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Cortiços: terra de Fidalgos

Ter, 06/05/2008 - 11:23


Na chegada à aldeia de Cortiços, no concelho de Macedo de Cavaleiros, encontramos um verdadeiro livro histórico dos tempos em que foi vila e sede de concelho. Este estatuto perdeu-se em 1853, altura em que foi anexada ao concelho de Macedo.

Os três solares que se erguem no centro da localidade remontam aos tempos da Monarquia. “Na altura, contam os mais antigos, quando esses senhores passavam todos lhe tiravam o chapéu”, conta o secretário da Junta de Freguesia de Cortiços (JFC), José Hermenegildo.
O edifício dos antigos Paços do Concelho, a cadeia, o registo civil e o antigo tribunal ainda podem ser vistos por quem passa pelos Cortiços, apesar de terem passado para as mãos de particulares. “ A maioria do património é privado e encontra-se conservado, à excepção do solar dos Pessanhas, que se tem vindo a degradar”, salienta o presidente da JFC, José Fernandes.
Aqui encontramos, ainda, um Núcleo Museológico da Rota do Azeite, que foi criado pela família Sá Miranda Patrício. “Recuperamos, praticamente às nossas custas, um antigo lagar que deixou de funcionar em 1953”, explicou Luís Patrício, membro da família.
Na visita a Cortiços cruzamo-nos, ainda, com o primeiro presidente da Junta após o 25 de Abril. José Teixeira, de 65 anos, que foi eleito pelo povo, sem estar ligado a qualquer partido político. Depois de cerca de um ano e meio no poder, que era provisório, voltou a candidatar-se, desta vez pela CDU, mas acabou por ser vencido pelo candidato do PSD, que se aliou ao CDS. “As pessoas começaram a dizer que pertencia aos comunistas e acabei por ser substituído”, conta.

Construção do Centro de Dia arrasta-se há cerca de dois anos e ainda não tem data para estar concluída

Agora, o tempo passa devagar nesta freguesia, que viu partir muitos dos filhos da terra. Mesmo assim, José Fernandes realça que Cortiços e a anexa de Cernadela contam com cerca de 460 votantes. “Apesar da maioria da população ser idosa, ainda temos muitos jovens, alguns a estudar e outros a trabalhar na aldeia e em Macedo”, realçou o autarca.
Quem vai resistindo ao passar dos anos lembra os tempos em que Cortiços era uma das aldeias mais ricas do distrito de Bragança. “É uma das aldeias mais importantes do distrito ao nível do património cultural”, lembra José Teixeira. Na memória permanecem, ainda, os dois forais que foram atribuídos à localidade enquanto gozava do estatuto de vila, bem como o tempo em que o comboio chegava até aos Cortiços. “Eram tempos de muito movimento e de muita alegria”, recorda Idalina Rafael, uma habitante de 83 anos.
A agricultura é a principal fonte de rendimento dos habitantes, à semelhança do que acontecia antigamente com o linho, que esteve na origem do nome da localidade. “Colhia-se aqui muito linho, que era espadado nos Cortiços”, explicou José Teixeira.
No que toca a investimentos que valorizaram a freguesia, José Fernandes lembra o arranjo de largos, bem como a colocação dos cabos eléctricos e telefónicos subterrâneos.
Além disso, realça que têm vindo a ser feitos arranjos nos arruamentos e que foi construído um salão no edifício onde, actualmente, funciona a sede da Junta. Até ao final do mandato, José Fernandes compromete-se a construir um pavilhão multiusos na Cernadela e gostaria de concretizar um projecto de embelezamento da zona da ribeira de Carvalhais.
Já o Centro de Dia dos Cortiços, uma obra iniciada há cerca de dois anos, vai avançando a conta gotas. “Era bom que se fizesse o Centro, porque há pessoas que precisam de ir para lá. A Comissão Fabriqueira tomou conta daquilo, mas os problemas financeiros parece que têm atrasado a obra”, afirmou José Teixeira.