Ter, 08/09/2009 - 10:31
A aventura de fabricar este secular instrumento começou há 16 anos na pequena aldeia raiana de Constantim, no concelho de Miranda do Douro, onde as raízes musicais das regiões espanholas de Aliste e Sanabria estão bem presentes. Contudo, o construtor prefere a sonoridade da gaita mirandesa, que, recentemente, foi alvo de um processo de padronização levado a efeito por um grupo de músicos e artesãos oriundos de todo o País, entre os quais Célio Pires.
Não sendo esta a sua principal actividade, já que é militar da GNR, o artesão dedica, ainda, uma boa parte do seu tempo livre ao estudo dos sons mais reais e a afinações mais certeiras deste instrumento.
O fabricante não constrói, apenas, gaitas-de-foles mirandesas. Da sua pequena oficina saem, também, instrumentos escoceses, sanabresas ou galegas (Espanha).
Para construir uma gaita-de-foles de qualidade, Célio Pires tem em conta diversos factores, como a escolha das madeiras para as ponteiras e ronco ou a pele para o fole. As técnicas de fabrico passam de geração em geração e, por vezes, são utilizadas ferramentas arcaicas feitas à mão, como um simples furador talhado à medida ou um torno movido a pedal para esculpir a madeira. Para dar som a uma gaita-de-foles são precisos 15 dias de trabalho, já que se trata de uma arte muito meticulosa e de grande paciência. “É preciso muita concentração e muita certeza nas ferramentas ou brocas a utilizar para furar a madeira”, salientou o gaiteiro.
“Com a padronização da gaita-de-foles mirandesa, houve um ressurgimento do instrumento, sendo comum ouvir o seu timbre em várias festas ou festivais de música tradicional espalhados um pouco por todo o País”, afiança o construtor.
No entanto, para se adquirir uma gaita-de-foles mirandesa afinada segundo o método da padronização, os interessados terão de desembolsar, em média, cerca de 750 euros por cada instrumento.