Povo pede reabertura da fronteira Bemposta/Fermoselle

PUB.

Qua, 03/03/2021 - 12:02


A fronteira de Bemposta/Fermoselle é uma das que continua encerrada.

Assim, no passado sábado de manhã, ao presidente da Câmara Municipal de Mogadouro juntaram-se o presidente da junta de freguesia daquela localidade portuguesa, Bemposta, e alguns populares, para cumprir um minuto de silêncio, pedindo a reabertura daquela fronteira, que lhes dá acesso à Espanha. Ao coro de contestações aliou-se o povo espanhol. Todos pediram que se quebre a barreira para que acabem os constrangimentos. Quem tem afazeres do outro lado da fronteira é obrigado a passar por Quintanilha, em Bragança, estando esta fronteira aberta diariamente, ou por Miranda do Douro, onde só se passa nos dias úteis, em determinadas horas. “As pessoas têm as suas vidas e interesses e é importante que este ponto de passagem reabra. Os trabalhadores transfronteiriços têm que percorrer, em dias úteis, cerca de 140 quilómetros”, explicou o presidente da câmara de Mogadouro. Já ao fim-de-semana, como só se passa em Quintanilha, são mais de 240 quilómetros para quem se faça à estrada. Além dos constrangimentos que se colocam, Francisco Guimarães também considera que “não faz sentido ter a fronteira fechada, numa altura em que praticamente não há casos Covid-19 tanto no concelho como em Fermoselle”. De Espanha chega a mesma opinião. Para o alcaide de Fermoselle, José Manuel Pilo, os governos não estão a ter em conta que estas zonas não são grandes centros urbanos. “Os governos estão a tomar decisões a quente, que prejudicam os territórios de baixa densidade populacional. Não é normal que se imponham restrições deste tipo. Isto não Madrid ou Lisboa”, esclareceu, lembrando ainda que “as relações económicas, sociais e culturais são fundamentais para os territórios raianos”. Carlos Gomes é de Bemposta e trabalha em Fermoselle. É um dos melhores exemplos de quem tem que levar outra vida para conseguir trabalhar. “Tenho que ir por Miranda para trabalhar. Levanto-me uma hora mais cedo. Mesmo que se queira comer não há nada aberto”, justificou o trabalhador. Justina Gomes é de Bemposta mas vive há mais de 30 anos do outro lado, em Fermoselle, onde também trabalha. O encerramento da fronteira deixou em suspenso alguns laços familiares. “Tenho a minha mãe, com 88 anos, em Bemposta, e há mais de um mês que não a vejo. No tempo que vivemos já não é para ter uma fronteira fechada desta forma”, adiantou. No dia 2 de Fevereiro, o presidente de Mogadouro participou numa reunião com vários autarcas da Zona da Raia, de Norte a Sul do país, onde foi elaborado e enviado um documento ao Primeiro-Ministro e ao ministro da Administração Interna, reivindicando que em cada um dos concelhos fosse assegurada uma passagem permanente com Espanha.

Vinhais com fronteira aberta durante algumas horas

O ministério da Administração Interna informou que decidiu acrescentar mais dois Pontos de Passagem Autorizada, além do de Vinhais, também o de Ponte da Barca, que vão funcionar nos dias úteis, entre as 6 e as 9 horas da manhã e as 17 e as 20 horas. O presidente da câmara de Vinhais, Luís Fernandes, congratula-se com a decisão do governo. “É muito bom, tendo em atenção que há vários trabalhadores transfronteiriços que tinham de se deslocar várias dezenas de quilómetros. Já podem passar por aquela fronteira e têm assim menos constrangimentos, quer a nível financeiro quer familiar e pessoal”, afirmou. São cerca de 20 trabalhadores transfronteiriços, que evitam fazer dezenas de quilómetros, já que tinham de se deslocar por Vila Verde da Raia, Chaves, ou Quintanilha, Bragança. Os autarcas de Vinhais e da vizinha Espanha tinham realizado um protesto simbólico na fronteira de Moimenta, no passado dia 22, para pedir a reabertura deste ponto de passagem, uma reivindicação atendida. A partir de terça-feira o distrito de Bragança tem uma fronteira aberta em permanência, em Quintanilha, Bragança, duas ao início da manhã e ao fim da tarde, a de Moimenta e a de Miranda do Douro, e um ponto de passagem autorizado às quartas e sábados em Rio de Onor, Bragança.

Jornalista: 
Carina Alves/Olga Telo Cordeiro