Continuar a trabalhar para engrandecer Bragança

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Ter, 04/10/2005 - 14:40


Em entrevista ao Jornal NORDESTE, o candidato do PSD à Câmara de Bragança, Jorge Nunes, defende a obra feita em dois mandatos e critica a oposição por privilegiar a “política do bota abaixo”. O autarca continua a sonhar com a Universidade de Bragança e diz não abrir mão da ligação às Rias Baixas.

Jornal NORDESTE (JN) - Há 4 anos disse que não se candidataria a um terceiro mandato. O que o fez mudar de ideias?
Jorge Nunes – Referia-me à perspectiva de limitação de mandatos, a qual continuo a manter, defendendo na altura uma limitação a dois mandatos de cinco anos, tal como acontece com a Presidência da República. Continuo adepto dessa limitação por entender que a democracia funciona melhor, se fortalece, com a renovação de mandatos em períodos razoáveis e, por isso, referi que, com ou sem limitação legal de mandatos, me apresentava novamente a eleições autárquicas, o fazia a título excepcional e pela última vez, garantindo aos cidadãos toda a minha energia disponível para, em mais quatro anos, continuar a trabalhar para engrandecer Bragança.

JN - Que principais projectos reserva para um eventual novo mandato?
Jorge Nunes – O nosso programa de candidatura, amplamente difundido, está estruturado em treze capítulos, dos quais consta um vasto conjunto de acções e projectos, todos eles importantes. As atribuições e competências da Câmara Municipal são vastas e por isso a gestão tem de ser vista de modo integrado, ainda que alguns projectos ganhem destaque, como seja os que estão incluídos na área do desenvolvimento económico, da cidadania e do desporto e lazer.

JN - Durante estes 8 anos, qual foi a obra mais difícil de concretizar? E qual é aquela que mais o orgulha enquanto autarca?
Jorge Nunes - A obra mais difícil de concretizar, por ser de exclusiva responsabilidade em termos de financeiros da Câmara Municipal foi a da construção do Túnel e da Estação Rodoviária, obras para as quais foi necessário fazer negociações muito intensas, fazer escolhas em termos de aplicação de recursos e, também, por esta intervenção representar para a cidade uma evolução urbanística e de modernidade para a qual Bragança não parecia estar preparada.
A obra que mais me orgulha enquanto autarca, foi a da pavimentação de 86 ruas nos bairros da cidade ainda em terra batida, bem como a pavimentação de mais de 40 Km de passeios, obra que nos orgulha por serem bairros esquecidos, habitados por gente mais humilde, que refez as suas vidas do nada após o regresso das ex-colónias. Os bairros passaram a integrar de pleno direito aquela que, em oito anos de governo autárquico do PSD, passou para o grupo das cidades com mais qualidade no país.

JN - A oposição acusa-o de ter aplicado mal as verbas dos programas Polis e PROCOM. Admite corrigir alguma das intervenções? Quais?
Jorge Nunes – A oposição, de um modo geral, aparece junto dos eleitores com programas vazios de ideias, com destaque para a candidatura do PS, que começou por dar mais ênfase à destruição daquilo que os Bragançanos residentes apreciam e as pessoas que nos visitam valorizam. A imprensa de âmbito nacional tem vindo a destacar em várias áreas a boa evolução de Bragança, desde o jornal Público, que considerou Bragança como o bom exemplo ao nível do trânsito e mobilidade; o jornal Expresso, que no ano de 2004 nos colocou entre as primeiras cidades com mais qualidade para viver e também, este mês, a Revista GENTLEMEN QUARTERLY nos coloca entre as dez melhores cidades do país para viver. Destaco o facto do INE, no âmbito da avaliação do poder de compra concelhio, evidenciar uma subida de Bragança da 17.ª posição de entre as capitais de distrito para a 11.ª o que muito diz da boa evolução da economia do nosso concelho. A evolução não acontece sem vontade, trabalho e boa gestão dos recursos, ainda que nem tudo tenha sido feito na perfeição. Só não erra quem não faz. Mas às restantes candidaturas, em especial a do partido mais representativo da oposição, competia privilegiar as propostas para continuar a engrandecer Bragança e não ter surgido com a política do “bota abaixo”.

JN - Atendendo à conjuntura nacional, como espera obter financiamento para o parque Porta Norte?
Jorge Nunes – O projecto do parque de lazer e recreio da Quinta da Traginha deverá ser concretizado no âmbito de parcerias de cooperação fronteiriça e numa versão de custo mais reduzida do que o inicialmente previsto. Penso que este parque virá a ser uma boa referência urbana.

JN - Se pudesse voltar atrás, construiria a ETAR no mesmo local?
Jorge Nunes – A escolha do local foi decidida face a várias estudos técnico económicos e de impacto ambiental elaborados no de 1996/7 durante a gestão do Dr. Luís Mina, tendo a decisão recaído sobre a que foi nesse âmbito considerada a solução possível. Penso que a solução não voltará atrás. Trata-se sim de minimizar o impacto que a solução provoca em termos visuais, o que em parte já foi feito com a intervenção Polis e que demora algum tempo a ter resultados. Quanto aos cheiros que em certos dias se fazem sentir, foram já realizadas obras que irão eliminar esta situação, quer pela instalação de sistema de controlo de emissão de odores, melhoria do tratamento de lamas, obras que representam uma importante melhoria no seu funcionamento, conforme a Assembleia Municipal teve a oportunidade de constatar em visita feita ao local.

JN - E o Mercado, ficava na Praça Camões, ou voltaria a transferi-lo para o local onde se encontra?
Jorge Nunes – O Mercado Municipal é um equipamento moderno, funcional, ajustado a uma nova realidade económica e a uma nova realidade da cidade. Dotado de bons acessos, com parque de estacionamento subterrâneo, atractivo, limpo e com muitos consumidores na envolvente. Os actuais e futuros operadores irão ganhando novo folgo na actividade, garantindo produtos de qualidade e, por isso, cada ano a actual localização se afirmará como uma referência ao lado da catedral e de outros bons equipamentos públicos.

JN - Acredita que há vontade política para ligar Bragança à autovia das Rias Baixas?
Jorge Nunes - Acredito que a ligação será inevitavelmente realizada. A vontade política penso que está já em parte conseguida. No tempo recente em que foi Secretário de Estado o Sr. Eng. Jorge Costa, essa determinação existia e as negociações com Espanha foram iniciadas. Começamos um novo ciclo com outro Governo e vai ser necessário um novo esforço de sensibilização, uma espécie de reinício. A prioridade tem que ser centrada na construção da A4 até Quintanilha e, paralelamente, garantir a realização dos estudos de ligação do IP2 à Puebla de Sanábria, enquanto avança a construção do TGV, que passa nessa localidade.

JN - Ainda acredita na criação da Universidade de Bragança?
Jorge Nunes – Acredito ser uma luta necessária e fundamental para o desenvolvimento económico da região. Garantir a evolução progressiva do IPB para Universidade é um desafio, de outro modo a região de Bragança vai perder muito em termos de afirmação e oportunidade económica. São os cidadãos que o vão sentir, não os políticos, aqueles que a nível local fizeram promessas e voltaram costas defendendo prioritariamente a sua posição dentro dos partidos, voltando costas aos cidadãos.

JN - Está desiludido com o número de postos de trabalho criados pela Faurecia?
Jorge Nunes – O projecto da Faurécia está em evolução. È um projecto importante para Bragança no sentido da criação de emprego numa área tecnológica relevante para o país. Os últimos tempos para a economia do país não têm sido dos melhores, também o alargamento da UE coloca novos desafios à competitividade da economia. Gostava que o número de postos de trabalho aumentasse e que outras empresas de componentes aí se viessem a fixar, aumentando este pequeno cluster da indústria automóvel, de modo a diversificar a economia garantindo mais estabilidade. De salientar que Valladolid está muito próximo e que aí se localiza a principal indústria automóvel do país vizinho.

JN - O candidato do PS considera que a pista do Aeródromo deveria ter sido ampliada para 2.200 metros. Concorda? Tem em mente uma nova ampliação?
Jorge Nunes – Bragança deu um salto enorme nesta matéria, garantindo a quarta maior pista de aviação civil do continente, tendo sido o primeiro Aeródromo Municipal a obter autorização para a realização de voos intencionais. A evolução que prevejo para o nosso aeródromo é a de passar no futuro a Aeroporto Regional. No entanto é preciso garantir acordos, parcerias de funcionamento que viabilizem tal evolução. Será essa também uma nossa preocupação.

JN - O que é preciso fazer para transformar a Cidadela num pólo de forte atracção turística, à semelhança do que acontece em Óbidos, por exemplo?
Jorge Nunes – Fizemos um trabalho muito importante de valorização da envolvente do castelo em termos paisagísticos e de iluminação, bem como de renovação do centro histórico, que ganhou nova atractividade e novas oportunidades. Na cidadela estamos a proceder à renovação de fachadas e coberturas dos edifícios, a construir o Museu da Máscara e do Traje. Há novos projectos aprovados de âmbito privado para o interior da cidadela. Como em tudo na vida as coisas boas somam e vão dando origem a grandes obras, assim será na cidadela. Pensamos vir a trabalhar a candidatura junto da UNESCO.

JN - Acusam-no de ainda não ter explicado totalmente o chamado “negócio do shopping. O que levou a Câmara Municipal a ceder um terreno avaliado em milhares de contos à empresa Parq B?
Jorge Nunes - A parceria público privada realizada para a construção do Parque de Estacionamento subterrâneo e sede de Junta de Freguesia da Sé resultou de um concurso público internacional, aprovado em Assembleia Municipal, concretizado de acordo com a legislação em vigor, sem cartas debaixo da mesa. Nos termos do referido concurso, foi disponibilizado aos concorrentes um terreno, avaliado pelas Finanças em 164 079, 3 contos, na parte correspondente à área comercial edificada, correspondente a 46,11% do valor global da parcela, visto a Câmara Municipal ser proprietária de 53,89% do conjunto edificado (Parque de Estacionamento e sede da Junta de freguesia, cujo valor é de 780 000 contos). O valor de 800 000 contos habitualmente referido (quando deveria ser de 969 600 contos, valor fixado pelas Finanças) corresponde ao valor global ocupado pela parcela de terreno envolvente ao Teatro; implantação do Teatro; parte ocupada pela entrada do túnel; parte correspondente ao Centro Comercial e a parte correspondente ao Parque de Estacionamento e sede da Junta de Freguesia da Sé.
A Câmara, nos termos do concurso público, entregou uma parcela de terreno, no valor de 164 079,3 contos à concessão do estacionamento e recebeu património já registado em seu nome, no valor de 780 000 contos. A Câmara fez um bom investimento patrimonial, requalificou e modernizou um espaço público abandonado no centro da cidade, proporcionou a criação de muitos postos de trabalho e passou a garantir no centro da cidade de um grande Parque de Estacionamento subterrâneo. Em todo o processo foi respeitada a legalidade e defendido o interesse público, independentemente de relativamente à metodologia administrativa seguida poderem existir algumas divergências, fruto da falta de clareza legislativa no que respeita à realização de parcerias de natureza público privada.

JN - Como espera contornar os obstáculos que têm dificultado a construção da barragem do Alto Sabor?
Jorge Nunes – Os obstáculos relativos à construção da barragem de Veiguinhas tem que ser superados por iniciativa do Sistema Multimunicipal de Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro, com apoio da Câmara Municipal, sendo que o problema é fundamentalmente de decisão politica. Penso que a situação será resolvida em tempo oportuno.

JN - O que é preciso fazer para convencer os bragançanos a utilizar os parques de estacionamento? Que problemas afectam o parque da Praça Camões, onde a falta de elevador dificulta a mobilidade de cidadãos com deficiência?
Jorge Nunes – A existência na cidade de Bragança de mais de 800 lugares de estacionamento subterrâneo, conseguidos em muito pouco tempo, é sem dúvida um avanço notável comparando com cidades de idêntica dimensão. Poderão passar vários anos sem que outro parque subterrâneo venha a ser construído. Bragança de uma só vez resolveu o problema para alguns anos. Não é pois de estranhar que os parques disponham ainda de taxas de estacionamento baixas, até porque Bragança é uma cidade bem estruturada com muitos lugares de estacionamento de superfície. Ainda assim, no mês de Agosto, o Parque da Praça Camões teve 16 633 entradas e o da Praça Cavaleiro de Ferreira 29 811 entradas.

JN - Que projectos tem em mente para desencravar a vila de Izeda?
Jorge Nunes – A vila de Izeda nos últimos oito anos, em particular neste último mandato, teve investimentos muito grandes, em equipamentos sociais e culturais, na requalificação de espaços públicos, na resolução do abastecimento de água, na limpeza e pequenos arranjos, tendo a Câmara destacado um funcionário em regime permanente. A vila está hoje muito melhor do que seria esperado em tão curto espaço de tempo.

Entrevista de João Campos

“Em todo o processo [do Fórum Theatrum] foi respeitada a legalidade e defendido o interesse público, independentemente de relativamente à metodologia administrativa seguida poderem existir algumas divergências, fruto da falta de clareza legislativa no que respeita à realização de parcerias de natureza público privada”

“Penso que a solução [da ETAR] não voltará atrás. Trata-se sim de minimizar o impacto que a solução provoca em termos visuais, o que em parte já foi feito com a intervenção Polis e que demora algum tempo a ter resultados”.