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Tradições dão vida a Milhão

Qua, 06/04/2011 - 20:57


O jantar do javali e do butelo mobilizam a população da aldeia, que ajuda a preparar a festa

A caça é uma das actividades que dinamiza a aldeia de Milhão, no concelho de Bragança. Os caçadores da aldeia pegam na arma por desporto, para caçar lebres, coelhos, perdizes, javalis ou raposas, espécies que servem de mote para a realização de convívios comunitários na aldeia.
“No dia 2 de Abril faz-se o jantar do javali. Os caçadores vão, no Inverno, fazer montarias, matam os javalis e depois o povo reúne-se para os comer. É um grande convívio”, conta Maria Lúcia Fernandes, de 63 anos.
As tradições servem de mote para a população se reunir. O jantar do Butelo é outra das iniciativas que reúne o povo de Milhão. “Os membros da Junta compram a carne. Depois há sempre duas ou três mulheres que vão ajudar a fazer os butelos e no sábado à noite antes do Carnaval reúne-se toda a gente. Faz-se uma grande fogueira e põem-se vários potes para cozer as cascas”, conta Lúcia Fernandes.
A este encontro junta-se a grande fogueira que arde durante três dias na altura dos Santos e a sardinhada do Santo António, iniciativas que contribuem para a reunião da população.
A agricultura é a actividade principal da população que resiste nesta aldeia do Nordeste Transmontano, a cerca de 19 quilómetros da capital de distrito. Aqui cultiva-se azeitona, castanha e, recentemente, tem-se apostado no mel biológico.

Milhão já foi, em tempos, um importante local de passagem de quem se deslocava para a fronteira de Quintanilha

A comunhão da aldeia com a natureza salta à vista de quem visita esta localidade, onde se pode observar uma cegonha a nidificar mesmo no centro de Milhão.
Na margem do ribeiro também se encontra um moinho recuperado, que remonta aos tempos em que o cultivo do cereal e a transformação de trigo e centeio em farinha, eram actividades fortes. Actualmente, ainda há pessoas que utilizam este moinho para moer, essencialmente, milho para os animais.
Para que a população mantenha viva esta tradição, a Junta de Freguesia tem um projecto para a recuperação de outro moinho na aldeia. Na Casa do Povo também é possível conhecer uma colecção de objectos que fazem parte da lida agrícola.
No Verão, o parque de merendas é o local procurado pelos habitantes e visitantes para fazer piqueniques ou, simplesmente, passar momentos de lazer. A ponte românica é outro dos locais com interesse histórico para a freguesia.
Esta freguesia agrícola já foi, em tempos, um importante local de passagem do trânsito que se deslocava para a fronteira de Quintanilha. As bombas de combustível que ainda permanecem na aldeia remontam a esses tempos, em que o movimento justificava este serviço. Hoje, os tractores agrícolas da aldeia são os únicos clientes deste posto de combustível.
A população de Milhão também aposta na formação. 16 pessoas frequentam um curso leccionado pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional, que dá equivalência ao 12º ano.
Com cerca de 120 habitantes, a freguesia de Milhão é, ainda, composta pelas Quintas de Vale de Prados, onde resistem cerca de seis habitantes, e de Vilares, onde vivem cerca de 20 pessoas.
Dado que a população é idosa, a presidente da Junta de Freguesia, Raquel Tomé, realça a importância de se construir um Centro de Dia ou um mini-lar na aldeia, um equipamento que a autarquia gostaria de ver concretizado mesmo perante a actual crise económica.