Quatro concelhos mudam de cor e distrito passa a ter maioria de câmaras do PSD

PUB.

Ter, 28/09/2021 - 09:58


Os social-democratas Pedro Lima (Vila Flor) e António Pimentel (Mogadouro) roubaram as câmaras que estavam nas mãos de presidentes do Partido Socialista, que se recandidatavam e falharam a eleição. Em Miranda do Douro, o único caso em que o presidente em exercício (PS) não se recandidatou, o PSD também conquistou a câmara aos socialistas PS. Já em Freixo de Espada à Cinta foi o PS que recuperou a câmara aos sociais democratas

O distrito de Bragança conheceu, na noite eleitoral de domingo, uma reviravolta em quatro concelhos, acabando por virar à direita. Passa a haver sete concelhos nas mãos do Partido Social Democrata ou com coligações com o CDS/PP e cinco municípios vão ser governados pelo Partido Socialista, quando há quatro anos havia sete câmaras socialistas e cinco lideradas sociais democratas. Uma das mudanças mais surpreendentes aconteceu em Vila Flor, bastião socialista desde 1993, que Pedro Lima conquistou para a coligação Acreditar Vila Flor, do PSD e CDS/PP. Miranda do Douro também mudou de cor política, do PS para o PSD e CDS/ PP. Helena Barril venceu por maioria absoluta. Foi uma das duas mulheres eleitas para presidente de câmara, a par de Júlia Rodrigues que revalidou o mandato em Mirandela. Em Mogadouro, depois de dois mandatos de Francisco Guimarães pelo PS, António Pimentel reconquistou a câmara para o PSD. Nuno Ferreira, em Freixo de Espada à Cinta, foi outro dos protagonistas da noite autárquica, ao conseguir conquistar a câmara para o PS, depois de dois mandatos da social-democrata Maria do Céu Quintas, confirmando a tradição de que nenhum candidato à câmara consegue ser eleito para um terceiro mandato. Na Comunidade Intermunicipal Terras de Trás-os- -Montes, que tinha até agora uma maioria clara de câmaras socialistas, passa a haver cinco municípios do PSD e quatro do PS. Ainda assim, o Partido Socialista conseguiu mais mandatos no distrito, num total de 28, e obteve mais de 35 mil votos, já o PSD teve quase 23500 votos e 21 mandatos em candidaturas isoladas, no entanto, as coligações PSD e CDS obtiveram mais 16 mandatos e mais 17 mil votos. No total de votação conquistada no distrito, surge no lugar seguinte o grupo de cidadãos, como 1706 votos, divididos entre as candidaturas independentes do Movimento Unidos por Carrazeda (Carrazeda de Ansiães) e do Unidos por Macedo (Macedo de Cavaleiros). Destaca-se ainda a votação do Chega no distrito que se apresentou pela primeira vez a eleições autárquicas e reuniu 1652 votos distribuído pelos cinco concelhos em que apresentou candidaturas. Dos quase 138500 inscritos no distrito, votaram cerca de 85 mil, ficando a abstenção nos 38,4%, registando-se assim uma ligeira diminuição em relação às autárquicas de 2017, tinha havido uma abstenção de 38,8%.

Helena Barril vence em Miranda do Douro

O Partido Socialista deixou de ser poder em Miranda do Douro, 12 anos depois de ter conquistado a câmara municipal. É agora é uma das sete câmaras laranja no distrito de Bragança e uma das três que forma recuperadas ao PS. Depois de o socialista Artur Nunes ter cumprido três mandatos à frente da câmara e não se recandidatar, os mirandeses elegeram Helena Barril. A candidata independente, apoiada pelo PSD e CDS-PP defrontou Júlio Meirinhos, o cabeça de lista do PS, que já tinha sido presidente daquela câmara por duas vezes e conseguiu uma vencer por maioria absoluta, ao alcançar 54,15% da votação, num total de 2892 votos, contra os 41,12% da candidatura do PS, que representa 2196 votos. A candidatura da CDU teve 46 votos e a do Chega 27. Helena Barril estava confiante na vitória. “Não sabia por quanto, mas tinha a certeza que ia ganhar e por uma margem grande”, afirmou. A presidente eleita explicou que “a satisfação é enorme em todos os sentidos” e acredita que “os mirandeses precisam muito de mudança, esta era a vontade do povo”. A candidata mais votada diz que “acreditou desde o início” e que a sua equipa vai “trabalhar em prol de todos”. A abstenção em Miranda do Douro foi de 27,59, mais baixa do que há quatro anos. Votaram nestas autárquicas 5341 dos mais de 7300 votantes inscritos no concelho mirandês. “Cumpriu-se a democracia: o povo expressou a sua vontade soberana”, foi assim que Júlio Meirinhos recebeu os resultados eleitorais de dia 26 de S etembro. O candidato d e r rot a d o afirmou que “a democracia é o mais importante” e garantiu continuar sempre a trabalhar em prol de Miranda, das mirandesas e dos mirandeses”.

Pedro Lima conquista bastião socialista de Vila Flor para os social-democratas

Vila Flor foi a segunda mudança conhecida da noite autárquica. O PS de Fernando Barros perdeu as eleições para a candidatura Acreditar Vila Flor, que juntou o PSD e CDS/PP e era encabeçada por Pedro Lima. Barros candidatava-se a um terceiro e último mandato, depois de ter também integrado o executivo camarário de Artur Pimentel, desde 1993, mas o candidato da oposição venceu as eleições por 616 votos, com 53,8% da votação, que corresponde a um total de 2491 votos alcançados, frente aos 1875 votos (40,5%) do PS. Pedro Lima confessa que contava com a vitória. “Nos últimos dias de campanha o contágio foi tão evidente, que eu comecei a acreditar que além da vitória iriamos ter até possivelmente um quarto vereador, porque a necessidade de mudança era urgente”, afirma. Apesar de ter chegado apenas a três vereadores municipais, o candidato vencedor acredita ainda que o resultado se deve a “todo um trabalho de proximidade e disponibilidade de ouvir as pessoas e formular um programa que vá ao encontro destas expectativas”, sublinhou. O candidato menos votado, Fernando Barros, aceitou o resultado dizendo que “o regime democrático é mesmo assim”. “Vamos a eleições para ganhar ou perder. Eu perdi, acabou. Foi o que o povo quis”, afirmou. Na opinião de Barros, fez “ao longo destes mandatos todos, um excelente trabalho” e deixa “a câmara em excelentes condições, com 3,5 milhões de liquidez, projectos acabados e para futuro”, por isso diz mesmo que “o próximo presidente da câmara pode estar no sofá que faz um bom mandato, mas admite que “há qualquer coisa que não funcionou”, atribuindo à pandemia alguma da responsabilidade por ter impedido um contacto mais próximo da população. Foram às urnas, no concelho de Vila Flor, mais de 4600 votantes de um universo de 6813 inscritos, situando-se a abstenção nos 32%.

PSD de Quintas não consegue terceiro mandato em Freixo

Nuno Ferreira vai ser o novo presidente da Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta. O candidato do Partido Socialista venceu por maioria, com 1580 de um total de 2500 votos depositados nas urnas naquele concelho, o que se traduz em quase 63% dos votos e três dos cinco mandatos na câmara municipal. Maria do Céu Quintas do PSD, que há oito anos liderava o e x e c u t i v o, saiu derrotada, conseguindo apenas 32,64% dos votos, ou seja, foi a escolha de 819 habitantes de Freixo. N u n o Ferreira fala de uma vitória por números inéditos naquele concelho. “Se me pergunta se foi uma vitória fácil o difícil, foi uma vitória pelos freixenistas. Independentemente de ter sido estrondosa e com números que nunca aconteceram em Freixo, desta forma. Nunca ninguém ganhou com a vantagem com que ganhámos e isso dá-nos ainda mais responsabilidade para governarmos para o futuro”, sublinhou na noite eleitoral. Nuno Ferreira fez questão de referir que “não é o cargo que faz a pessoa, a pessoa é que faz o cargo” e garantiu que vão pautar a governação pela “igualdade, proximidade, de justiça e sentido social”. O presidente eleito afirmou ainda que “querer devolver a liberdade a Freixo de Espada à Cinta e que a democracia seja restaurada” no concelho que foi governado desde 2013 por Maria do Céu Quintas. Com esta vitória alc a n ç a d a , Nuno Ferreira confirmou a tradição de naquele concelho quem se candidata a um terceiro mandato não vence. A abstenção foi de pouco mais de 22 por cento, já que votaram cerca de 2500 dos 3224 freixenistas inscritos nos cadernos eleitorais.

Jornalista: 
Olga Telo Cordeiro