ULS Nordeste adiou vacinação contra a gripe nas aldeias devido à falta de vacinas

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Ter, 27/10/2020 - 11:17


A vacinação contra a gripe, realizada pela Unidade Local de Saúde nas aldeias do distrito de Bragança, começou na semana passada mas já foi adiada, sem data prevista para ser retomada em algumas localidades.

Os presidentes de junta foram informados na madrugada de domingo. Em comunicado, a Unidade Local de Saúde do Nordeste referiu que devido ao “aumento significativo da afluência da população à toma da vacina” e também ao “atraso na entrega da vacina por parte do laboratório da indústria farmacêutica”, a calendarização “teve que ser alterada em alguns concelhos”, sem nova data ainda definida. No concelho de Bragança estava previsto que, no dia de ontem, fosse feita a vacinação contra a gripe nas localidades de Zeive, Fontes de Transbaceiro, Maçãs, Espinhosela, Terroso, Vilarinho, Cova Lua, Nogueira, Parâmio, Quintanilha, Veigas, Réfega e Rossas. Em Espinhosela estava prevista a vacinação de cerca de 60 pessoas para as 9:30h. O presidente da junta de freguesia de Espinhosela disse só ter conseguido avisar alguns idosos no domingo e que avisou os restantes já no dia de ontem. Octávio Reis referiu ainda que as pessoas não compreendem o que está acontecer. “Quem fica mal na fotografia é a junta de freguesia, porque nos dizem que nós é que fomos lá recolher os contactos e o registo e apontam que nós é que somos os culpados”, contou. Apesar de ter recebido o e-mail da ULSN, no domingo, sobre o adiamento da vacinação sem explicação do motivo, disse não ter recebido mais informação sobre o reagendamento. “A mim isso preocupa- -me porque nesta semana há mais freguesias para a vacinação, ou seja, nunca será nesta semana a marcação. E isso preocupa-me porque as pessoas estão receosas e como o inverno se aproxima e com a pandemia as pessoa ficam inquietas”, salientou, acrescentando que enquanto presidente de junta está “entre a espada e a parede”. No dia de hoje, terça-feira, 70 pessoas da localidade de Rebordãos seriam também vacinadas, caso não tivesse sido adiada a vacinação. “Se não tinham stock para todas as freguesias não começavam a vacinação”, afirmou o presidente da junta. Adriano Rodrigues disse já ter andado no dia de ontem, de porta em porta, a avisar os idosos do adiamento e que só nesta segunda-feira recebeu 10 telefonemas de pessoas preocupadas sobre como será então feita a vacinação, pergunta à qual disse não saber responder. “Não sabemos o que havemos de fazer ou dizer às pessoas. Elas estão muito indignadas”, contou. Por outro lado, duas farmácias da cidade de Bragança, contactados pelo Jornal Nordeste, disseram não ter falta de stock de vacinas gratuitas para pessoas com idade igual ou superior a 65 anos. Maria José Genésio é directora de uma das farmácias contactadas e referiu que “à medida que vão aparecendo as pessoas” têm tido stock, que no dia de ontem se traduzia em 15 vacinas. Ainda assim acredita que poderão acabar rapidamente. “Na semana passada comecei por receber 20 vacinas, depois 15, mais 15 e outras 15. Não me posso queixar, elas têm vindo”, disse a directora. Mas existe o receio de que poderão deixar de receber vacinas. “Não sei se esta semana deixam de vir. Hoje já não estavam disponíveis, amanhã poderão estar ou não”. Também Juliana Silva, directora de outra farmácia, disse ter stock de vacinas contra a gripe gratuitas. Inicialmente recebeu do Serviço Nacional de Saúde 20 vacinas, mas desde que o município aderiu ao projecto “Vacinação SNS Local”, esta farmácia recebeu mais 15 vacinas. “Só podemos pedir 15 vacinas por dia. Na sexta-feira foi o primeiro dia que pudemos pedir e foram-nos entregues as vacinas”, contou. Contudo já só tem duas vacinas em stock. “Ainda não esgotei porque estamos a fazer marcações faseadas, para não haver aglomerações nas farmácias. Assim, ainda temos vacinas disponíveis”, explicou Juliana Silva, acrescentando que garante que a situação está “controlada” e que vai ser possível responder às necessidades graças ao projecto “Vacinação SNS Local”. “Sem este projecto seria impossível, porque tínhamos muitas reservas e recebemos muito menos vacinas que em anos anteriores. Este ano a procura aumentou e ficaria completamente impossível satisfazer esses pedidos”, concluiu

Jornalista: 
Ângela Pais