Qua, 31/03/2021 - 15:51
António Ramos, presidente da Associação de Futebol de Bragança, não avança qualquer data para a retoma do distrital de futebol sénior e início do campeonato de futsal. Em entrevista ao Nordeste, o líder da AFB mostrou-se ainda preocupado com o futuro dos atletas mais novos e pede às autarquias um reforço no apoio financeiro aos clubes.
- A pandemia teve um forte impacto no futebol e há estudos que revelam que em termos financeiros e operacionais pode durar até 2024. A nível distrital qual é o panorama e a situação da própria Associação de Futebol de Bragança?
É verdade que a pandemia teve um impacto imensurável no quotidiano da população mundial e, à semelhança de todos os outros sectores de actividade, também o futebol, não sendo excepção, sofreu danos irremediáveis nos próximos tempos. Recentemente, o Governo decidiu a realização de jogos de futebol à porta fechada, o que pressupõe, sem dúvida, uma repercussão financeira e operacional significativa no futebol português. Não obstante, a Associação de Futebol de Bragança trabalha arduamente para manter activo o futebol distrital e dinamizar ao máximo o progresso das lineares estabelecidas, garantindo o seu total cumprimento.
- Neste ano de pandemia a FPF anunciou uma linha de crédito de um milhão de euros e um fundo de cerca de cinco milhões. Quanto ao Governo anunciou, recentemente, um apoio de 65 milhões para o desporto. Na sua opinião são números suficientes para ajudar neste caso o futebol?
Sendo o futebol um desporto múltiplo, variado e, sobretudo, diverso em todas as suas componentes, creio que os apoios podem e devem também ser direccionados para a maioria das suas facetas ecléticas. Estes apoios, quer sejam recursos financeiros, humanos ou materiais e tecnológicos, são de uma importância extrema para a prosperidade do futebol nacional e para aumentar a sua credibilidade perante um plano internacional de sucesso e modernidade futebolísticos.
- E a formação? Há quase duas temporadas que os mais novos estão sem competir e, a maioria, sem treinar. Teme pelo futuro destes jovens jogadores na questão da prática da actividade física e até da sustentabilidade dos clubes?
A situação pandémica veio, de facto, perturbar a actividade física dos mais jovens e retirar-lhes a oportunidade de formação especializada na área do futebol. Este factor originou, por sua vez, uma perda de diligência dos clubes em termos de quantidade e qualidade de jogadores, devido à suspensão dos treinos e jogos a que estavam adaptados. No entanto, tenho presente que o espírito jovem sempre supera a adversidade, pois possui mais vitalidade e resiliência do que qualquer outro. Assim sendo, logo que as actividades desportivas retomem a sua execução, sei que os jovens jogadores e os clubes irão trabalhar o melhor possível para satisfazer as necessidades que ficaram suspensas durante este período de tempo tão longo.
- Sem campeonatos deduzo que houve uma diminuição do número de atletas. Dá para contabilizar?
- Temos 1/5 dos atletas federados em relação à época anterior, pelo facto de só termos iniciado o Campeonato Distrital de Futebol Sénior.
- De que forma isto vai afectar as dinâmicas das selecções distritais?
É simples. Uma redução do número de filiados implica um menor número de receitas e de atletas disponíveis para os jogos, o que, por sua vez, afecta directamente, não só a dinâmica das selecções do distrito, como também da própria Associação de Futebol de Bragança, fator que temos tentado contrariar durante estes últimos meses e que, inevitavelmente, tende a agravar-se.
- A partir do dia 19 de Abril as modalidades de médio risco, como o futebol e o futsal, podem voltar a treinar e a competir em Maio. É possível ainda dar alguma competição aos jovens jogadores? Como será feita a retoma?
- Resta-nos aguardar pelas directrizes da DGS, do Governo e da FPF, afirmando que tudo faremos para sensibilizar os nossos Filiados para participar nas actividades propostas pela Associação de Futebol de Bragança.
- E quanto ao futebol sénior? Quando vai ser retomado o distrital? É para terminar o campeonato?
Tendo em conta a imprevisibilidade que uma pandemia subentende, considero que é ainda muito cedo para declarar a retoma do futebol sénior. Apenas o tempo e os índices de evolução do vírus dirão a disponibilidade e a possibilidade de término do campeonato.
- E o futsal?
Aplica-se ao futsal a mesma filosofia de pensamento acerca do futebol sénior. A imprevisibilidade do rumo da infecção condiciona, portanto, as deliberações em qualquer pilar desportivo.
- Receia que haja clubes que não tenham capacidade financeira para terminar a competição?
É um receio angustiante, mas real. Nestes momentos de maior dificuldade, apelamos às autarquias um apoio adicional aos clubes da nossa associação, para atenuar os obstáculos que foram criados com esta pandemia que nos assolou.