Múltiplas valências no emaranhado da água.

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Ter, 02/08/2005 - 16:34


Cidadãos, instituições privadas e estado debruçam-se sobre esta problemática e, tocando a ferida à sua maneira, dão conselhos e apresentam soluções.

Fala-se então na inadequada utilização da água, desperdícios, roubos, tratamento precário e caro, verificação de qualidade, consumos, preço e utilização para fins agro-pecuários. Indicam-se normas para lavar os dentes, tomar banho, puxar o autoclismo, dirigidas à população, ou seja, à redução do consumo, apelando à consciencialização dos cidadãos.
Educar para conseguir a concretização deste desígnio é trabalhar a longo prazo, anos, décadas, gerações.
Atente-se no que acontece na solução do incumprimento das normas de trânsito por via da consciencialização, ou na limpeza urbana, em que cidadãos, aparentemente normais, e tendo à mão recipientes próprios e ecocentros despejam lixos e entulhos nas bermas dos caminhos, estradas e tudo o que é canto.
A educação cívica, a consciencialização dos problemas da sociedade actual, como o controlo da água, são morosos pois implicam para além da mudança de hábitos, a mudança de mentalidade, o que é mais complexo, e brigam com comodidade e interesses pessoais.
Enquanto esperamos entendo que é o Poder, sem dramatismos, que deve consciencializar a prática de medidas que permitam esperar pela colaboração dos cidadãos.
Somos bons no tratamento dos problemas, sejamos bons a evitar os problemas.
Na medicina fazer a profilaxia da doença, é o melhor.
Na floresta fazer a prevenção dos fogos através da limpeza das matas, é o melhor.
Na água fazer a prevenção pelo armazenamento, é o melhor e permite esperar, sem sobressaltos, pela tal consciencialização.
A água chega se evitarmos que se escoe para o mar em tão grande quantidade.
Mogadouro há 12/15 anos não dispunha de água nem para puxar o autoclismo. Construiu-se a barragem de Penas Roias e o resultado está à vista.
É nesta óptica que o Poder tem que agir, armazenar água quando chove para utilizá-la em período de seca. Faz-se assim com a energia eléctrica.
Façam charcas e pequenas albufeiras para utilização agro-pecuárias, barragens para armazenamento e produção de energia, limpem as captações de nascente e façam a prospecção e captação de águas subterrâneas.
O concelho de Mogadouro suporta, até prova em contrário, sem alterações substanciais do ecossistema, a barragem do Baixo Sabor, as albufeiras da ribeira dos Aguachais e do Pontão, esta também para embelezamento da vila, e diversas charcas.
O armazenamento é a base da solução, outras medidas, embora importantes, serão sempre adjacentes. A abrangência do problema envolve muitos estudos como a reorganização da floresta evitando grandes manchas de eucaliptos, tratamento adequado da dependência de Espanha, completar o sistema do Alqueva, investir na distribuição em alta e baixa, não adiando a construção de barragens, nomeadamente a do Baixo Sabor.
E haverá fundos para tudo isto!?
Julgo que sim desde que não esqueçamos que construímos 10 estádios de futebol no valor de milhões de contos, podendo resolver os compromissos do Euro 2004 apenas com três, ou que não nos atrevamos a nova Expo 98 e outras.
Se vamos repetir estas situações com a OTA ou o TGV arriscamos dizer que o Gabinete de Seca veio para ficar.

Morais Machado