Faurecia volta a dispensar trabalhadores

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Ter, 04/05/2021 - 10:08


Assinalado no último no sábado, o Dia Internacional do Trabalhador, em Bragança, foi marcado pela iminência de mais rescisões de contrato na multinacional francesa, instalada na capital de distrito, a Faurecia

A empresa já havia esclarecido, em comunicado, que a quebra de encomendas estaria a obrigar a iniciar contactos com os colaboradores para chegar a mútuos acordos e assim ajustar a capacidade de produção à actual realidade. Também foi assumido que, fruto da crise pandémica e suas repercussões no tecido económico-empresarial, a Faurecia, enfrentaria uma diminuição muito acentuada das suas vendas, causada pelas baixas de encomendas dos clientes. A Faurecia assumiu, ainda, que apesar de tudo, recorreu às medidas de apoio disponibilizadas pelo Governo, de forma a assegurar a sua viabilidade e preservar os postos de trabalho. Confrontado com esta questão, Eduardo Alves, coordenador da União dos Sindicatos de Bragança, afirmou que “até fizeram um vídeo a dizer aos funcionários se queriam ir embora e que podiam chegar a acordo”. Ainda assim garantiu que “ninguém está a aceitar de bom grado” o que foi posto em cima da mesa. Lamentando que os mais velhos sejam os que estão a ser “mais empurrados para ir embora”, Eduardo Alves assegurou, ainda assim, que, na empresa, “têm havido muitas reivindicações” e uma “força que nunca foi vista”, e, fruto do descontentamento, “tem havido uma grande expansão de sócios, sindicatos e delegados”. A Faurecia, que, até há bem pouco tempo, dava emprego a mais de mil pessoas, também dispensou trabalhadores dos quadros em Janeiro. O coordenador da União dos Sindicatos de Bragança confirmou esta baixa de vendas anunciada e lamenta que se esteja novamente a recorrer ao mesmo processo de há três meses. “Desta vez dizem que não têm nem receitas nem encomendas. Informaram-me que, pelo menos, pararia a linha da Jaguar e que não irão ter turnos à noite a trabalhar”, explicou, assinalando que “neste momento, é um grande problema já que se está a falar da empresa que mais lucros gera no distrito e mais trabalhadores emprega”. Eduardo Alves reportou- -se também à realidade que tem assolado a região, já que muitos trabalhadores, não só da Faurecia, tem vindo a ser despedidos, por causa dos problemas económicos em que mergulharam, sobretudo, o comércio e a restauração. “Temos tentando dar a maior força que podemos às pessoas que, neste momento, lutam pelo emprego. Temos sido procurados por várias delegações e os trabalhadores tem vindo até nós a pedir ajuda. O hotel que aqui (Bragança) fechou despediu seis ou sete funcionários ou sete funcionários e o sector do comércio também não está bem”. Em Bragança, as vozes de protesto e o assinalar da data decorreu, durante a tarde, no Largo dos Correios.

Jornalista: 
Carina Alves