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Alto da Caroça: o vinho que jorra de Samões

Ter, 02/06/2009 - 11:39


De um traje rural ganhou o nome. Das velhas vinhas e vinhedos retirou os aromas. Nas encostas verdejantes, salpicadas a cobre e terra, pintou-se de tonalidades quentes e atractivas. Da pureza transmontana, aliada às melhores castas vinhateiras, herdou qualidades e sabores únicos. Os vinhos Alto da Caroça, que integra as variedades Reserva, Colheita, Rosé e Branco, nascem pelas mãos da Sovisa – Sociedade de Vinhos de Samões, Lda., no concelho de Vila Flor.

Criada em 2001, esta empresa familiar, criada em 2001, colhe dos mais de 20 hectares das vinhas Cardanhas, Lamelas, Quinta do Marco, Nicho e Quinta do Vale das Fontes, dezenas de milhares de litros de vinho por ano.
O Jornal NORDESTE foi encontrar o enólogo da Sovisa, António Bártolo, à volta do engarrafamento de vinho nas instalações da Quinta da Ribeira do Lodões, em Vila Flor, onde “controla” a produção dos néctares em troca da prestação de alguns serviços, nomeadamente agrícolas, nos seus próprios terrenos.
Nascido em Samões, António Bártolo dedicou toda uma vida ao sector vitivinícola. Depois de concluído o curso na Escola Superior de Agronomia de Coimbra e uma passagem por Itália, para aprofundar conhecimentos na área, o enólogo regressou à Terra Quente, onde trabalhou no sector vitivinícola até há dois anos.
“Depois de me reformar e em função dos meus conhecimentos, decidi abraçar este projecto, sendo que já recebemos vários prémios, medalhas de Ouro e distinções qualidade/preço”, informou o responsável.
Segundo o enólogo, os néctares Alto da Caroça tornam-se especiais devido às características das vinhas mais velhas complementadas com as mais novas. “Fundamentalmente é a idade das vinhas que dá um toque diferente e é essa conjugação com a pouca maturidade das mais novas que dá mais vida ao vinho”, explicou António Bártolo.

Viver da produção vitivinícola na região é cada vez mais difícil

Apesar da qualidade e mérito já reconhecidos e premiados, enólogo lamenta que “estejamos numa crise tão profunda que vinhos deste tipo tenham dificuldades em inserir-se no mercado”.
Na óptica do responsável, aliada à falta de acessibilidades e redução nas vendas, a pouca procura por parte de apreciadores da região é mais um obstáculo a vencer. “É extremamente difícil chegar ao consumidor, muito por culpa da região onde estamos inseridos, pois a restauração daqui não recorre a produtos do concelho”, lamenta António Bártolo.
Assim sendo, a produção anual Alto da Caroça dificilmente é escoada. “Exportamos para o Canadá, Angola, França, Alemanha e Suíça, mas em quantidades reduzidas, pelo que mercado nacional é o que mais consome”, explicou o enólogo.
A par da crise instalada no sector, António Bártolo adianta que é difícil rentabilizar o investimento efectuado nos diversos equipamentos tecnológicos. “São necessárias verbas avultadas ao nível de tecnologias, pelo que estamos a jogar contra um conjunto de factores”, acrescentou.