Escolas precisam de cantinas

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Ter, 20/09/2005 - 14:43


O ano lectivo começou a meio gás em algumas escolas do 1º Ciclo do concelho de Bragança. A falta de condições para leccionar durante os períodos da manhã e da tarde, apresentadas pela maioria dos estabelecimentos de ensino do Mundo Rural, é o principal motivo desta falha.

Recorde-se que o Ministério da Educação pôs fim ao regime duplo (aulas só de manhã ou só de tarde) e decretou o funcionamento do 1º Ciclo em regime normal, que estabelece a obrigatoriedade das aulas de manhã e de tarde.
Contudo, esta medida está desajustada à maioria das escolas do Nordeste Transmontano, uma vez que acolhem alunos deslocados e não têm cantinas para garantir o almoço às crianças.
Esta realidade é bem visível na escola de Alimonde, concelho de Bragança, que recebe quatro alunos oriundos da aldeia de Carrazedo. Estas crianças têm que percorrer, diariamente, cerca de três quilómetros para irem à escola e a rede de transportes não permite ir almoçar a casa.
Esta situação é, igualmente, vivida nas escolas de Mós, Rebordaínhos, Espinhosela, Quintela de Lampaças, Oleiros e Fontes, dado que recebem alunos das localidades vizinhas.

Escolas sem condições

Para tentar solucionar este problema, a Câmara Municipal de Bragança (CMB) está a tentar criar protocolos com instituições e privados, para assegurar as refeições aos estudantes deslocados. “Nós vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para solucionar este problema. Se não conseguirmos, estes alunos terão que ter aulas em regime duplo”, referiu o presidente da CMB, Jorge Nunes.
Contudo, as incompatibilidades do novo regime com as escolas do Nordeste Transmontano também são visíveis a outros níveis. A falta de salas, por exemplo também vai fazer com que alguns alunos das escolas de Bragança e do Mundo Rural só possam ter aulas durante o período da manhã ou durante o período da tarde.
Além disso, os pais dos alunos que frequentam as escolas da cidade defendem a criação de cantinas nos estabelecimentos de ensino, dado que o horário laboral nem sempre é compatível com o horário escolar.

Núcleos escolares
podem ser solução

Segundo o presidente do Agrupamento de Escolas Paulo Quintela, Germano Lima, esta situação só vai ser resolvida com a implementação da Carta Educativa, que vai definir a criação dos centros escolares.
Por sua vez, o edil bragançano garante que, para que os centros escolares sejam criados, é necessário o apoio financeiro do Poder Central, que criou medidas educativas sem ter em conta as condições das escolas.
“A autarquia está a trabalhar no sentido de proporcionar uma educação de qualidade às crianças do concelho, mas o Ministério da Educação não pode criar medidas e empurrar as responsabilidades para as autarquias, como acontece com o ensino do Inglês”, salientou Jorge Nunes.
Ao que foi possível apurar, o ensino do Inglês, a que todos os alunos do 1º Ciclo terão ter acesso durante este ano lectivo, só vai entrar em funcionamento, no concelho de Bragança, entre os dias 12 e 15 do próximo mês.
“A autarquia já está a estruturar as turmas e dentro de poucos dias vai começar a contratar os professores, uma tarefa que deveria ser executada pelo Ministério da Educação”, realçou o presidente da CMB.
Quanto ao prolongamento do horário escolar, sabe-se, já, que também não vai ser cumprido em todas as escolas do Nordeste Transmontano, devido à falta de salas de aula e de recursos humanos.