Bragança à espera do canil

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Ter, 07/06/2005 - 14:30


A Associação Brigantina de Protecção dos Animais (ABPA) já não tem espaço para acolher os cães que são abandonados nas ruas de Bragança.

Os animais que vagueiam pela cidade deixam indignados alguns moradores, que têm vindo a alertar a ABPA para a necessidade de recolher o canídeos.
A associação, contudo, vê-se obrigada a negar o acolhimento dos cães, alegando que as instalações que possui na Quinta da Trajinha, já ultrapassaram, há muito, o limite máximo de acolhimento.
Os sócios da ABPA, contudo, não se conformam. Maria Teresa Mendes tornou-se associada há três anos e considera que a colectividade não está a prestar um bom serviço.
“Já liguei para lá [para a associação] três vezes a pedir a recolha de dois cães e uma cadela mas disseram-me que não havia vaga. Também já vi a associação a dar de comer aos animais na rua, mas não os acolhe”, lamenta a cidadã.
Confrontada com o reparos, a presidente da ABPA, Lurdes Gonçalves, garante que “é impossível recolher mais algum cão, uma vez que o espaço tem capacidade para acolher cerca de 36 animais e, neste momento, encontram-se lá cerca de 100 cães”.

Utentes do Hospital mordidos

Para resolver o problema da falta de espaço e possibilitar o acolhimento de mais animais abandonados, a Câmara Municipal de Bragança (CMB) cedeu um terreno à ABPA, situado em Vale das Ratas, nos arredores da cidade
Lurdes Gonçalves garante que só com o novo canil será possível acolher mais animais. “Não nos passa pela cabeça matar os cães que já estão na associação há mais tempo, para acolher animais novos. Enquanto não tivermos umas instalações mais amplas não iremos recolher mais nenhum cão”, afirma a presidente da associação.
Mas, o certo é que o local onde os canídeos se encontram, actualmente, não é pacífico. Segundo uma funcionária do Hospital Psiquiátrico de Bragança, os cães deviam ser retirados daquele local, visto que os utentes daquela unidade não podem ir dar um passeio nas redondezas. “Há utentes do hospital que já foram mordidos mais que uma vez. Além disso, o canil deita um cheiro insuportável, principalmente agora no Verão”, acrescentou a funcionária.

Canil fora da cidade

De acordo com o vice-presidente da CMB, Rui Caseiro, o local onde vai nascer o novo canil da associação fica longe da cidade, pelo que os animais não vão incomodar ninguém.
“As novas instalações, que serão geridas pela ABPA, estão a ser planeadas para acolherem cerca de 400 animais, entre cães e gatos. Além da recolha de animais abandonados, terão condições para recolher animais temporariamente, em tempo de férias”, referiu Lurdes Gonçalves.
O processo, na óptica de Rui Caseiro, até já podia estar concluído, “mas a associação andou quase dois anos à procura de um terreno e não conseguiu, pelo que acabou por ser a Câmara a dar o terreno”.
E, “como não há fome que não dê em fartura”, a CMB também vai proceder à construção de um canil, este de carácter municipal. “Neste momento ainda não temos um local definido, mas já estamos a elaborar o projecto”, refere o vice-presidente.
A autarquia continua a fazer capturas de cães na cidade com regularidade, que, se não forem reclamados acabam por ser abatidos, ao contrário do que sucede com os animais recolhidos pela ABPA.
Acresce que as condições onde os animais aguardam por um dono deixam muito a desejar.