Ter, 10/08/2021 - 11:31
A perda da população na última década, no concelho de Torre de Moncorvo, foi um dos temas que esteve em destaque no debate entre os quatro candidatos à presidência da Câmara Municipal promovido pela Rádio Brigantia e Jornal Nordeste. A preocupação é geral, mas os cabeças de lista diferem nas causas e soluções para contrariar a tendência. O candidato pelo Movimento Independente de Moncorvenses - Nós- Aliança, João Marrana, criticou o que diz ser a falta de democracia no município e acredita que uma das soluções passa por melhorar as condições de saúde, por entender que “ninguém se fixa num concelho onde as questões da saúde não estão asseguradas”. A “primeira medida concreta é a reabertura das urgências da saúde 24 horas e um serviço de saúde eficaz para todos os munícipes”, prometendo ainda implementar um plano municipal de saúde. Outra aposta será na educação. “Temos de melhorar o serviço e criar novas ofertas, captando novos alunos através de novas iniciativas como, por exemplo, a criação de uma escola profissional ligada às artes e ao turismo”, avançou. Já o recandidato a um terceiro mandato pelo PSD e actual autarca, Nuno Gonçalves, insistiu que a perda de residentes é culpa das políticas do Estado central, nomeadamente da retirada de serviços, recusando que este é um problema meramente municipal e pede acções concretas como “pensar o território como uma área transfronteiriça”, com “uma união fiscal e uma união laboral” dos dois lados da fronteira e acredita que, dessa forma, seria possível “atrair trabalhadores de ambos os lados e aí sim ter uma região desenvolvida”, destacando que ao contrário de outros países europeus, em Portugal e Espanha a pobreza é maior na zona raiana. “Os municípios tentam, por tudo, ir buscar fundos para aumentar essa capacidade de fixar pessoas, nomeadamente em Moncorvo com a nova área de acolhimento empresarial”, afirma. Por seu lado, Adriano Menino, cabeça de lista pelo PS, considera que há acções que devem ser desenvolvidas pelas autarquias, para criar condições de fixação das pessoas como um seguro de saúde gratuito, que propõe bem como um apoio directo na criação de emprego. “Nós podemos e devemos ter esse papel. Já intervimos no turismo, na cultura, até na área da saúde, quando, por exemplo, facilitamos o alojamento médico. Por que não intervir no mercado de trabalho? Ajudar as empresas, financiar o apoio directo à criação de postos de trabalho, devidamente pagos, contratos sem termo, ajudar nos custos sociais do trabalho para que as empresas contratem, que haja segurança e estabilidade às famílias. Isto não é um custo para autarquia, isto é um investimento, esse dinheiro tem retorno na economia porque as famílias vão comprar casa, as famílias vão-se estabelecer em Torre de Moncorvo”, sustentou. Catarina da Costa, candidata da CDU, propõe reverter a agregação de freguesias, para melhorar a ligação da população à autarquia e, assim, a resolução de problemas, defendendo também que a urgência funcione a tempo inteiro. Além disso considera ainda que a câmara pode atribuir directamente rendimentos aos munícipes. “Há uma iniciativa em Alcácer do Sal, que é o rendimento básico incondicional, que as pessoas com mais de 18 anos podem solicitar, não é cobrado impostos, e acredito que haveria muitos jovens de Moncorvo a aproveitarem esse rendimento para apostarem na sua terra”, defende. A candidata defende ainda uma aposta na “agricultura regenerativa”, que entende “poderia ajudar a atrair pessoas, talvez a autarquia possa promover esse aspecto, para que quem está fora do país conheça o nosso concelho e, quem está no país e é filho da terra, tentar criar condições para que voltem”. Quanto à recuperação da pandemia, as candidaturas falam da necessidade de apoios às empresas e ao comércio. João Marrana acusou o actual executivo de não apoiar os comerciantes durante a pandemia, mas Nuno Gonçalves garante que as rendas não foram cobradas aos comerciantes e destacou a medida de reembolso de um montante gasto no comércio e restauração local, criticando, por outro lado o apoio dado pelo governo aos pequenos comerciantes, que implicava a necessidade de investimentos. Adriano Menino avança que uma das medidas propostas pela candidatura é um seguro de saúde municipal, que comparticiparia exames, medicamentos e transporte de doentes. “Esta medida seria complementar ao SNS. Todos os serviços que possam ser prestados no nosso concelho serão aqui prestados”, esclarece, afirmando que também se baterá pela reabertura das urgências. Sobre a proposta da criação de um seguro municipal, Nuno Gonçalves afirmou que está previsto no plano de actividades municipais de Torre de Moncorvo. Sobre a nova zona industrial anunciada, o candidato do PS, considera que é uma duplicação de investimento, criticando o facto de a zona industrial do Larinho estar “votada ao abandono”, quando “tem ainda uma área de expansão para construção”. Marrana critica não se ter envolvido os operadores turísticos na planificação do sector não os tendo “convocado para o planeamento do projecto dos miradouros e baloiços” e considera que Moncorvo devia ter um plano municipal de turismo, dizendo que quer “redimensionar Moncorvo” e fazer do concelho “um pólo nacional de atracção”. Para isso propõe a criação de um festival de Verão, com a designação Nordeste. A aposta em projectos e na projecção turística são valorizados por Nuno Gonçalves. “Os lagos do Sabor têm uma importância fulcral e vamos trazer para cá já este ano, o campeonato nacional de pesca, a taça nacional de pesca e, em 2022, o campeonato do mundo. Temos muitas coisas para desfrutar, mas queremos ir mais além, queremos que o Douro não seja só uma via navegável de passagem de cruzeiros, e por isso mesmo, lutamos com a APDL para que fosse construído um cais onde possam aportar esses barcos”, refere o autarca recandidato, que apresenta como proposta transformar a igreja matriz numa basílica menor. O candidato social democrata destaca ainda a transformação da amêndoa coberta em Indicação Geográfica Protegida (IGP) como “um projecto que deu uma notoriedade incrível ao concelho” e garante que se “nota bem a pujança em termos de turismo”. Segundo adianta, Moncorvo teve um aumento de 177% nas dormidas e viu os proveitos totais dos alojamentos turísticos crescerem 184%, entre 2014 e 2019. Adriano Menino afirma que há muito a fazer no turismo nomeadamente de forma a aumentar o tempo de permanência dos visitantes que ficam em média uma noite no concelho, apresentando como promessa avançar com a construção de um parque de campismo na Foz do Sabor, criar uma residência artística para atrair esse tipo de público e criar roteiros através de passadiços dos lagos do Sabor, promover o turismo cinegético e iniciar o processo de certificação das migas e peixe do rio.