Venda ao postigo com poucos clientes mas é melhor do que estar de portas fechadas

PUB.

Ter, 23/03/2021 - 10:34


Desde o passado dia 15, é permitido aos estabelecimentos de bens não essenciais fazer vendas ao postigo ou funcionar através de serviço de recolha de produtos encomendados

Eurico Ferreira tem um estabelecimento comercial de venda de produtos de têxteis- -lar e roupas interiores, em Bragança, e desta vez decidiu abrir com o sistema do postigo “para não estar parado”. A empresa é familiar e esta foi uma alternativa para resolver a questão económica. “Para pagar aos fornecedores e as despesas tivemos que abrir, embora os clientes não afluam muito, mas tenta-se fazer alguma coisa e os incentivos do Estado são poucos ou nenhuns”, afirmou. Depois de dois meses com a loja encerrada, Eurico Ferreira explica que “nos primeiros dias houve alguns clientes que precisavam de pequenas coisas de primeira necessidade, como meias e pijamas”, até porque são artigos mais usados durante o confinamento e “acabam por se estragar”. A experiência com a venda ao postigo acaba assim por ser “preferível a estar fechado, sempre se contacta com alguém e se vai vendendo alguma coisa”. A empresa tem já uma loja digital mas “aqui as pessoas não estão habituadas a fazer compras on-line”, ainda que tenham “vendido qualquer coisa” por este meio, em especial para outras localidades, mas “são pequenas quantidades”. Cristina Afonso tem uma loja de vestuário que abriu há poucos meses. Admite que tem sido complicado, por isso, quando houve a possibilidade de abrir ao postigo decidiu experimentar. “Vamos ver se isto melhora. Tem estado fraco, mas é melhor do que estar em casa e não fazermos nada. Serve para dar a conhecer um pouco a nossa casa, que abrimos há pouco tempo, em Dezembro”, referiu a comerciante. Esta não é a melhor opção, mas “é preferível” a estar de porta fechada, porque tem de “pagar as despesas e o pouco que se faz é melhor que nada”. Os clientes que se têm dirigido à loja “procuram novidades para a estação mais quente, ainda temos material que ficou do Inverno mas as pessoas querem coisas da colecção nova”. Não poder entrar e experimentar as peças de roupa tem sido um pouco complicado. “As pessoas querem entrar e não podem, muitas não entendem, são pessoas idosas e ficam um bocado aborrecidas por não poderem entrar e experimentar”, conta. Débora está grávida e apesar de ter feito muitas compras on-line, quando precisou de comprar uma cadeira de automóvel para o bebé preferiu dirigir-se a uma loja, ainda que não possa entrar. “Já estive a ver no site, vou ver se têm em loja ou não. Tenho feito compras mais on-line do que em loja, porque a vida continua e precisamos de coisas. Mas isto, até dado o valor que é, convém ter a percepção da qualidade do material”, afirma. Desde o início da semana passada, também passou a ser permitida a venda de bebidas em take-away, apesar de se manter a proibição de consumo de refeições, produtos ou bebidas à porta do estabelecimento ou nas suas imediações. No entanto, a norma permite mais algumas vendas e abertura de alguns cafés. Fernanda Correia tem uma pastelaria que se manteve aberta devido aos jogos da Santa Casa. “Agora já podemos também vender bebidas ao postigo e outros produtos, está a correr melhor do que antes, sempre se trabalha mais um bocadinho, claro que era melhor se pudéssemos utilizar as esplanadas e essas coisas, mas de qualquer maneira já se vendem uns cafezinhos e umas bebidas, coisa que antes não podíamos”, refere. A empresária diz que as pessoas já tinham saudades de tomar café e de fazer compras na pastelaria. “É diferente, só o facto de nos verem e virem aqui, é outro ânimo e o cafezinho é o que vendemos mais”, conta. As lojas com uma área até 200 metros2 e porta para a rua deverão poder reabrir a partir de dia 5 de Abril. Também a seguir à Páscoa, se prevê que as esplanadas possam voltar a ser frequentadas até ao limite de quatro pessoas.

Jornalista: 
Olga Telo Cordeiro