PNI inclui investimentos reclamados pela região mas falha outros

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Ter, 27/10/2020 - 11:24


O Plano Nacional de Investimentos (PNI) 2030, apresentado na semana passada pelo governo, contempla alguns dos projectos há muito reclamados para a região.

Entre os investimentos elencados encontra-se a conclusão do IP2, de Bragança ao Portelo, na Fronteira, para continuação em território espanhol até à Puebla de Sanabria, ligação referida quer na apresentação do Plano de Recuperação e Resiliência, assim como na Cimeira Ibérica do início do mês. Também até à fronteira vai seguir o IC5. Desde Duas Igrejas, onde, tal como a extinta linha ferroviária do Sabor, parou, vai ser prolongado até Miranda do Douro. Também há muito exigida e há muito prometida, a variante da Estrada Nacional 103, entre Vinhais e Bragança, está incluída nos planos de investimentos rodoviários para a próxima década. O presidente da câmara de Vinhais, Luís Fernandes, reforça que se trata de “uma questão de justiça”. O autarca espera que “além de estar no plano” a ligação rodoviária “rapidamente seja feita, porque é uma obra que tem sido reclamada com insistência” e afirma que terá financiamento assegurado através do plano de recuperação. Apesar de, no PNI, este investimento surgir com um intervalo de tempo entre 2024 a 2030, Luís Fernandes diz que acredita que a obra vai arrancar antes. “A indicação que tenho é que a estrada seria concluída até 2024, é isso que espero e que ansiamos”, afirma, esperando que “seja considerada prioritária em relação a outras, tendo em atenção que o concelho de Vinhais tem ficado de fora das ligações aos itinerários principais”. Em relação ao primeiro plano apresentado no ano passado, este foi um dos investimentos acrescentados. Por outro lado, em falta está a nova via entre Vimioso e Carção, para melhorar a ligação do concelho à A4 e à capital de distrito. O presidente da Comunidade Intermunicipal Terras de Trás-os- -Montes notou a falha, mas afirmou que tem indicação que está contemplado no orçamento do próximo ano das Infraestruturas de Portugal, mas não existe a certeza. “Falta-nos essa reivindicação que temos vindo a fazer”, afirma Artur Nunes. Na apreciação do PNI e do investimento previsto para a região, o também autarca de Miranda do Douro diz que “o documento é muito genérico” e destaca algumas omissões, nomeadamente no plano da rede ferroviária. “Sendo uma aposta do governo, as Terras de Trás-os-Montes estão fora deste plano e acho que era importante revisitar este plano, porque reclamamos também uma ligação. Houve uma proposta anunciada de ligação ferroviária de todas as capitais de distrito”, afirma, defendendo que deve haver ferrovia neste território. Também não há referência no documento à reivindicação de reforço do aeródromo municipal de Bragança e a sua reconversão em aeroporto regional. “Consideramos que poderia ser incluído neste plano para 2030”, sublinhou. No âmbito do regadio surgem igualmente queixas. “A proposta para essa área não está muito clara, há três concelhos que, no mapa de investimentos, aparecem quase em branco; Miranda, Mogadouro e Vimioso, penso que seria importante também termos aqui uma palavra a dizer na questão das alterações climáticas”, lamentou e referiu que está marcada uma reunião com a Ministra da Agricultura para discutir um plano estratégico para as Terras de Trás-os-Montes. Na área da energia Artur Nunes diz que gostava de ver maior definição e algumas propostas concretas, “em relação ao gás” e na questão da “venda das cinco barragens do Douro a uma empresa francesa”.

Reactivação da linha até Barca D’Alva

Outra das obras que a região quer ver concretizada é a reactivação do troço do Pocinho a Barca D’Alva, fazendo a continuação da linha do Douro até Espanha, investimento também previsto neste documento apresentado no dia 22. Também a modernização e electrificação do troço entre a Régua e o Pocinho está contemplado no PNI. O vice-presidente da CIM Douro, Nuno Gonçalves, identificava a aposta na linha do Douro e na via navegável deste rio como dois dos projectos bandeira da comunidade intermunicipal. “São situações que sempre tentámos que fossem previstas para o território. A linha do Douro é uma obra que não entrou na Cimeira Ibérica, mas de que a CIM Douro não prescinde, porque entende que quer em termos turísticos quer económicos é viável e uma forma de desencravar este interior”, afirmou. A Via Navegável do Douro poderá representar mesmo um dos maiores investimentos para a região, estando previsto um montante de 102 milhões de euros, público e privado, para melhorar as condições de navegabilidade, segurança e desempenho operacional “através da implementação da fase 3 da Via Navegável do Douro 2020 que inclui sinalização a montante do estuário, a reabilitação das cinco eclusas e do cais de espera das mesmas e a correção do canal navegável do rio Douro nos troços Cotas- -Valeira e Saião-Pocinho”. A aposta será ainda em desenvolver as infraestruturas portuárias, com a reabilitação de cais e criação de novas estruturas de apoio ao movimento de passageiros e mercadorias.

Jornalista: 
Olga Telo Cordeiro