Fernando Pimenta e Joana Vasconcelos em seminário do IPB

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Qua, 27/05/2020 - 11:36


Os canoístas Fernando Pimenta e Joana Vasconcelos, ambos do S.L. Benfica, foram os convidados do primeiro Seminário de Canoagem dos alunos do curso de desporto do Instituto Politécnico e Bragança (IPB).

Na conferência online, realizada esta terça-feira, os dois atletas olímpicos partilharam a sua experiência, as conquistas e a forma como encararam o adiamento dos Jogos Olímpicos devido à pandemia da Covid-19.

Fernando Pimenta, que conta com 97 medalhas internacionais no seu palmarés, não esconde que a fase da quarentena “foi dura”, especialmente no início “devido à indecisão em relação aos Jogos Olímpicos”.

Ainda assim, Pimenta considera que “o facto de ter estatuto de atleta de alta competição” permitiu-lhe continuar a treinar sem frequentar espaços públicos e fechados.

O tricampeão da Europa e campeão mundial nos olímpicos K1 1000 metros já tinha apuramento para Tóquio garantido ao contrário de Joana Vasconcelos que se preparava para o apuramento.

A canoísta viu, assim, adiados dois objectivos, a participação na prova olímpica e ser mãe. “Confesso que no início não foi fácil pois já tinha as coisas programadas. Tinha o apuramento para os Jogos Olímpicos e não aconteceu. Em termos pessoais iria tentar ser mãe após os jogos. Foi um adiar de um sonho. Mas, temos que olhar em frente para concretizar os nossos objectivos. Temos que pensar que esta foi uma boa oportunidade para melhorarmos”, disse.

A preparação, tanto de Joana Vasconcelos como de Fernando Pimenta, é diária. Há um trabalho árduo e exigente, que a maioria das pessoas desconhece. Joana Vasconcelos não esconde que falta reconhecimento e apoios se compararmos com outros países.  

“Já fui a vários países e a Hungria é dos meus preferidos pela importância que dão à canoagem. Vou dar um exemplo, lá, na Hungria, os atletas são conhecidos e nas paragens de autocarros até há cartazes com os atletas. Não digo que em Portugal isso tem que ser feito, mas atletas como o Pimenta e o Emanuel Silva mereciam ter mais relevo e apoios. No nosso país ainda se olha muito para o futebol”, referiu a canoísta.

O mesmo sentimento é partilhado por Fernando Pimenta, lembrando todo o trabalho realizado pelos atletas portugueses.  “Não somos atletas só do ano de Jogos Olímpicos. Para lá chegar passamos por um processo longo e doloroso. A maioria das pessoas não tem noção do nosso esforço”, atirou o atleta natural de Ponte de Lima.

Pimenta reclama mais apoios aos atletas, à canoagem e à própria federação da modalidade. “Quando não há apoios para os atletas não há apoio para a federação, é mesmo assim. Eu olho para outras federações em Portugal e vejo atletas que recebem uma quantia X por cada dia de estágio, resultados e prémios de motivação. Quanto a nós recebemos zero. Mas, a nossa federação não pode fazer muito porque já vive no limite. O nosso Governo tem que começar a incentivar os privados a apoiar as modalidades e as federações”.

Fernando Pimenta representa o S.L. Benfica desde 2018 e no seminário recordou o primeiro título nacional conseguido em 2004 e a primeira participação internacional, em 2005, e a consequente conquista de medalhas.

Quanto a Joana Vasconcelos chegou ao Benfica em 2010, tendo iniciado a carreira em 2005. A atleta lembrou a primeira chamada à Selecção Nacional em 2008 e a primeira medalha, ainda em juniores, em 2009 no mundial. “A sensação de ir ao pódio e ouvir o hino nacional foi arrepiante”, lembrou.

Os dois canoístas estão em estágio no Alentejo, em Avis, até ao final de Maio. Os atletas prepararam-se para os Jogos Olímpicos de Tóquio, no Japão, em 2021, depois de terem sido adiados devido à pandemia Covid-19.