Ter, 19/05/2020 - 17:26
O processo foi atrasado pelo impacto económico e incerteza provocados pela pandemia de Covid-19, mas está marcada para esta terça-feira a assinatura do contrato da reestruturação, que implica um perdão de 54 milhões de dívida, que corresponde a 75% do valor total de créditos que se aproxima dos 70 milhões. Depois de uma negociação, o Novo Banco e Caixa de Crédito Agrícola, que tinham concordado perdoar 35 milhões de euros, aceitaram abdicar de mais dois milhões de euros de crédito.
A CoRe Equity, que integra o universo da sociedade de capital de risco CoRe Capital, vai ficar com 90% do maior produtor português de cogumelos, investindo cerca de 12 milhões de euros e assumindo uma dívida de 14 milhões. Os restantes 10% vão ficar na mão da Sugal, empresa portuguesa de processamento de tomate com a marca Guloso.
Foram já cedidos por antecipação 2 milhões usados, nos últimos meses, para saldar salários e assegurar investimentos, de forma a manter o funcionamento da fábrica de cogumelos.
Do grupo já saíram alguns trabalhadores, mas há ainda 400 funcionários.
A empresa entrou há dois anos no Processo Especial de Revitalização. Segundo o gestor de insolvência é preciso “repensar o projecto para tornar o grupo autónomo”, o que, diz, “não se consegue com a mesma receita do passado”.
Sindicato considera que negócio pode ser positivo mas tem reservas
O Sindicato dos Trabalhadores da agricultura e das indústrias de alimentação, bebidas e tabacos de Portugal (SINTAB) mostra-se satisfeito por se ter chegado a um acordo que possibilite a continuidade da Sousacamp.
“Deixa-nos satisfeitos que seja previsível a continuidade da empresa. Mas também o facto de estar envolvida no negócio uma empresa do ramo da alimentação, que acaba por entregar à empresa o seu verdadeiro cariz, e não se trata apenas de uma aventura de investimento, que era o que se previa inicialmente com uma empresa de capital de risco”, afirmou o dirigente do sindicato, José Eduardo Andrade.
No entanto, o sindicato ainda tem reservas acerca do negócio se puser em causa mais postos de trabalho. O gestor de insolvência previa reduzir 100 postos de trabalho mas até agora segundo o sindicato foram poucos os que aceitaram o acordo proposto para sair do grupo, que tem fábricas nos concelhos de Vila Flor, Mirandela, Vila Real e Paredes.
“Parece-nos que a empresa tem tudo para continuar e ser cada vez maior daqui para a frente, estava a laborar a 10% das suas capacidades e do que já tinha funcionado. Se tem este potencial todo, não se percebe porque é que ainda se continua a falar na perda de postos de trabalho”, referiu.
O sindicato voltou ainda a denunciar a situação de discriminação em que, diz, se encontram os trabalhadores que não aceitaram o acordo de saída proposto pela empresa.