Ter, 14/07/2009 - 10:03
Este cenário foi recriado pelo último moleiro da freguesia para um grupo de escuteiros do Agrupamento de Santa Maria de Belém, que veio de Lisboa para acampar no Nordeste Transmontano.
Manuel Pedro Afonso, de 65 anos, começou por explanar aos mais novos o nome dos artefactos usados para moer o trigo ou o centeio, passando, de seguida, a explicar o funcionamento do moinho. O cereal entrava na tramóia, sendo o tarabelo a peça que regulava a entrada do cereal nas pedras. “As mós rodavam com a força da água”, realça o moleiro.
Ao longo da conversa, Manuel Afonso foi recordando os tempos em que passava as noites no moinho, enquanto as pedras esmagavam o cereal. “As mós davam sinal quando já não tinham grão. Aí levantava-me e ia pôr mais cereal e ensacar a farinha”, conta.
Os mais pequenos lá iam fazendo perguntas, ao mesmo tempo que iam percebendo como se fazia a farinha, que, antigamente, era usada para confeccionar o pão caseiro cozido nos tradicionais fornos a lenha.
Escuteiros da capital descobriram os recantos do Nordeste Transmontano
Manuel Afonso conta que aprendeu a arte com o sogro e com o padrinho e realça a importância da requalificação deste espaço. “Isto foi uma riqueza. Aqui criaram-se muitas famílias. Hoje serve para mostrar o que se fazia antigamente”, acrescenta o último moleiro.
Situado nas margens do rio Tuela, o moinho foi requalificado há seis anos e tem vindo a receber muitos visitantes, na sua maioria, os turistas que ficam alojados nas três casas de turismo rural da freguesia. “É um momento único para estas crianças que vêm da cidade. É também uma forma de dinamizarmos o moinho”, enalteceu o presidente da Junta de Freguesia de Fresulfe, Fidélio Afonso.
Os escuteiros ficaram encantados com a iniciativa pedagógica da autoria do mestre Manuel Afonso e com os seis dias passados em Fresulfe. “É a primeira vez que estas crianças vêm ao Norte do País, através do projecto ‘Descobrir o Portugal Rural’, que foi escolhido por eles”, salienta o responsável pela Alcateia 16 do Agrupamento de Santa Maria de Belém, João Martins.
Durante a estadia no Nordeste Transmontano, os escuteiros visitaram, ainda, o Parque Biológico de Vinhais, os fornos de cal e a lorga de Dine e o castelo de Bragança.
