rural. “Por vezes, os valores que foram conquistados na Revolução dos Cravos passam-nos despercebidos e é importante celebrar a liberdade. Foi um evento que pretendeu dinamizar o meio rural, com a comemoração do 25 de Abril juntos. A inauguração do Largo da Trêmbola significa bastante para mim, porque é uma infraestrutura bonita que vai ser usufruída pelas pessoas no centro cívico da aldeia. É também mais um marco no meu curto mandato”, frisou. Luísa Preto, de São Julião de Palácios, sublinhou que o Largo da Trêmbola é um lugar muito especial para aldeia. “Uma obra que significa muito para nós. Era um largo que já era bonito e agora ficou impecável. É um espaço de convívio, para pessoas de todas as idades, onde ainda estão os lavadeiros da aldeia”, reiterou. Paulo Xavier, presidente da Câmara Municipal de Bragança, destacou que esta iniciativa teve em vista a descentralização e reforçou a importância do 25 de Abril. “Isto é um compromisso da liberdade, é cumprir a Revolução dos Cravos, é descentralizar a cultura. Olhamos para esta obra e vemos que vale a pena investir nas freguesias. É importante recordar os valores de abril, há 51 anos não tínhamos liberdade para quase nada, nem para ler um livro. Temos de proteger a democracia e ser uns guardiões da liberdade, estes valores tem de continuar a ser valorizados”, referiu. Há 51 anos, que se celebra o Dia da Liberdade em Portugal. O Largo da Trêmbola, em São Julião de Palácios, celebrou o 25 de Abril com uma cara nova, onde os cravos saíram à rua na aldeia do nordeste transmontano.

Vila Flor

Em Vila Flor as comemorações também se realizaram com o mote “O 25 de abril não pode ser esquecido”. “Essas conquistas só foram possíveis porque alguém sonhou, ousou, saiu para a rua e lutou por um ideal e um país melhor”, afirmou o presidente do município Pedro Lima. As cerimónias aconteceram na Avenida Marechal Carmona, em frente aos Paços do Concelho, com uma homenagem ao Papa Francisco, assim como o cântico do Hino Nacional e o arrear da bandeira a meia haste. Contou ainda com a intervenção de dois jovens, deputados da Assembleia Municipal Jovem, que realçaram a importância da democracia e que a liberdade significa “responsabilidade” e “respeito pela liberdade dos outros". 

Revolução dos cravos na pele de Raul Tomé

Tinha 17 anos e estava na aula de Inglês quando através de um “rádio pequenino a pilhas” ficou a saber do Golpe de Estado e do fim da ditadura em Portugal. Juntamente com os colegas saiu da sala e foi para a rua “gritar”. Há vários meses que se vivia um ambiente conturbado no país e até Raul Tomé foi uma voz contra o sistema. Um mês antes do 25 de abril participou numa manifestação no Seminário de Bragança. Era ali que vivia e estudava e sentia na pele a opressão e a agressividade de alguns professores. Embora agora admita que não sabia “bem” o que estava a fazer e que tenha sido influenciado por protestos feitos anteriormente, considera que foi um momento marcante. “Juntámo-nos, um grupo de colegas, e escrevemos nas capas ‘revolução’. Fomos para a cerca do seminário a tirar fotografias e a gritar. O que é engraçado é que um mês depois se deu a revolução”, contou. A partir dali, tudo mudou. “Toda a opressão”, no que toca à liberdade de expressão, acabou com a revolução. Até mesmo no ensino, Raul Tomé disse ter havido mudanças. “Passámos para o secundário, passámos para uma casa própria, com um padre novo, que veio de Lisboa, o Monsenhor Adelino, que era responsável por nós. Foi totalmente diferente. Havia muita mais liberdade. A casa do Clero de Cabeça Boa tinha quartos individuais, podíamos entrar e sair, no fundo tornámo-nos mais responsáveis. Passámos a ter aulas também no liceu e a conviver com outros colegas”, lembrou. No entanto, também aconteceram vários atos de manifestações e vandalismo no país e em Bragança não foi exceção. “Lembro-me de queimarem as sedes do PCP. Alguns professores do liceu que eram conotados com a esquerda foram corridos do liceu. Manifestações entre alunos, que nos intervalos das aulas havia sempre, e anteriormente isso era impossível”, recordou. Ainda assim, o agora professor reformado, com 68 anos, assegura que a democracia “é a melhor coisa que temos”, porque poder dizer o que se pensa é “uma maravilha”.

 

Jornalista: 
Ângela Pais/Vitor Fernandes Pereira