Há oito concelhos no distrito sem mexidas

PUB.

Ter, 28/09/2021 - 10:24


Vinhais, Vimioso, Carrazeda de Ansiães, Torre de Moncorvo, Macedo de Cavaleiros, Mirandela, Alfândega da Fé e Bragança mantêm os mesmos presidentes de câmara

As reviravoltas de domingo à noite deixaram o distrito mais pintado de cor-de-laranja, um cenário que, pelo menos, nos últimos quatro anos não se registava, tempo em que os socialistas assumiam mais câmaras. Reviravoltas à parte, no distrito de Bragança há oito candidatos, que no domingo se apresentaram a sufrágio, que vão continuar a sentar-se na cadeira do poder, sendo que foram reconduzidos ao cargo. Destes, quatro são socialistas - Luís Fernandes (Vinhais), Benjamim Rodrigues (Macedo de Cavaleiros), Júlia Rodrigues (Mirandela) e Eduardo Tavares (Alfândega da Fé) - e outros quatro social-democratas - Vimioso (Jorge Fidalgo), Carrazeda de Ansiães (João Gonçalves), Torre de Moncorvo (Nuno Gonçalves) e Hernâni Dias (Bragança).

Vinhais

O socialista Luís Fernandes voltou a ser eleito presidente da Câmara Municipal de Vinhais. Os vinhaenses escolheram o presidente que já conheciam há quatro anos para continuar a comandar os destinos do concelho. Luís Fernandes sucedeu, há quatro anos, ao também socialista Américo Pereira. À semelhança do que aconteceu nas autárquicas de 2017, defrontava o social-democrata Carlos Almendra, que há quatro anos lhe deu luta, assim como se esperava que agora acontecesse. Em 2017 apenas 73 votos separaram estes dois candidatos. Agora ficaram separados por 408. O autarca socialista disse estar “muito satisfeito” pois, “como se vê pelos números, a vitória sai reforçada”. “Pelo que nos tínhamos apercebido, nesta última parte da campanha eleitoral, esperávamos que as coisas corressem desta forma. Estou muito satisfeito por esta subida que houve, em relação há quatro anos”, afirmou ainda. Este resultado permite, em termos políticos, “tomar outras medidas e opções”. Luís Fernandes ganhou com 50,67% dos votos (3421), contra 44,62% (3013) de Carlos Almendra. O Chega, que participou pela primeira vez em eleições autárquicas, apresentou candidato em Vinhais. Nivardo Rodrigues teve 103 votos (1,53%). A CDU, com Amândio Pereira, arrecadou 0,52%.

Vimioso

O presidente da Câmara Municipal de Vimioso também foi reconduzido ao cargo. Jorge Fidalgo foi eleito para um terceiro e último mandato. À semelhança de Luís Fernandes, o social-democrata também teve a votação reforçada. Há quatro anos havia ficado com 57,27% dos votos, ou seja, 2052. Desta vez ganhou com 63,38%, ainda que se traduza num número inferior de votantes, 2020. Este resultado, que “era relativamente esperado”, deixou o social-democrata bastante satisfeito. “É uma vitória que há muito tempo não se tinha no concelho de Vimioso”, assinalou, agradecendo aos vimiosenses a “confiança” que transmitiram. Jorge Fidalgo defrontava, nestas autárquicas, o socialista Vítor Pires, que arrecadou 28,27% dos votos. Há quatro anos a derrota do PS não tinha sido tão expressiva. Os socialistas haviam conseguido chegar aos 35,33%. Em 2017, em Vimioso, a CDU arrecadou 1,38% dos votos. Resultado praticamente igual ao de 2017, ano em que a sufrágio também se apresentou o CDS-PP.

Carrazeda de Ansiães

No concelho de Carrazeda de Ansiães o laranja continua a fazer-se valer e agora ainda com mais expressão. Os social-democratas também continuam no poder. João Gonçalves venceu com maioria absoluta, ao contrário de 2017, e segue agora para um segundo mandato. O candidato do PSD defrontou, tal como há quatro anos, o Movimento Unidos Por Carrazeda, encabeçado por Frederico Meireles. Em 2017 João Gonçalves ganhou com 48,4% dos votos (2069), contra 44,3% (1894) de Frederico Meireles. Desta vez o PSD arrecadou 59,65% da votação (2321), contra os 28,53% (1110) do movimento. Neste concelho, Rodolfo Moreno, que encabeçava a lista do PS, arrecadou apenas 5,27% dos votos, sendo que há quatro anos não havia proposta socialista. A CDU, com Manuel Madureira, levou 1,23% das intenções de voto, perdendo algum terreno, relativamente a 2017 (2,71%). João Gonçalves disse que estava preparado para qualquer resultado, mas, “obviamente, que estava confiante numa vitória”, que se revelou “expressiva”. “Durante a campanha pedi aos carrazedenses uma vitória expressiva portanto considero que percebam a minha mensagem, aceitaram as nossas propostas e acreditaram em nós. Só tenho que agradecer e tentar retribuir com um mandato em que se executem as nossas propostas”, esclareceu o autarca, que acredita que o resultado reforçado “corresponde ao reconhecimento do trabalho executado”.

Torre de Moncorvo

No concelho de Torre de Moncorvo é um social-democrata que vai continuar no poder. Os moncorvenses escolheram, de novo, Nuno Gonçalves, para comandar os destinos da câmara, que segue para um terceiro e último mandato. O candidato do PSD, em coligação com o CDS-PP, ganhou com maioria absoluta mas a vitória não tão expressiva como há quatro anos. A candidatura de Nuno Gonçalves arrecadou 52,11% dos votos (2882), sendo que em 2017 havia conquistado 56,69% das intenções de voto, ou seja, 3194. Em Torre de Moncorvo o PS ganhou terreno relativamente a 2017. Em 2021, com Adriano Menino, chegou a ultrapassar os 42% dos votos, contra os pouco mais de 36% em 2017. O autarca de Moncorvo diz que este era o resultado que esperava, sublinhando que, das 13 freguesias do concelho, têm agora 12, sendo que até aqui dez eram PSD. “A confiança vai-se ganhando no dia- -a-dia. Esta foi a expressão que os eleitores nos quiseram dar, reforçando-nos com mais duas freguesias”, disse Nuno Gonçalves, que admitiu que se vai continuar a “trabalhar e inovar”, continuando com a mesma força, “como se fosse o primeiro mandato”. Neste concelho, a sufrágio ainda se apresentou, pela primeira vez, o Movimento de Moncorvenses, encabeçado por João Marrana. Segundo já disseram os fundadores a este jornal, o movimento cívico, que nasceu bem antes destas eleições, no Facebook, tem servido para os moncorvenses falaram, sem “medo”, do que acreditam que está mal no concelho. Prometia-se mudança e transparência, mas os cidadãos preferiram manter Nuno Gonçalves no comando e apenas 98 pessoas votaram nesta opção, o que se traduziu em 1,77%. Em Torre de Moncorvo, tal como há quatro anos, também a CDU apresentou candidatura. Catarina Costa encabeçou a opção comunista. Arrecadou 1,12% dos votos, basicamente o mesmo que em 2017.

Macedo de Cavaleiros

No concelho de Macedo de Cavaleiros os socialistas mantêm-se no poder. Benjamim Rodrigues, que há quatro anos foi eleito pelo PS, roubando a câmara aos social-democratas, voltou a ser o escolhido pelos macedenses. Os números pouco mexeram. O autarca ganhou com 48,51% dos votos (5076), uma percentagem pouco inferior à de 2017, que foi de 49,29% (5475). Depois de um primeiro mandato marcado por algumas surpresas, Benjamim Rodrigues afirma que “a vitória tem um sabor especial”. “Não era fácil pensar nesta margem tão confortável porque estávamos num processo conturbado de fracionamento do partido. Houve pessoas que foram dissidentes”, começou por dizer, lembrando que um dos adversários conseguiu criar uma candidatura independente, “que avançou no período mais frágil do executivo”, em que o vice-presidente abandonara o cargo, passando a ser vereador sem pelouros e apoiando a candidatura social-democrata. “Apesar de tudo isso conseguimos ter uma vantagem muito superior”, referiu ainda, dizendo que agora pensa que estes problemas não se repetirão. Olhando ainda para as autárquicas de 2017, a coligação PSD/CDS-PP também perdeu algum terreno: pouco mais de 40% foi o resultado deste ano, que há quatro anos era de 44,2%. Em 2017, pelo partido laranja apresentava-se Duarte Moreno, que à época era presidente há quatro anos, e agora era Nuno Morais que encabeçava a proposta social-democrata. A sufrágio, desta vez, também foi Rui Vaz, pelo Movimento Unidos Por Macedo, tendo arrecadado 5,7 dos votos. Neste concelho também se apresentou a votos, pela primeira vez, o Chega, com Rui Pacheco. arrecadou 1,2% dos votos. A CDU, com Carlos Cunha também foi a votação: pouco mais de 1% foi o resultado final. Há quatro anos, quando o Bloco de Esquerda também ali se candidatou, chegou aos um e meio, em termos percentuais.

Mirandela

Mirandela e Macedo de Cavaleiros estiveram, há quatro anos, entre as grandes surpresas da noite eleitoral. Os socialistas, nestes dois concelhos, destronaram o PSD, sendo que em Mirandela nunca havia existido uma câmara cor-de-rosa. Desta vez, tanto num como outro concelho, tudo se mantém na mesma. Júlia Rodrigues, que se voltou a apresentar pelo PS, conquistou, de novo, a confiança dos mirandelenses e cumprirá um segundo mandato. Desta vez, a socialista ganhou com maioria absoluta. Arrecadou 51,88% dos votos (7381). Há quatro anos havia conseguido conquistar um pouco menos, 47,27% (6813). Júlia Rodrigues não escondeu a satisfação pela vitória e admitiu que este é o “desafio” da sua vida. “É uma responsabilidade para com todos os mirandelenses. Estou certa que serão quatro anos de muito trabalho, em que Mirandela estará sempre em primeiro lugar. Vamos trabalhar”, admitiu a autarca, que perspectiva quatro anos “desafiantes”, estando empenhada em “fazer tudo”. O PSD perdeu terreno em Mirandela. Em 2017 António Branco angariou 41,44% dos votos. Agora, Duarte Travanca, que encabeçava a proposta laranja, ficou-se pelos 32,58% para o PSD. O CDS-PP ficou com 7,8%, o que se traduz em 1077 votos, mais 296 votos do que há quatro anos, mas insuficiente para Helena Chéu ser eleita vereadora. Mirandela foi um dos cinco municípios do distrito em que o Chega apresentou candidato. 2,3% foi o resultado que Ricardo Garcia arrecadou, 320 votos. Finalmente a CDU, com Manuel Mateus ficou-se pelos 256 votos, 1,9%, menos 15 votos do que o resultado de 2017.

Alfândega da Fé

Em Alfândega da Fé eram os socialistas que governavam a câmara e assim se vai manter. O candidato que encabeçou a lista do PS, Eduardo Tavares, foi eleito pela primeira vez e vai, portanto, cumprir um primeiro mandato, ainda que já fosse presidente. Apesar das tentativas de contacto, até ao fecho desta edição, não foi possível obter qualquer declaração de Eduardo Tavares. O socialista, no mandato passado, ocupou o lugar de vice-presidente e subiu à presidência da câmara quando Berta Nunes, que estava a cumprir um terceiro e último mandato, suspendeu funções, ao se candidatar, pelo PS, às eleições legislativas de 2019, por Bragança. Berta Nunes não foi eleita deputada na Assembleia da República, já que os brigantinos elegeram apenas um deputado socialista, Jorge Gomes. Ainda assim, foi convidada para exercer funções de Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, cargo que decidiu aceitar e se mantém. Neste concelho, o socialismo também reforçou poder já que a vitória foi mais expressiva. Eduardo Tavares ganhou a câmara com 51,71% dos votos (2026). Em 2017 o PS arrecadou quase metade dos votos 49,72% (1941). Vítor Bebiano, vereador da oposição, que se candidatou pelo PSD/CDS-PP, tanto em 2021 como 2017, não conseguiu destronar os socialistas como tanto ambicionou. Nestas autárquicas ficou abaixo quase 2% (42,9%) em 2021 face aos 44,72% de 2017. Alfândega da Fé é o concelho que mais se aproximou do que há quatro anos aconteceu e, por isso, onde os números pouco mexeram. Maria Eugénia Gouveia apresentou-se pela CDU, angariou 1,23% dos votos. A coligação, há quatro anos, havia conseguido pouco menos que este resultado (1,05%).

Jornalista: 
Carina Alves