Deslocação de Médicos para o Algarve motiva mais reacções de autarquias e partidos

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Qua, 27/07/2016 - 15:00


Município de Bragança pede revogação da medida e contratação de mais médicos para a ULS do Nordeste. PCP pediu explicações ao governo e PS acusa PSD de “aproveitamento político”.

Há mais vozes a questionar a medida da ARS Norte e da Unidade Local de Saúde do Nordeste que permite a transferência temporária de equipas compostas por dois ortopedistas e um anestesista para o Centro Hospitalar do Algarve. 

O Município de Bragança aprovou esta segunda-feira, em reunião de Câmara, uma tomada de posição que exige a revogação desta medida e a “admissão de pessoal médico nas especialidades com carências identificadas”, de acordo com um despacho do gabinete do Secretário de Estado Adjunto e da Saúde publicado na semana passada, em Diário da República.  O documento aprovado por unanimidade em reunião de câmara refere ainda que “esta medida penaliza os mais de 800 cidadãos que se encontram em lista de espera na ULSNE para serem submetidos a uma cirurgia de ortopedia”, considerando que “irá dilatar, ainda mais, o tempo médio de espera”, que é nesta altura superior a um ano e meio, de acordo com os dados disponibilizados no portal do Serviço Nacional de Saúde, que dá conta de 797 pessoas em lista de espera, em casos não urgentes. O documento, que salienta ainda o aumento da população no distrito de Bragança com a chegada de emigrantes, foi enviado para as entidades de saúde, deputados eleitos pelo distrito de Bragança, autarcas, para o primeiro-ministro e até para o Presidente da República.

Também o PCP questionou o governo sobre o assunto,  pedindo explicações sobre o impacto na capacidade da prestação de cuidados de saúde às populações transmontanas resultante da transferência temporária. No Requerimento entregue na Assembleia da República pelo deputado comunista Jorge Machado, o Ministro da Saúde é ainda questionado sobre "que medidas tomou ou pensa tomar para garantir o normal funcionamento dos serviços de Ortopedia e Anestesia dos hospitais dos distritos de Bragança e Vila Real".

Por outro lado, O presidente da Federação Distrital do PS de Bragança não compreende a polémica gerada em torno da deslocação de equipas médicas para o Algarve. Carlos Guerra mostra-se surpreendido com a tomada de posição de partidos políticos, nomeadamente do PSD, contra esta medida. “Não deixa de me surpreender a tomada de posição do PSD porque, com toda a franqueza, se tivessem tomado com tanta energia esta energia contestatária, durante os quatro anos da anterior governação, certamente que não estaríamos tão mal no distrito, porque, de facto, fomos objecto de tanta mal feitoria ao nível da saúde, dos tribunais e tantas outras coisas que, vejo aqui uma tentativa de aproveitamento político daquilo que considero que é um mero acto administrativo”, considera o representante distrital dos socialistas.

Recorde-se que, na semana passada, os deputados social-democratas eleitos pelo distrito de Bragança consideraram a medida “um absurdo”, a comissão política distrital do PSD questionou a medida, exigindo a revogação imediata da mesma, a CIM Terras de Trás-os-Montes manifestou a sua “incompreensão pela decisão de transferir médicos para o Algarve” e o autarca de Bragança classificou esta decisão como “estranha e caricata”.  

Jornalista: 
Sara Geraldes