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Aplicação “Viv@vó Maria da Graça” considerada um dos melhores projectos educativos

Qua, 09/12/2020 - 19:02


Projecto dá a conhecer músicas, costumes e dizeres populares da região transmontana, contados pela avó Maria da Graça, de Agrochão

A aplicação móvel “Viv@ vó Maria da Graça”, do Instituto Politécnico de Bragança, foi considerada um dos melhores projectos educativos em design pela Bienal de Design 2019/2020. Há cerca e três anos os alunos da licenciatura em Multimédia da Escola Superior de Comunicação, Administração e Turismo do IPB começaram a recolher testemunhos, histórias e canções da avó Maria da Graça. Natural de Agrochão, no concelho de Vinhais, tem 79 anos e foi professora primária. Ao longo da sua vida escreveu um livro com tudo o que aprendeu com as gerações passadas. Os alunos de Multimédia não quiseram que estas vivências se perdessem e, por isso, criaram esta aplicação, que conta com mais de 60 músicas, artefactos, lendas e histórias, gravadas de forma audiovisual, em Agrochão, mas também nos estúdios do IPB. Com a pandemia o projecto ficou por concluir e Maria da Graça Afonso teme que a falta de memória a atraiçoe e não fiquem gravadas muitas das tradições que ainda conhece. “Eu agradeço muito ao IPB, porque a minha vontade era que ficasse tudo gravado. Algumas coisas já nem me lembro agora. A gente vai perdendo a memória e é disso que eu tenho pena”, referiu, salientando que há costumes que ninguém irá conhecer nunca mais. As tecnologias e a distracção dos mais novos com os dispositivos inovadores têm desiludido a avó Maria da Graça, que disse que as novas gerações não estão interessadas naquilo que se vivia antigamente. “Não quer dizer que não haja alguns jovens que não gostem de saber, mas estão ligados à internet e ao telemóvel. Eu vejo os meus netos, digo- -lhes para jogarem jogos e estão no telemóvel a ver filmes. Eu tenho um desgosto com isso”, afirmou. Para o professor Carlos Costa, responsável pelo design da aplicação, parece óbvio o motivo pela qual receberam esta distinção. “Sobretudo foi pela quantidade de informação, com qualidade, que foi captada como testemunho e legado daquilo que é a cultural material e imaterial de um povo”, frisou. O docente salientou ainda que este trabalho já devia ter sido desenvolvido há mais tempo e com mais idosos, uma vez que com a pandemia, muitos tem falecido e há muito conhecimento que ficam com eles. “Não deixar morrer todo este legado de Trás-os-Montes, que é uma região única, com as suas particularidades específicas de um povo”. 

Jornalista: 
Ângela Pais