Qui, 16/04/2020 - 17:12
Câmaras chamadas a apoiar pequenos produtores, que são os mais atingidos com a crise.
Os pequenos agricultores são os mais afectados com a situação de quebra de vendas e instabilidade no sector, que a pandemia de Covid-19 criou. Segundo o vice-presidente da Confederação de Agricultores de Portugal, Mário Abreu Lima, é necessário criar novas formas de escoamento para a pequena agricultura.
“O problema que temos sentido, de forma especialmente preocupante para os pequenos agricultores, é que as suas produções não conseguem ser escoadas”, em especial devido ao encerramento de restaurantes, hotéis, feiras e mercados. “Os pequenos e médios agricultores não têm produção suficiente para chegar aos grandes hipermercados, porque estes exigem e absorvem uma quantidade e uma sustentabilidade de fornecimentos sucessiva, que o pequeno agricultor não tem possibilidade de fazer”, acrescentou.
Os problemas começaram nas raças autóctones, mas à medida que se vão fazendo colheitas de pequena dimensão a realidade estende-se a outros produtos. Abreu Lima dá como exemplo o cabrito de raça serrana, que acabou por ser escoado depois de um apelo nas redes sociais. Outro dos casos delicados era o dos bovinos de raça Mirandesa e Arouquesa, já que só 10% da produção estava a ser vendida. Mas “através de movimentações feitas pela CAP conseguiu-se que duas das cadeias de hipermercados nacionais adquirissem praticamente a capacidade produtiva por dois meses destas duas raças”. Mais do que nunca, Abreu Lima entende que é preciso “uma reorganização dos pequenos produtores”. “É necessário que haja uma sensibilidade clara agora da reorganização destes agricultores, de modo a agregarem-se, de forma a oferecerem no mercado os seus produtos com um volume que seja passível de chegar com garantia e manutenção de preços ao consumidor”, sublinhou ainda. É para isso necessário criar estruturas de venda, que podem passar por plataformas de distribuição, utilização das redes sociais ou venda casa a casa. Mas, perante o actual cenário têm “de ser chamados a participar os municípios, que são fundamentais na criação, manutenção e desenvolvimento de estruturas deste tipo, não podem deixar de se envolver com os pequenos agricultores, sob o risco de todo este sector poder vir a colapsar”, sustenta o vice-presidente da CAP. O associativismo dos agricultores é também incentivado pela CAP, para “criar músculo” no sector e “ganhar espaço comercial para escoar os produtos de qualidade”.
Jornalista:
Olga Telo Cordeiro