Qua, 17/08/2005 - 16:30
As vitórias têm sido muitas ao longo dos cinco anos que estas figuras do desporto se encontram à frente dos destinos do Sport Club Mirandela.
Por tudo isto, e porque uma nova época se está já a preparar no grémio alvi-negro, O Jornal NORDESTE falou com o homem forte do futebol mirandelense: Waldemar Vilaverde
Jornal Nordeste (JN) – Quais os projectos para a nova época que se aproxima?
Waldemar Vilaverde (WV) – A manutenção garantida o mais rápido possível e sem sobressaltos é a principal arma. Queremos apanhar o comboio dos da frente e nunca mais o largar. Situarmo-nos entre os primeiros cinco e nunca daí sair até ao último jogo…
J.N. – Independentemente de tudo isso, conseguiram um plantel forte e muito equilibrado...
W.V. – Para ser o primeiro treino da época foi um excelente exercício de trabalho. Os atletas bateram-se muitíssimo bem no jogo, o que permitiu ao nosso técnico poder aquilatar os malefícios das férias e conhecer melhor aqueles que conhecia menos bem… Pelo treino ficou provado, mesmo aos mais cépticos, que os rapazes que fomos buscar são, efectivamente, reforços e dos bons. Obviamente que ainda não estão entrosados entre si e automatizados na táctica que o nosso técnico pretende implementar para esta época, mas ficamos contentes com aquilo que vimos. Mostraram entrega, capacidade de trabalho, bons níveis físicos e técnicos e, o que é mais importante, vontade de trabalhar. Todos os atletas faziam os exercícios com um sorriso nos lábios, escutavam os conselhos do técnico e notava-se que nas situações seguintes já faziam como o técnico orientava, ora isso só pode ser um bom sinal que são efectivamente, todos eles, as unidades ideais para o grupo que pretendemos formar. Diria mais, os reforços que contratamos são mais valias porque dão garantias de trabalho e de adaptação aos atletas que transitaram da última época para apurar o esquema técnico-táctico que Carlos Correia, com a colaboração do Nelo, planificou para a equipa. Sinto que este plantel vai saber interpretar melhor do que o ano passado o esquema de jogo do Sport Club.
J.N. – Este ano as dores de cabeça vão ser pela fartura em qualidade, para fazer o onze…
W.V. – A lição do ano passado foi elucidativa, o nosso técnico fez a parte final do campeonato, apenas, com dezasseis ou dezassete jogadores e este ano não queremos correr esse risco. Por isso, procuramos dotar a dupla Carlos Correia / Nelo com dois jogadores para cada posição. Se por um lado facilita a vida da equipa técnica, por outro obriga os atletas a trabalhar mais para ganhar o lugar e isso dá garantias de melhor qualidade. Termos sempre um atleta em grande forma para cada lugar da equipa é fundamental. Foi difícil, porque tivemos que nos cingir a um orçamento apertado e nós cumprimos sempre com as nossas obrigações e com o que nos comprometemos com os atletas, mas felizmente conseguimos um plantel barato para a sua qualidade, qualidade essa que nos dá garantias de um campeonato tranquilo.
J.N. – Fala-se muito que este é o último ano do vosso mandato à frente dos destinos do clube. Também se fala que estão cansados e desiludidos, mas a grande vontade é que esta direcção continue, uma vez que a maioria reconhece o excelente trabalho realizado…
W.V. – Um técnico vive de resultados, um ponta de lança de golos marcados e um guarda-redes de golos evitados. Uma direcção vive de apoios e estímulos, o trabalho é muito, são muitas horas tiradas à família e quando o apoio e as palavras simpáticas não acontecem a gente desilude-se e não tem vontade para continuar. Mas neste momento não estamos a pensar muito nisso, o nosso pensamento vai dirigido, apenas, para dar tudo por tudo e conseguirmos um bom campeonato. Queremos deixar tudo em condições, para que quem nos seguir tenha garantidos os pressupostos para que o clube continue cada vez com mais sucessos. Por isso, queremos deixar o clube saneado de dívidas e com saldo positivo, com uma boa equipa e o melhor possível de estruturas. Lembro que quando o nosso Presidente Virgílio Gomes entrou connosco para a direcção o clube estava mal, não tinha equipa, estava endividado e militava no campeonato distrital. Fruto de um bom trabalho, conseguimos o que conseguimos. Hoje o clube está bem, tem equipa, disputa a 3ª divisão, não deve nada a ninguém a não ser as dividas correntes que toda a empresa ou instituição tem. Neste momento, não estamos a pensar continuar, mas o futuro a Deus pertence!
JN- A Câmara tem apoiado o Clube?
WV - Temos tido o apoio da autarquia local, que é o mais importante, da maioria dos associados. Agora gostaríamos que o comércio e a indústria tivessem outra atitude para com o clube. Este clube merece tudo da cidade e merecia que os comerciantes e industriais se unissem todos para ajudar o clube, já que são poucos os que trabalham por amor á camisola. Isto requer muito trabalho e cada um tem a sua vida. As pessoas têm de compreender que quem anda aqui no dirigismo amadorista tem muito trabalho, faz muitos sacrifícios e o clube já precisava de ter alguém a trabalhar a tempo inteiro, e quem quer vir para aqui sem receber o seu ordenado? Não temos dinheiro para isso!!!... Durante estes cinco anos temos tido falta de apoios, apoios esses que os comerciantes e industriais da cidade podiam dar, mas apenas aquela meia dúzia se tem mantido fiel a apoiar-nos. E todos sabemos que, agora há muita gente que vem ver o futebol e isso traz riqueza para a terra. Com o clube nos distritais quem vem? Muito poucos e é isso que o comércio e industria de Mirandela não quer ver. Neste momento justificava-se que as camisolas tivessem escrito “Mirandela, terra da alheira”, quando jogamos em qualquer estádio ouvimos pregões como: “Olha a alheira, Olha os das alheiras”, mas a alheira não está nas nossas camisolas!!!
