PCP diz que regionalização e aproveitamento dos recursos locais são essenciais para coesão do território

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Ter, 20/10/2020 - 16:59


Em debate sobre a coesão e desenvolvimento harmonioso do país, o partido defendeu que plano para revitalização do Cachão vai dar “machadada final” no complexo.

No âmbito das comemorações do centenário do PCP, o partido promoveu um debate sobre a coesão do território e o desenvolvimento harmonioso do país em Mirandela. Para os comunistas a regionalização é essencial para estas metas bem como o aproveitamento dos recursos da região. “A aposta na reindustrialização, aproveitando os recursos endógenos e as potencialidades que a região tem, por exemplo a actividade extractiva, como em Torre de Moncorvo, aquela fileira poderia ser posta ao serviço do desenvolvimento, mas também toda a agricultura familiar, as espécies autóctones precisam de ser valorizadas e potenciadas”, sustentou Patrícia Machado, membro da comissão política do comité central do PCP. A dirigente comunista destacou ainda que “a questão da regionalização é estruturante e o caminho que estamos a ver é inverso, com a transferência de competências em questões que não devem ser dos municípios e sim universais, como a saúde e a educação”, porque, sustenta, “não pode haver mais de 300 políticas para a educação e para a saúde”. O PCP insiste que o encerramento de serviços no interior do país tem acentuado o despovoamento. Com o anúncio de partilha de valências entre Portugal e Espanha nas regiões transfronteiriças o PCP teme que possa ser um pretexto para encerrar mais serviços. “Precisamos potenciar as proximidades e ligações com territórios vizinhos, mas outra questão é se isso significa que possa ser um pretexto para que se vá ao hospital, à escola e trabalhar do lado de lá, e do lado de cá ficam as bonitas paisagens para o turista ver”, afirma defendendo que é preciso investir nestas regiões para dar condições às populações do interior. Filipe Costa, responsável das organizações regionais de Bragança e Vila Real do PCP deixou também críticas ao plano de revitalização do complexo agro-industrial do Cachão, recentemente apresentado pelas câmaras de Mirandela e Vila Flor, que pretende aliar a tecnologia ao sector agro-alimentar. Para o comunista esta é “a machadada final no papel fundamental que poderia representar” para a região. “Quando se avança com medidas de grandes projectos para a região desagregadas de uma visão estratégica de desenvolvimento regional acabam por se transformar em nados-mortos. É isso que nos preocupa em relação ao complexo do Cachão, na medida em que não há uma estratégia de desenvolvimento que tenha essa dimensão do pólo tecnológico, porque a região não está preparada para servir esse pólo tecnológico, nem tem as infraestruturas necessárias do ponto de vista do conhecimento e das infraestruturas rodoviárias e ferroviárias. Por outro lado, desaproveita-se uma necessidade da região: o potencial agrícola”, sublinhou. Propostas e críticas do PCP discutidas com militantes, no passado sábado, em Mirandela.

Jornalista: 
Olga Telo Cordeiro