Minas do Portelo

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Ter, 21/06/2005 - 16:27


Corria o ano de 1998 quando um bombeiro de Vila Flor perdeu a vida no combate a um incêndio na zona do Portelo (Bragança). O soldado da paz caiu num buraco profundo da antiga extracção mineira, tendo menos sorte que um colega envolvido no combate às chamas, que também caiu mas conseguiu escapar com vida.
Após a tragédia sucederam-se as promessas em torno da resolução do problema. Parque Natural de Montesinho (PNM) e Protecção Civil garantiam que os buracos das antigas minas seriam imediatamente tapados para evitar novos acidentes. Mas, passaram-se diversas épocas de fogos e nada aconteceu no Portelo, à excepção da colocação de algumas placas sinalizadoras de perigo.
Para começar a ver a questão parcialmente resolvida foi preciso esperar cinco anos de adiamentos e falsas promessas, até que, há cerca de dois anos, o PNM, com os parcos recursos que se lhe conhecem, vedou as zonas mais perigosas, com recurso a rede e estacas de madeira. É fácil de perceber que esta não é a solução ideal para tornar as antigas minas num local seguro. Mas, como em Portugal tudo demora o seu tempo, foi preciso esperar mais dois anos para começar a ver alguma luz ao fundo do túnel. Ontem, mesmo, técnicos da empresa Exmin começaram a identificar os locais que oferecem perigo para elaborar um projecto capaz de retirar as antigas minas do Portelo do mapa dos pontos negros do País.
Mas, o processo não acaba aqui, porque enquanto as obras avançam e não avançam é quase certo que vai ser preciso esperar mais um ano ou dois para o pesadelo chegar ao fim.
É este o País que temos. Anda tudo muito devagar. Fazem-se estudos prévios, fazem-se estudos de impacte ambiental, avança-se para o projecto de execução, mas, quando se descobre que não há financiamento para concretizar a obra, perdem-se 3, 4 ou 5 anos de oportunidades. Por falar em Portelo, onde param e para que servem os estudos já desenvolvidos para ligar Bragança à autovia das Rias Baixas (Espanha), que começaram a ser feitos em 1998-99?