Na rua, empurrada pelo vento, cruzou-se comigo aquilo que pareceu ser uma qualquer folha de jornal.
Tudo o que consegui ler foi um título: ”Eu acredito em bruxas”. “Eu também”, atirei eu ao pedaço de papel, que seguiu caminho, para continuar a espalhar a mensagem. Eu acredito em bruxas? Bem, e em muito mais. Porque é mais fácil ser crente do que céptico.
Por que não valorizar que possam existir trasgos, olharapos, fadas ou anjos?
Para acreditar na potencialidade daquilo que nos rodeia não precisamos de encontrar argumentos contra, o que poupa energia.
Basta, somente, confiar que há sempre mais à nossa volta do que aquilo que o nosso conhecimento alcança.
“A realidade supera sempre a ficção”, acrescento ao meu título. Isto é algo como dizer que, por esse mundo fora, já há de um tudo, assim, naturalmente, e que nós, seres humanos, apenas precisávamos de ver mais além, às vezes combinar corretamente, qual cubo de Rubik.
Há um debate que gosto de ter, de longe a longe, que é o seguinte: ”Qual a maior invenção da humanidade?”.
Muitos dirão que ainda estará por vir, com isto da Inteligência Artificial.
Eu, como crente que sou, só que com traços de céptica incurável, acredito que o que era inovador já foi descoberto e/ou inventado – a saber, na minha lista, a roda, levar água até às civilizações, a máquina a vapor, a luz elétrica, a penicilina e o papel higiénico.
A partir de uma certo ponto, que não quero estar aqui a marcar porque não sou académica, aquilo que tem vindo a acontecer são aperfeiçoamentos do que já existe, é o refinar ao olho atual, usando as tecnologias e os conhecimentos que foram sendo acumulados ao longo de dias, anos, séculos e milénios.
Quem foi a primeira pessoa que percebeu que comer ovos é fixe? Quantas morreram para catalogar todas as bagas venenosas que há no mundo (e algumas plantas com efeitos recreativos)?
Quanto tempo livre teria quem se lembrou de empilhar pedras em bico? Qual o
Q.I de alguém que começa a discutir o conceito de política e de organizações de sociedades?
Por isto tudo, acredito embruxas, trasgos, olharapos, fadas ou anjos, e em tudo
mais o que ainda não consegui ver. Ainda! Porque há sempre algo que nos foge, graças a deus. É desta forma que vale a pena viver cada dia, para aprender um bocadinho mais em busca de novidade. Até morrer. Ou, quem sabe, depois disso também não haja descanso.