Pandemia encerra restaurante aberto há duas décadas em Bragança

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Ter, 16/03/2021 - 14:50


21 anos depois de ter aberto portas, o restaurante “Grelhador”, em Bragança, teve que encerrar devido à pandemia e todas as restrições impostas.

Este foi só mais um dos restaurantes a passar dificuldades, já que as despesas são muito superiores aos rendimentos. Paulo Reis vê agora chegar ao fim o negócio dos pais, onde cresceu e passou grande parte do tempo. “Este último ano foi difícil para toda a gente. Um ano inteiro, em que seis meses foram a meio gás, é complicado suportar tanta despesa, de luz, internet, televisões, contabilidade, funcionários, água”, referiu, acrescentando que as poupanças que tinham na “conta do restaurante desapareceu de um momento para o outro”. Assim, a solução foi fechar definitivamente e foram dispensados cinco funcionários. Os grandes jantares no restaurante “Grelhador”, com grupos de turistas e de estudantes, eram o seu principal rendimento. “O restaurante funcionou sempre bem. Trabalhávamos com excursões, com empresas de turismo de Espanha, trabalhávamos com grandes grupos de estudantes, muitos jantares e a partir do momento que só podíamos ter no máximo seis pessoas por mesa, foi tudo anulado”, contou. A idade e o estado de saúde dos pais de Paulo Reis também contribuíram para que a decisão fosse tomada. “Devido aos meus pais estarem atravessar problemas de saúde e estarem já fartos e cansados de toda esta situação decidiram fechar”, afirmou, salientando que, se não fosse a pandemia, “não haja dúvida que manteriam ainda o negócio aberto”. O Jornal Nordeste sabe que há ainda outra empresa do sector em Bragança a ponderar fechar as portas devido à pandemia.

Apoios atrasados

Os apoios do Governo, para além do Lay-off e dos empréstimos, estão atrasados e, por isso, os empresários continuam ainda sob pressão. “O que foi prometido pelo Governo ainda não chegou às empresas. Há muito subsídio que está pedido, muitas candidaturas feitas, e vai chegando a conta-gotas. Os empresários querem aderir urgentemente, mas estão completamente sem fundo de maneiro para abrir”, referiu a presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Bragança (ACISB), acrescentando que a 4 de Fevereiro foram submetidas candidaturas para o apoio no pagamento das rendas e até agora nada. Maria João Rodrigues quer acreditar que mais nenhuma empresa do concelho de Bragança vai encerrar devido à pandemia, mas reconhece que estão numa “situação dramática”. Para além dos atrasos, há ainda outro problema relativo ao valor que é atribuído às empresas. O programa Apoiar.pt, criado o ano passado pelo Governo, foi prolongado para 2021. Trata-se de “um fundo de maneio que entra directamente na tesouraria das empresas, com base na quebra de facturação”. No entanto, este ano o apoio é atribuído com base na quebra de facturação do ano passado. “Os últimos três meses de 2020 não foram catastróficos como está a ser o primeiro trimestre de 2021”, criticou Maria João Rodrigues.

Jornalista: 
Ângela Pais