QUINTANILHA reivindica acesso ao rio

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Ter, 09/08/2005 - 16:26


Os maus acessos são o principal entrave ao desenvolvimento da praia fluvial do Colado, em Quintanilha, concelho de Bragança.

Trata-se duma mais das zonas de lazer mais procuradas nesta altura do ano, devido à proximidade do rio Maçãs e à sombra de inúmeras copas de árvores, que tornam o local num espaço privilegiado para a realização de convívios e piqueniques.
O mais difícil, contudo, é chegar à praia fluvial, pois entre Quintanilha e a zona de banhos é preciso fazer 1.200 metros em caminho de terra batida, suportando o pó e os solavancos do carro.
Os constrangimentos causados pelos maus acessos foram um dos assuntos debatidos durante o fim-de-semana, no âmbito das IV Jornadas Transfronteiriças do Maçãs, que decorreram, precisamente, no Parque de Merendas do Colado.
Tal como em anos anteriores, a organização partiu da Junta de Freguesia de Quintanilha (JFQ) e do Ayuntamiento de Trabazos, que aproveitam as jornadas para fazer o balanço da cooperação transfronteiriça desenvolvida ao longo do ano.
Este ano, a conferência e debate sobre “Formas de Desenvolvimento da Zona Fronteiriça do Rio Maçãs” fez saltar para a ribalta a necessidade de pavimentar o estradão para tornar a zona do Colado mais aprazível.
“Se queremos que venham aqui mais pessoas temos de lhes dar condições”, defende o presidente da JFQ, José Carlos Fernandes.

“Situação ridícula”

O responsável recorda que a Associação Protectora dos Amigos do Maças tem um projecto de intenções que, a par da recuperação de açudes e acções de limpeza, prevê a pavimentação do estradão.
O documento já foi encaminhado para diversas entidades de Portugal e Espanha, mas sem sucesso. O autarca mostra-se desiludido e aponta o dedo à Câmara Municipal de Bragança (CMB). “Esta situação é ridícula. O senhor presidente da Câmara já aqui esteve várias vezes e sabe perfeitamente que vem muita que vem cá muita gente”, alega o presidente da Junta.
Tendo em conta que a edilidade pavimentou os estradões de acesso à Nossa Senhora da Veiga, em Alfaião, e da Petisqueira à fronteira, José Carlos Fernandes reivindica medidas idênticas para Quintanilha.
“Ainda há pouco uma pessoa da Petisqueira esteve aqui e disse-me que, se fizeram a estrada da Pestisqueira até à fronteira, onde não passa quase ninguém, também deviam ter feito aqui, pois há muita gente e Espanha tem estrada no outro lado”, sustenta o autarca.
O mesmo se aplica a outros investimentos efectuados pela CMB para dinamizar a actividade turística. “Continuo sem perceber porque é que se investiram milhares de euros em Rio de Onor, num parque de campismo que não tem quase ninguém, e aqui nada se investe, apesar de termos dias com centenas de pessoas”, lamenta o José Carlos Fernandes.

Voluntários recuperam açudes

Quanto à travessia sobre o rio Maçãs, o responsável considera que a edilidade pode construir, em conjunto com o governo espanhol, “um pontão semelhante ao que foi feito em Veigas de Quintanilha, com a ajuda de fundos comunitários”.
Recorde-se que a zona do Colado já dispõe de diversos equipamentos destinados a actividades de lazer. Além do parque de merendas, assadouros e cozinha de apoio construídos pela APAM e JFQ, o Parque Natural de Montesinho criou as indispensáveis casas de banho, onde as ligações de água, saneamento e luz foram asseguradas pela Junta de Freguesia.
Enquanto a pavimentação do estradão aguarda por melhores, voluntários de ambos os lados da fronteira prometem continuar a trabalhar na recuperação do rio.
No ano passado, à revelia das autoridades, o trabalho comunitário dos habitantes de Quintanilha e da zona de Trabazos resultou na reabilitação dois açudes. De Março a Julho deste ano, portugueses e espanhóis voltaram a dar as mãos para recuperar mais uma represa, trabalhos que têm contribuído para assegurar as reservas de água na prais do colado. “Ainda bem que o fizemos, porque agora já era tarde”, reconhece José Carlos Fernandes.
O autarca queixa-se da falta de apoios e garante que, “se não for o trabalho voluntário, não se consegue fazer nada”.

Limpeza une dois países

Para recuperar os açudes, a APAM organizou um peditório junto da população que permitiu recolher cerca de 2 mil euros. “Com as verbas angariadas, mais alguns dinheiros da Associação e da Junta de Freguesia, conseguiram-se 3.500 euros, aos quais se juntaram materiais assegurados por Espanha no valor de 3 mil euros”, explica o responsável.
Este ano, as gentes de Quintanilha e Trabazos voltaram a unir esforços para limpar as margens do rio, caminhos e mato junto aos assadouros da margem espanhola.
Além dos trabalhos voluntários, o “Convívio Hispano-Luso” também serve para estreitar os laços de amizade entre os dois povos. O encontro decorreu anteontem, com a participação de grupos de música tradicional, jogos populares e bailes.