Ter, 18/08/2020 - 12:52
Em Vilas Boas, no concelho de Vila Flor, localiza-se o maior santuário Mariano de Trás-os-Montes, onde se realiza, todos os anos, uma das mais conhecidas romarias da região. Ali, o auge da festa, em honra a N.ª Sr.ª da Assunção, é no dia 15 de Agosto com a procissão, acompanhada por bandas de música, várias centenas de peregrinos e milhares de visitantes. Em anos normais, o andor, carregado por cerca de 50 pessoas e acompanhado por figuras bíblicas, vai desde a aldeia de Vilas Boas até ao santuário, percorrendo uma distância de cerca de dois quilómetros. No sábado, a tradição religiosa, ou seja, “o essencial da festa manteve-se”, mas “a parte profana não se pôde realizar”, explicou Abílio Evaristo, da comissão fabriqueira do santuário. A música, as bandas, as fanfarras e os feirantes, que teriam sido mais de 180, foram descartados da festa. “A romaria tem um impacto muito forte. O facto de não se ter realizado nas habituais circunstâncias, do ponto de vista económico, é um problema muito grande, que depois se repercute nas receitas angariadas”, confirmou Abílio Evaristo, que acredita que “será um ano complicado para o santuário”. Se em Vilas Boas acabou por ser “triste” não se poder cumprir a festa, esperando que no próximo ano tudo “melhore”, em Alimonde, no concelho de Bragança, apesar da celebração arrastar menos gente, o sentimento não foi muito diferente. “Os emigrantes praticamente regressam à terra por causa da festa e foi com tristeza que, este ano, não se realizou da mesma forma”, explicou Paulo Trigo, um dos elementos da comissão de festas em honra a N.ª Sr.ª de Fátima. Na pequena localidade, que pertence à União de Freguesias de Castrelos e Carrazedo, apenas se cumpriu a celebração religiosa. Após a Eucaristia houve uma pequena procissão, à volta da capela, construída em homenagem à santa, mas o distanciamento teve que ser acautelado. Além de ter sido cancelada a actuação do grupo musical, que teria assegurado a noite de música na aldeia, os jogos tradicionais e o torneio de sueca foram deixados para melhores dias. “Conseguiríamos ter reunido cerca de quatro a cinco mil euros, apenas com o fito, os paus e a sueca”, assegurou o mordomo, que considerou que se trata de uma “grande perda”. Em Bagueixe, no concelho de Macedo de Cavaleiros, o fim-de-semana também teria sido de festa. No domingo foi ali celebrado o São Roque e ontem o São Paio mas, à semelhança do que aconteceu nas outras aldeias, naquela localidade também não houve grandes festejos, tendo- -se cumprido apenas a parte religiosa. “É um sentimento de profunda tristeza porque as pessoas são muito devotas destes santos”, explicou Jorge Asseiro, presidente da união de freguesias de Talhinhas e Bagueixe, que confirmou que, ainda assim, ali houve vários emigrantes que não deixaram de vir de férias por causa da celebração. A determinação de proibir a normal celebração deste género de festas e romarias, assim como a realização de feiras temáticas e festivais, surgiu no final do mês de Março, em toda a região.