“Bota p’ra Carrazeda” onde a paisagem é de suster a respiração

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Ter, 26/07/2022 - 17:49


No âmbito do “Concelho em Destaque”, lançado este ano no Jornal Nordeste, o mês de Julho foi dedicado a Carrazeda de Ansiães. Aqui a maçã, o vinho e o azeite são os protagonistas para não falar da paisagem e do Castelo de Ansiães. Numa aldeia deste concelho, em Foz Tua, ainda apita o comboio

Situado no nordeste transmontano, onde a Sul e a Oeste se podem apreciar os vales do Douro e do Tua. Aqui as temperaturas são bastante baixas no Inverno e bastante altas no Verão. Terra de maçã crocante e doce, vinho de excelência e onde a azeitona dá bom azeite. É um dos mais ancestrais concelhos do país, com a sua área territorial demarcada desde o séc. XI. Rica em termos paisagísticos, mas também históricos. Já sabe de que concelho estamos a falar? Sim, Carrazeda de Ansiães.

Castelo e vila amuralhada

Fica a cerca de 5 Km da vila e é ponto de visita obrigatório a quem passa por Carrazeda de Ansiães. A porta está aberta e convida a entrar numa das principais vilas medievas da região de Trás-os-Montes no século XVI. Quem daquela porta passa percorre os arruamentos e fica a conhecer o urbanismo medieval de uma vila e ainda o castelo com cerca de cinco mil anos de história. Intacta está ainda a Igreja de São Salvador, um “ex-libris da arte românica do nordeste transmontano”. E a paisagem… a paisagem que pode ser vista dali, a 800 metros de altitude, é de cortar a respiração, não fosse ponto privilegiado para ver grande parte do Vale do Tua. “A importância do castelo de Ansiães reside também na parte documental. O primeiro foral do território que, actualmente constitui Portugal, foi dado a Ansiães. Foi dado pelo rei leonês, Fernando Magno, que tinha domínio destes territórios. No sentido que as populações desses espaços pudessem auxiliar a reconquista cristã e ao atribuir essa carta foral também atribuiu privilégios”, explicou a chefe de divisão da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães, Alexandra Lopes. O município está a preparar uma aplicação turística para telemóveis, designada “Circuito do Património Religioso de Carrazeda de Ansiães”. A app disponibilizará um circuito de visitação articulado com uma rota de igrejas do concelho. Além da igreja de São Salvador, os interessados podem ainda visitar a de Santa Eufémia, na aldeia da Lavandeira, um imóvel de interesse público, rico em as pinturas morais. Mais tarde vão ser adicionadas outras sugestões de visita, como miradouros e ainda os museus que há no concelho, como o da Memória Rural e o Centro Interpretativo do Vale do Tua. A app estará disponível no final de Agosto.

Vestígios da Pré-História

Além do castelo, no concelho de Carrazeda de Ansiães é ainda possível identificar vários vestígios e ocupações da Pré-História, como as pinturas rupestres do Cachão da Rapa, o Morro do Castelo de Linhares, o Monte da Senhora da Graça e o Monte das Chãs. As antas de Zedes e de Vilarinho da Castanheira são outros pontos de paragem obrigatória.

A indústria dos moinhos de água e vento

Numa das portas de entrada na vila de Carrazeda de Ansiães é possível ver o que em tempos era utilizado para moer os cereais, um moinho de vento. No concelho há apenas três, os outros dois estão em Mogo de Malta e em Vilarinho da Castanheira. O moinho situado na vila foi requalificado em 2012, depois de ter sido comprado e recuperado pelo município. É o único moinho de vento requalificado em Trás-os-Montes e Alto Douro e serve agora como um ponto turístico, visto que foi transformado num núcleo museológico do Museu da Memória Rural. Poucos anos funcionou. Foi construído no início do século XX, mas deixou de trabalhar por volta de 1920. Segundo o técnico de turismo do município, Cristiano Sousa, “tem uma estrutura muito grande e um raio muito grande, leva a que precise um capelo muito grande, logo fica muito pesado para movimentar o capelo à procura do vento”. Por isso, entende-se esta que terá sido a razão para o seu pouco funcionamento. Mas são os moinhos de água que reinam nas terras deste concelho. Só em Vilarinho da Castanheira, num espaço de 3 Km, há pelo menos 10 moinhos deste género. A abundância de canais de água contribuiu assim para a criação de uma “indústria” de moer centeio, trigo e milho. A partir da década de 70, os moinhos de água deixaram de funcionar e passaram a trabalhar os moinhos a diesel. Embora, actualmente já não sejam usados para o que se propunham, alguns foram recuperados e podem ser visitados.

Doce e crocante maçã

O planalto de Ansiães, com cerca de 800 metros de altitude, é sinónimo de boa maçã. O frio do Inverno e o calor que se sente no Verão são ideais para que esta cultura seja um sucesso, até porque as macieiras precisam de muitas horas de frio para frutificar e de tempo quente para melhorar o fruto. E assim estão reunidas as condições para que as maçãs de Carrazeda de Ansiães sejam crocantes, duras, com bastante açúcar, conferindo-lhes um sabor “diferente”. “É uma zona de excelência para a produção de maçã, em que produzimos um fruto com características organolépticas diferenciadoras do que se faz no país”, afirmou o produtor Duarte Borges. O planalto tem capacidade para produzir, por ano, 25 mil toneladas de maçã. Grande parte desta fruta é vendida a empresas que trabalham no mercado nacional e que a vendem em grandes superfícies e também a empresas que fazem exportação. Mas a seca pode comprometer a qualidade na próxima campanha. As macieiras estão a ser regadas com água controlada e pouca água pode afectar não só a quantidade produzida, mas também o tamanho do fruto. No início do ano, a queda de granizo já tinha afectado a produção e agora o extremo calor só vem deixar os agricultores ainda mais desanimados. Duarte Borges, também técnico na Associação de Fruticultores, Viticultores e Olivicultores do Planalto de Ansiães (AFUVOPA), estima que a produção cai para metade.

Boas uvas, bom vinho

A vinha é das culturas mais importantes no concelho. Em termos de área é a cultura mais importante, uma vez que há uma vasta área de vinha. Situado também no coração do Douro, é possível ali produzir vinho de encosta, em sequeiro. Esta é das culturas, que à semelhança de outras, dá bastante trabalho, o ano inteiro. “Não dá descanso”, é assim que o produtor João Lopes define a vinha. É necessário fazer a poda, o arranjo dos pampos, tratamentos e claro, a vindima. Tem nas mãos um negócio de família, o dos vinhos “Pia do Vale”. Começou nos avós, já foi do pai e agora é o responsável por fazer um bom vinho. Por ano produz 70 pipas de vinho. “Estou a produzir branco e tinto, mas o branco é vendido para uma casa, porque é valorizado. O tinto é um vinho encorpado com características da nossa região”, disse. Este ano previa que fosse um ano “normal” de produção, mas tendo em conta a seca que se atravessa, diz que há “muitas incógnitas”. “Com a falta de água, há muita uva que não se vai criar e mesmo plantas talvez morram com a seca e pode haver também um desequilíbrio de maturação”, referiu. Os vinhos “Trovisco” são também bastante conhecidos. Há 27 anos que António Barbosa decidiu dedicar-se ao sector. Tem 16 hectares de vinha e produz anualmente 50 mil garrafas de vinho, que pode ser comprado em Bragança, Mirandela e Carrazeda de Ansiães. “Eu tinha um mercado muito importante que o Brasil e com a pandemia perdi esse mercado. Agora eles precisam de vinho e eu não tenho para lhe vender”, disse. Conta que apesar de andar nisto há quase três décadas e o processo de vinificação ser sempre igual, admite que é preciso modernização e que, hoje em dia, há produtos autorizados que dão “espírito de leveza” ao vinho. Mas a seca é um problema. Tem regado o que pode, contudo a quebra de produção é certa. “Eu estou a regar uma vinha que já está formada, mas ainda é uma vinha nova. Nota-se a diferença dela para as outras, mas eu não sei se irei conseguir continuar a regá-la, porque a charca já está lá em baixo”, avançou. Agora está a fazer uma reconversão da vinha e a pôr castas francesas, como a o Sauvignon Blanc, que dá um vinho branco “mais ácido”, com “12 ou 13 graus”. António Barbosa queixa- -se da falta de apoio do Governo para os agricultores. Para a vinha nova que está a plantar, que são cerca de dois hectares, vai receber um apoio de 8 mil euros que, na sua opinião, “não chegam para nada, nem para a rega”. “Quando se faz a reconversão da vinha teriam que ser na base, por hectare, 16 ou 18 mil euros, porque é necessário arrancar a velha, fazer a contagem das cepas, não pode ficar material nenhum na terra, depois entra uma giratória para fazer a surriba, só nisto é muito despesa”, concluiu. Os vales do Tua e do Douro têm condições “excelentes” para o que pode ser uma produção de uvas e vinho de grande qualidade. Têm sido produzidos vinhos tintos “bastante bons”, mas também vinhos brancos, porque alguma produção é feita em altitude o que faz com que haja vinhos brancos “mais frescos, mais equilibrados”. Neste concelho, há pequenas e médias explorações, que vendem as uvas para grandes empresas exportadoras, que fazem a comercialização do vinho. Também há produtores engarrafadores, que fazem vinho próprio que vendem em Portugal e também exportam.

Azeite de qualidade

O olival é outra das culturas da agricultura que é mais trabalhada em Carrazeda de Ansiães. João Lopes, além de produzir vinho, também faz azeite. E o que é preciso para fazer um bom azeite? “Para um bom azeite é preciso desde logo, na apanha, a azeitona estar em boas condições sanitárias, a azeitona não pode estar podre nem ter bichos, e deve ser apanhada e ir logo para o lagar o mais rápido possível para ser laborada”, explicou, salientando que as características do solo e o clima são também um ponto a favor. Esta é uma cultura que diz dar “muito trabalho” principalmente na apanha, porque é feita “à mão”, porque os terrenos são “muito ingremes” o que impossibilita a utilização de máquinas. A falta de mão-de-obra é outro problema. “Prejudica um pouco, porque a azeitona fica mais tempo na árvore, mas também depende do azeite que se quer obter, se é mais picante ou mais doce”, disse. Produz por ano entre os 2 mil a 3 mil litros de azeite, mas com a seca prevê uma quebra de 30%, porque muita flor “não vingou”. Prevê-se que a produção para esta campanha seja “bastante baixa” e que vai ainda ser “mais afectada pelo período de seca que se está a sentir”. Grande parte dos agricultores que se dedicam a esta cultura vende directamente aos consumidores ou no mercado nacional, no Porto e Lisboa.

Falta de apoios para os agricultores

A Associação de Fruticultores, Viticultores e Olivicultores do Planalto de Ansiães presta apoio técnico e serviço nas diferentes vertentes ao agricultor, como elaboração de candidaturas, a cerca de 250 agricultores. De acordo com o técnico Duarte Borges, os agricultores estão “desanimados” face ao que têm passado nos últimos tempos com os elevados custos de produção. A ministra da Agricultura tinha anunciado que os apoios previstos para Outubro seriam antecipados e atribuídos em Maio. No entanto, a situação foi-se arrastando e só em Julho é que os agricultores receberam o prometido. “Basicamente foi uma antecipação das ajudas, não houve qualquer pagamento extraordinário relativamente à situação”, afirmou Duarte Borges. O sector agrícola é o “motor” do concelho de Carrazeda de Ansiães e a produção da vinha, maçã e azeite são “fulcrais para o desenvolvimento da economia”. Perante o ano extraordinário que se atravessa, o técnico da AFUVOPA salientou que o rendimento dos agricultores vai cair e, por sua vez, também o das pessoas que trabalham para esses agricultores. “A agricultura é um sector que absorve muita mão-de-obra e quando o agricultor deixa de ter rendimentos, também se reflecte na restante cadeia económica”, frisou, acrescentando que os empresários “têm enfrentado de ano para ano novas realidades, que têm dificultado a vida de muitos” e há até quem pondere abandonar a actividade. “Há novos agricultores, mas são resilientes e vêm renovar o sector, mas por vezes ficam muito desanimados, porque estamos numa região difícil, as ajudas são escassas e dificulta a manutenção do tecido empresarial”, concluiu.

Apit’o comboio

Saindo de Carrazeda de Ansiães e descendo no mapa, são precisos apenas 16 Km para chegar a uma aldeia cheia de história e onde a beleza paisagística é inquestionável. Ponto de paragem: Foz Tua. Aqui o comboio ainda apita, mas parte da linha, que ligava o distrito, já está encerrada e depois acabou por ficar submersa com a construção da barragem do Foz Tua. Em 1884 começou a ser construído um troço que ligaria Foz Tua e Mirandela. Foram precisos três anos para que estivessem concluídos os 54 Km de linha. Mais tarde, entre 1902 e 1906 deu-se continuidade à linha, ligando Bragança a Mirandela. Clemente Meneres, proprietário agrícola na região, produtor de cortiça, cereal, milho, terá sido o grande impulsionador da continuidade da troço, porque o comboio era essencial para escoar os seus produtos. O comboio era usado para transporte de mercadorias, mas também de passageiros. Sendo uma via estreita, a velocidade rondava os 30 Km/H e era preciso pelo menos duas horas e meia para ir de Mirandela a Foz Tua. Em 1992, a ligação entre Bragança e Mirandela encerrou e em 2008, depois de dois trágicos acidentes, também encerrou a que ligava Foz Tua a Mirandela. Um aconteceu em Fevereiro, depois de um Inverno muito chuvoso que terá provocado o desmoronamento de pedras sobre a linha e o comboio, que na altura já era o Metro de Mirandela, ao passar a composição embateu contra as rochas que estavam na linha e tombou para o rio. Morreram três pessoas e muitos ficaram feridos com gravidade. Em Agosto desse ano voltou acontecer outra tragédia, perto da Brunheda. A linha cedeu, a composição saltou fora e o metro tombou. Uma pessoa morreu. Mais tarde começou a ser construída a barragem e cinco dos seis túneis que existiam nos primeiros 15 Km da linha ficaram submersos. Os mais curiosos podem saber mais sobre a linha, a barragem e até a fauna e flora da região no Centro Interpretativo do Foz Tua.

Fernando Leite recorda aqueles tempos com saudade. Em 1974 começou a trabalhar no comboio. Fazia transbordo de mercadoria. Foram cinco anos de “muito trabalho”. “Tinha muito movimento. Era uma coisa impressionante. Havia só um comboio, que lhe chamavam o carroção, que era só de mercadorias. Muita gente usava o comboio, à hora do comboio estava sempre tudo muito repleto. Dava muito movimento, aparecia mais gente”, relembrou. Confessa que a estação dava trabalho a muita gente. “Fora os ferroviários diários, que eram para aí 20, nós eramos mais 10 e ainda apareciam mais”, contou. É também proprietário de um restaurante “Beira Rio”, bem perto da barragem. Agora passou o negócio a um sobrinho, mas nem por isso quer ficar parado. Com 68 anos dedica-se a passeios de barco. “Isto é só um passatempo, não é para ganhar dinheiro, é para andar divertido”, disse. E se a procura por Foz Tua tinha acalmado há uns anos, parece que o movimento está a regressar ao fim-de-semana. Para Fernando Leite a justificação é fácil: “o Tua está a ser descoberto agora, por causa da paisagem que é única”. E isso é inquestionável.

Conhecer Carrazeda de Ansiães a correr

Conhecer o território a correr, em família ou com os amigos. O turismo desportivo é cada vez mais procurado e aqui encaixa na perfeição o Ansiães Douro Trail. A prova, organizada pela empresa Portugal NTN e promovida pelo Município de Carrazeda de Ansiães, vai para a quinta edição, está agendada para o dia 9 de Outubro, e é já uma referência no calendário nacional da modalidade. Em 2017 surgiu a ideia de trazer o trail para terras de Ansiães e a parceria com a Portugal NTN já dura há cinco anos. “Começamos a trabalhar no território, nos percursos pedestres, conhecemos os elementos do município e eles disseram que gostavam de ter uma parceria para fazer uma prova de trail. Dissemos desde logo que sim e avançamos com a primeira edição em 2017”, recordou João Neves da organização. O Ansiães Douro Trail é muito mais que um evento desportivo. E que quem participa não vem sozinho. A família e os amigos comparecem em massa o que significa lotação esgotada da hotelaria e da restauração. A economia local agradece. “Nem toda a gente vem para competir. Para competir vêm os atletas que participam nos nacionais. Quem participa não vem sozinho, pois trazem a família e os amigos e toda esta gente ou participa numa actividade, pois para além do trail longo ou curto temos uma caminhada, ou vem apenas para receber os seus atletas na meta. Toda esta gente passa um fim-de-semana diferente em Trás-os-Montes. O nosso território tem muito para oferecer a nível da gastronomia, da cultura, a simpatia do nosso povo e toda a paisagem deslumbrante que tem Carrazeda com vista para o rio Douro”, referiu. Quem participa tem a oportunidade única de conhecer o Castelo de Ansiães ou o Alto Douro Vinhateiro, classificado pela UNESCO como Património Mundial. E para repor as energias ao longo do percurso pode aproveitar para saborear a fruta “rainha” da vila de Carrazeda de Ansiães, a maçã, pois os pomares pintam as encostas das margens do Rio Douro. “Este percurso começa na vila de Carrazeda de Ansiães, atravessa os pomares até ao Castelo de Ansiães, com uma paisagem lindíssima. Depois, atravessam várias freguesias e entram no Douro com as vinhas a perder de vista e as margens do Douro. Quando sobem têm a zona de pinhal e mais pomares”. Os participantes chegam de vários pontos do país e já são “fregueses “assíduos em outros eventos da Portugal NTN em Mirandela, Valpaços, Alijó e Sabrosa. A última edição contou com 460 atletas e agora o objectivo é chegar ao meio milhar de participantes. “Os números tem crescido. Começamos em 2017 com 210 atletas, em 2021 foram 460. É um número considerável que afecta positivamente os territórios adjacentes pois quem vem de longe tem de dormir, comer e ficam o fim-de-semana. Sei que há atletas que vão dormir a vários concelhos, Vila Flor, Mirandela, Chaves, Vila Real. É uma prova que já movimenta muita gente”. Os padrinhos também ajudam a dar visibilidade à prova. São eles o ultramaratonista João Oliveira e a atleta Flor Madureira. “São dois atletas que já se iniciaram em idade adulta nesta modalidade, são um incentivo para toda a gente. O João já competiu a nível mundial”, destacou João Neves. O Ansiães Douro Trail é composto por duas corridas com carácter competitivo, o trail longo de 29 quilómetros e o trail curto de 16, 4. Há ainda uma caminhada com uma distância de 11 quilómetros. A 5ª edição do Ansiães Douro Trail está marcada para o próximo dia 9 de Outubro, em Carrazeda de Ansiães.

Susana Madureira 

O Presidente

Nome: João Manuel dos Santos Lopes Gonçalves

Idade: 58 Anos

Tempo de Mandato: 1º Mandato desde 21 de Outubro de 2017; 2º Mandato com início em 15 de Outubro de 2021

Profissão: Médico Veterinário

Porque decidiu dedicar-se à política?

Perante este meu interesse pela causa pública e principalmente a experiência adquirida no dirigismo partidário, nomeadamente nas funções desempenhadas como autarca, inicialmente como membro e em posterior mandato como presidente da Assembleia Municipal, resolvi seguir a oportunidade que me foi concedida e aceitar liderar um projecto de desenvolvimento para o concelho de Carrazeda de Ansiães. Assumir a liderança dos destinos de um concelho, desempenhando estas funções sempre com abordagens integradas e sempre com o interesse do território e do interesse público como linhas primordiais, é também uma forma de prestar homenagem e, de certa forma, retribuir às pessoas que tão bem me acolheram e me proporcionaram o desenvolvimento de uma carreira profissional que muito me valorizou.

Como é ser presidente da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães?

Pessoalmente é um privilégio estar nestas funções e poder acompanhar algumas realizações desde a criação da ideia, a sua maturação, passar à fase de projecto, a sua concretização e, principalmente, a sua disponibilização ao serviço da comunidade e dos cidadãos. Profissionalmente tenho de relevar o grau de exigência, na disponibilidade integral e também na diversidade de dossiers que temos de acompanhar. No entanto, a maior dificuldade é sem dúvida conseguirmos obter a melhor atenção das diversas entidades, para resolver assuntos que não dependem de nós, e o necessário apoio e financiamento para aqueles objectivos que consideramos fundamentais para o desenvolvimento económico e social do Concelho.

Quais são os maiores desafios enquanto autarca?

Em territórios do Interior de Portugal, de baixa densidade e à nossa escala, o maior desafio de todos e incluo aqui todos os portugueses, é haver verdadeiros planos de acção para, de uma vez por todas, promovermos políticas que permitam a fixação de população nestes territórios, preferencialmente de jovens. A actual tendência demográfica é a mãe de todos os nossos problemas e sensibilizarmos todos os decisores políticos e todos os cidadãos para este problema estrutural deve estar sempre presente. Da nossa parte temos também outros desafios, sendo que projectos conducentes ao desenvolvimento económico e social são encarados como estruturais e desenvolvidos com persistência. São exemplos, a ampliação do parque empresarial, o desenvolvimento do projecto do aproveitamento hidroagrícola da Veiga e o desenvolvimento da Estratégia Local de Habitação.

 

Jornalista: 
Ângela Pais