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A propósito da eleição de um novo Papa

A eleição de um novo Papa sempre constitui um facto de relevância planetária. Não só porque se trata de um acontecimento marcadamente religioso, fenómeno que, quer se queira ou não queira, continua a manifestar-se como uma pulsão essencial do ser humano. Também pelos impactos ideológicos, sociais e humanitários que provoca à escala global e pelos inevitáveis reflexos políticos que daí derivam. Sobretudo pela Instituição que tal eleição promove que é, como se sabe, a Igreja Católica, que congrega cerca de 1,2 biliões de seguidores baptizados, espalhados pelos quatro cantos da Terra e que são mais de metade de todos os considerados cristãos, que se calcula serem cerca de 2,3 biliões, o equivalente a cerca de 18% da população mundial. Igreja Católica que cumpre, desde há séculos, com acrescido impacto na actualidade, uma missão inigualável nos domínios sociais, humanitários, educacionais, do Ensino e da Saúde, a que não se equipara nenhuma outra instituição civil ou religiosa, designadamente a gigantesca ONU. Igreja Católica que é governada a partir de Roma, pela denominada Cúria Romana, órgão administrativo central que assessora o Papa na gestão desse organismo universal, segundo um modelo organizativo que nem mesmo o adoptado pelos exércitos se revela tão eficiente. Pois foi esta Organização ecuménica que no passado dia 9 de Maio de 2025 elegeu o seu Papa número 267, na pessoa do cardeal Robert Francis Prevost que, como manda a tradição, assumiu o expressivo nome de Leão XIV. Robert Prevost que, para lá de ter nascido nos todo poderosos EUA e, por mais força de expressão, na mais que controversa cidade de Chicago, também adoptou a cidadania peruana, porquanto missionou por mais de 40 anos no Peru, país sul americano em que foi colocado três anos após ter sido nomeado padre, particularidades que lhe conferem a maior importância, significado e prestígio nos domínios religiosos, sociais e mesmo políticos. Paralelamente ao facto de lhe serem atribuídas como suas maiores referencias históricas, teológicas e carismáticas as personalidades de Santo Agostinho e de Leão XIII, figuras cimeiras da Igreja que, a partir de agora, dirige. Também não passou despercebido aos vaticanistas mais atentos e melhor informados a feliz circunstância da eleição do novo Papa ter acontecido no dia da Súplica de Nossa Senhora de Pompeia, facto que merece uma mais atenta apreciação, porquanto Pompeia, se transposta para os tempos modernos, tragicamente marcados por catástrofes naturais e dramáticas alterações climáticas, ganha insondável significado nas teorias apocalípticas. Para lá da importância teológica do novo Papa se ter referido enfaticamente à Mãe de Jesus Cristo, logo no seu primeiro discurso, com as palavras piedosas que aqui se transcrevem: “Nossa mãe Maria sempre quer caminhar connosco, estar próxima, nos ajudar com a sua intercessão e o seu amor” Já são duzentos e sessenta e seis (266) os Papas que antecederam Leão XIV, sendo que o primeiro foi, precisamente, Simão Pedro, o lendário São Pedro, também referido como São Pedro Apóstolo e que as Igrejas Católica e Ortodoxa e muitos historiadores, consideram o primeiro bispo de Roma e o primeiro Papa. De salientar que desses 266 Papas, 83 estão reconhecidos, universalmente, como Santos, para lá daqueles que são considerados Servos de Deus, Veneráveis ou Beatos, sendo de realçar que 31 foram Mártires no conceito cristão e no contexto do Novo Testamento, porque preferiram morrer a renunciar à sua fé. Não porque deliberadamente se suicidaram como expressão máxima de condenável fanatismo religioso ou ideológico, note- -se bem. Paralelamente, a mesma Igreja Católica reconheceu, por meio do rigoroso processo de canonização que é bem conhecido, mais de 20.000 Santos e Beatos, incluindo homens e mulheres de todas as nacionalidades e proveniências. Importa igualmente ter em conta que 81 desses 20 000 Santos, 69 dos quais também foram Mártires, nasceram, viveram ou morreram em Portugal, ou nalgum dos seus anteriores domínios coloniais, o que bem ilustra o contributo relevante que os portugueses prestaram à Igreja Católica, sobretudo no domínio missionário. A verdadeira força da Igreja Católica reside nesta plêiade de seres humanos excepcionais, na auréola espiritual e na fenomenologia sobrenatural e miraculosa que irradiam. O que nos leva a augurar que o novo Santo Padre Leão XIV se afirmará, com acrescida autoridade, imparcialidade ideológica e política, como importante paladino da Paz e da Fraternidade universais, vocacionado para esvaziar o ódio acumulado entre tantos povos da Terra. E que a Igreja Católica Apostólica Romana cumprirá a sua divina missão até quando ao Criador aprouver. 

Henrique Pedro