Distrito de Bragança tem mais 58 idosos sozinhos ou isolados que no ano passado

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Ter, 23/11/2021 - 11:50


Bragança é o sexto distrito com mais idosos identificados pela operação da GNR

No distrito de Bragança há mais idosos sozinhos ou isolados do que no ano passado. No âmbito da operação Censos Sénior 2021, a GNR identificou 3343 pessoas nesta situação no distrito, mais 58 do que em 2020. O responsável das Relações Públicas do Comando Distrital de Bragança da GNR, Hernâni Martins, refere que se trata de um aumento, mas apenas ligeiro, em linha com o crescimento a nível nacional. “Há um ligeiro aumento dos idosos sinalizados. Não é preocupante. É um número mais ou menos parecido ao dos anos anteriores”, afirmou. A operação Censos Sénior realiza-se desde 2011 e identifica a população idosa “que vive sozinha, isolada ou pessoas, que fruto de problemas de saúde, são também sinalizadas”. Orlando Graça, de 75 anos, entra para esta estatística já que mora sozinho numa aldeia do concelho de Bragança há quase 8 anos. Ainda é muito activo e trata da própria horta. Num dia de Outono é comum encontrá-lo à volta dos trabalhos agrícolas. Já as refeições, a limpeza da casa e o serviço de lavandaria são prestados pelo lar de Vila Boa de Ousilhão. Apesar de na aldeia sentir o apoio da população, já que “se houver um problema, vai logo o povo todo”, admite que tem algumas preocupações por viver sozinho. “Tenho medo de fechar a porta e ficar lá sem ninguém saber de mim, de não ser capaz de me levantar ou de cair para a fogueira”, conta. Não é só na operação Censos Sénior que a GNR passa na aldeia, mas em Outubro a visita é certa. “Ainda passaram aqui um dia destes, muito boas pessoas, perguntaram como estava”, conta. A visita dos militares da GNR deixa o idoso “bocado mais sossegado”. “Se acontecer alguma coisa e passarem por aqui ao mesmo tempo, podem ajudar logo”, afirma, recordando também alguns dos conselhos que lhe deixaram: “se vier um carro e não conhecer as pessoas dizem para ligar para a GNR e que não abrisse a porta a ninguém que não soubesse quem era”. Luísa da Conceição tem 87 anos e também mora sozinha há 9 anos. Tem 8 filhos, mas a maioria está fora, alguns emigrados. “Não vejo bem e já tenho muita idade”, conta. Em algumas alturas do ano fica em casa de um dos filhos emigrado na Suíça, já que é no meio da povoação. “Tenho algum receio, porque a minha casa é afastada da aldeia, agora até tenho estado aqui na casa do meu filho. Sempre há gente a passar, sempre há carros e é a aldeia, agora lá em cima estou sozinha, no meio de castanheiros”, conta. A mulher tenta seguir os conselhos da GNR, como “não abrir a porta a desconhecidos, e ir à janela para ver quem é”, e recorda que numa altura em que foi visitada por alguém que lhe pediu a carta da conta luz, seguiu a sugestão e acredita que evitou uma burla. A idosa conta ainda que numa dessas passagens da GNR pela aldeia foi mesmo salva pelos elementos da Guarda. “Andava a tomar uns comprimidos que me faziam mal e caía em qualquer lado, desmaiava. A GNR veio e a minha sorte é que deixei a porta aberta. Chamaram, como sentiram respirar assim aflita ela entrou. Foi a minha sorte, chamaram logo a ambulância. Foram eles que me salvaram”, afirma.

Números aumentaram nos últimos dois anos

2021 foi o segundo ano com mais idosos sinalizados, depois de 2018, quando a GNR tinha identificado 3385 seniores sozinhos ou isolados. Este ano, Vila Real foi o distrito com mais idosos sinalizados, num total de 5191, e Bragança foi o sexto. O agravamento de algumas fragilidades das pessoas neste contexto devido à pandemia foi uma das preocupações dos militares da GNR no decorrer desta operação. “No âmbito do policiamento também tentámos perceber se os idosos já foram vacinados. Pode haver ainda alguma situação em que seja necessário encaminhar para as autoridades de saúde. Também tentámos perceber o que é que neste ano mudou. Procurou- -se, em 2020 e agora em 2021, perceber a situação dos idosos e as eventuais necessidades acrescidas”, sublinha, referindo que a Guarda procurou solução para essas situações. Em 2021, a identificação de cuidadores de idosos foi uma novidade na operação que se realiza desde 2011. “Este ano, surgiu aqui uma nova ferramenta, o estatuto do cuidador informal, e nós também procuramos divulgar esse estatuto a pessoas que vivem com os idosos ou a contactos que tenhamos, para que também termos esse registo de pessoas que se abrangem nesse estatuto para que consigamos contactá-las caso necessário”, afirmou. A nível nacional, a GNR identificou quase 44500 idosos que vivem s o z i n h o s , isolados ou em situação de vulnerabilidade, na acção de patrulhamento e sensibilização à população mais idosa designada Censos Sénior, que decorreu ao longo do mês de Outubro.

Jornalista: 
Olga Telo Cordeiro